Ao contrário do que as aparências podem indicar, Champagne e espumante não são dois termos diferentes para a mesma bebida. O Champagne tem esse nome por ser considerado uma DOC (Denominação de Origem Controlada), o que significa que sua nomeação está atrelada, por lei, à região de produção. Já os espumantes, categoria da qual o Champagne faz parte, podem ser produzidos em qualquer lugar do mundo e ter outras denominações específicas, dependendo do país de produção.
No Brasil, a produção de espumantes já está bem estabelecida: o Concurso do Espumante Brasileiro, organizado pela Associação Brasileira de Enologia (ABE) , está na sua 13ª edição, com inscrições abertas durante este mês de agosto. A ABE informa que espera passar a marca dos 3.000 rótulos de espumantes nacionais concorrendo neste ano, o que mostra a boa aceitação deste tipo de bebida entre o público brasileiro. Na última edição do concurso, 93 vinícolas participaram, a maioria do estado do Rio Grande do Sul. A expectativa da ABE é de que mais vinícolas de fora deste estado inscrevam produtos e adquiram visibilidade.
Ainda segundo a ABE, esses números mostram o contínuo crescimento da produção e evolução qualitativa da bebida no Brasil. Aqui, vinícolas de várias localidades produzem vinhos borbulhantes a partir de métodos característicos da produção de espumantes. Já a província histórica de Champagne, no Nordeste da França, é a única região legalmente autorizada a produzir e vender espumantes que podem ser rotulados como Champagne.
As vinícolas dessa região seguem um rigoroso conjunto de regulamentos para produzir as bebidas e observam um método tradicional característico. O resultado é um vinho borbulhante que se enquadra na categoria dos espumantes, mas tem várias características particulares não encontradas nos espumantes produzidos em outras regiões do mundo, como o Prosecco (Itália), Cava (Espanha) e Sekt (Alemanha).
Para além da região de origem
Há outros fatores que diferenciam o Champagne dos demais espumantes, além do fato de ser produzido em uma região específica da França. A Moët & Chandon é um conhecido exemplo de produtora da região de Champagne, cujos vinhos apresentam também as várias outras características de um tradicional Champagne. “São vinhos que geralmente passam por um tempo maior de envelhecimento antes de chegarem ao mercado, o que resulta em sabores mais complexos, com notas minerais e tostadas”, explica Danilo Bianculli, sócio-fundador da Elite Vinho. O tempo de envelhecimento dos espumantes, por sua vez, não é regulado e varia de acordo com a vinícola.
Outra característica distinta dos Champagnes são as uvas utilizadas na produção: predominam as cepas Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier. Já os demais espumantes podem ser feitos com uma variedade mais ampla de uvas. É o caso dos vinhos produzidos pela Chandon, outro conhecido exemplo de produtora originalmente francesa, mas que não usa a denominação da região de Champagne. Justamente devido a essa amplitude, o perfil de sabor dos Chandon e outros espumantes tende a ser mais variado, “influenciado pelo terroir e pelas uvas utilizadas”, explica Bianculli.
Há ainda a questão do método de produção. Os espumantes podem ser produzidos através de várias maneiras diferentes, enquanto o Champagne precisa passar pelo já mencionado tradicional. Este modelo se caracteriza, principalmente, pelo processo de fermentação secundária na garrafa. A maioria dos espumantes passa por duas fermentações, e é na segunda que o gás CO2 (que torna a bebida borbulhante) será incorporado à bebida.
Existem vários métodos de produção de espumantes, cada um gerando perfis de sabor únicos. O método Charmat, por exemplo, usado na produção do Prosecco, ocorre em tanques de aço inoxidável, resultando em bebidas mais leves e frescas. O nome Champagne conquistou uma posição privilegiada no mercado, tornando-se sinônimo de luxo e celebração, mas há diversos outros espumantes no leque de sabores disponíveis.
“Espumantes de outros países oferecem uma grande variedade de estilos, muitas vezes a preços mais acessíveis”, aconselha Bianculli. Para ele, é essencial não subestimar a diversidade e qualidade dos espumantes ao redor do mundo. “Independentemente da origem, o que é mais importante é o cuidado, a paixão e a habilidade do produtor em criar vinhos borbulhantes que refletem seu terroir e sua visão”, completa o especialista.
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