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Cinco dicas para ser bem-sucedido em ‘inovação aberta’

A ‘inovação aberta’ é um conceito que defende um fluxo de ideias externas e internas num processo colaborativo. Ao contrário de empresas tradicionais, que investem em grandes talentos, mas ficam reféns da própria capacidade intelectual e financeira para tocar seus projetos, nesse modelo de inovação a fronteira entre uma empresa e seu ambiente é bem mais porosa. De acordo com um dos principais teóricos no assunto, Henry Chesbrough, tanto é possível comercializar ideias e soluções produzidas internamente, como também é viável trazer ideias externas para serem produzidas internamente por meio de determinados tipos de acordo.

“Muitos projetos de pesquisa para empresas modernas são baseados em um tipo de lógica centralizada internamente que não é mais adequada para o atual cenário empresarial globalizado. No passado, o alto custo significava que somente poucas e grandes corporações poderiam assumir a maioria dos pedidos de P&D em seu setor específico, deixando de fora empresas menores”, diz Chesbrough.

Pesquisa apresentada pela Ernst & Young com 500 executivos norte-americanos mostra que, para aumentar a inovação, 44% dos líderes entrevistados revelaram que dão incentivos para realizações inovadoras, 43% apoiam workshops ou treinamentos externos e 42% oferecem uma atividade focada em inovação ou eventos como hackathons. Segundo Chesbrough, essas novas dinâmicas estão redefinindo como as pessoas trabalham, se relacionam, se comunicam e aprendem. Com isso, grandes e tradicionais marcas estão se tornando mais abertas a disruptores que desafiam seus produtos, serviços e modelos de negócios.

De acordo com Rodrigo Miranda, especialista em inovação e diretor de operações da G.A.C. Brasil, o ritmo da inovação aberta é muito mais veloz do que os modelos de inovação fechados e deve, no mínimo, influenciar mudanças nesse sentido. Portanto, sinergia é fundamental para um país que ainda tem muito a investir em inovação. “É possível combinar esforços conjuntos de iniciativas internas e externas – portanto, terceirizadas – durante o processo de desenvolvimento de produtos e serviços. O importante é permitir que o conhecimento de valor possa fluir para criar oportunidades de cooperação entre parceiros, clientes e fornecedores”.

Segundo o consultor, um estágio de maior cooperação pode ser atingido abrindo canais de comunicação com clientes e fornecedores, investindo em uma base global de geração de conhecimento, fazendo parcerias com startups, universidades, investidores, aceleradoras e incubadoras. Todos eles se combinam para criar um ecossistema de inovação. Mas é preciso estar atento e não perder o foco. A seguir, Miranda compartilha cinco insights para quem quer ser bem-sucedido em inovação aberta:

  1. Conhecer bem o ecossistema interno de inovação. “Uma boa estratégia é conhecer profundamente o ecossistema interno de inovação – o que implica em saber exatamente com quais recursos a empresa conta, sejam eles intelectuais, organizacionais ou financeiros – e conseguir filtrar do ambiente externo aquilo que permitirá, através de parcerias colaborativas ou contratos, chegar a uma solução comercial”.
  2. Fazer parcerias com universidades. “O potencial acadêmico nacional ainda é bem pouco aproveitado pela iniciativa privada. Embora grandes invenções tenham surgido de parcerias entre a indústria e a universidade, como carros e telefones, no Brasil ainda são poucas as empresas de capital fechado que estabelecem contratos de cooperação com instituições de ensino e pesquisa – o que é uma falha. Afinal, uma única e brilhante ideia pode inserir a empresa no mapa da economia global”.
  3. Estabelecer acordos com startups. “Não dá para desconsiderar que as startups têm o poder de fazer acontecer. Afinal, geralmente reúnem gente jovem e cheia de ideias, são enxutas e simplificadas em termos estruturais. Grandes empresas, por sua vez, trazem o peso da consolidação. Ou seja, nada deve ser feito rapidamente, já que são muitos os componentes envolvidos em aprovação e produção – sem contar que há certa resistência à tomada de riscos. Sendo assim, muitas empresas tradicionais têm destacado um departamento de inovação que estabelece parcerias com startups para codesenvolver projetos e testar ideias”.
  4. Recrutar mentes inovadoras. “Uma importante parcela da responsabilidade na formação de um time inovador vem do RH (recursos humanos). Quando a empresa tem objetivos claros, é preciso se cercar de todas as garantias possíveis para concretizá-los, e isso não se limita a recrutar apenas profissionais que tenham ideias inovadoras, mas, também, perfis motivados a fazer com que a inovação seja desenvolvida, pessoas que agreguem valor à organização e sejam propagadoras da cultura de inovação. De todo modo, tem valor contar com profissionais de mente aberta, pessoas com boa bagagem cultural e que estão sempre dispostas a trocar ideias. Ao contrário, quando se tem uma equipe que julga já saber tudo, que é avessa a mudanças, que não está disposta a assumir riscos, nem se abrir para a cooperação, isso se transforma num importante bloqueador de qualquer processo de inovação”.
  5. Conhecer e participar de programas de fomento à inovação. “Não é à toa que grandes empresas têm criado departamentos especificamente voltados à inovação, integrados às atividades e necessidades das demais áreas da empresa, com a missão de manter um olho no futuro e outro nas oportunidades à sua volta. Mas isso não quer dizer que, mesmo sem um departamento específico, uma equipe não possa estar atenta a tudo o que possa ajudar no processo de P,D&I. Nesse sentido, é importante conhecer e buscar sempre atualizações em relação à Lei do Bem (Lei 11.196/05), Lei da Informática (Lei 13.969/19), Rota 2030 (Lei nº 13.755/2018), e aos editais das diversas agências nacionais e regionais de fomento, como Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), Fundep (Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa), e Banco do Nordeste”.

 

Fonte: Rodrigo Miranda, especialista em inovação e diretor de operações da G.A.C. Brasil.

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