O jornalista Merval Pereira, de 72 anos, foi eleito presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL) na quinta-feira, 2. Diante desse fato envolvendo o meio literário, o colunista Thiago Amparo, da Folha de S. Paulo, colocou em xeque a competência do colega de imprensa para o posto.
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“Qual o mérito literário de Merval Pereira, o novo presidente da ABL, se comparado ao de Conceição Evaristo, Itamar Vieira Júnior, Daniel Munduruku, Eliane Cruz, Emicida, Carlos de Assumpção, Sueli Carneiro, e etc?”, perguntou Amparo em seu perfil no Twitter. “Não é sobre diversidade; é mérito”, complementou.
Advogado, professor de Direito e doutor pela Central European University, de Budapeste (Hungria), a atuação de Thiago Amparado no jornalismo se dá por meio da Folha de S. Paulo. Além de escrever semanalmente sobre direitos humanos e política, tornou-se em outubro integrante do conselho editorial do jornal.
Não deveríamos dar a importância que a ABL não tem
Amparo não foi, contudo, o único profissional da mídia a questionar a presença de Merval Pereira como presidente eleito da ABL. Coordenador do núcleo investigativo do UOL Notícias, Flávio VM Costa foi, inclusive, mais enfático e crítico. “É um clube, não tem nada a ver com mérito literário. E não deveríamos dar a importância que a ABL não tem”, afirmou.
É um clube, não tem nada a ver com mérito literário. E não deveríamos dar a importância que a ABL não tem.
— Flávio VM Costa (@flaviovmcosta) December 3, 2021
Merval Pereira na ABL
O mais novo presidente da ABL tornou-se um dos “imortais” em 2011, quando assumiu a cadeira 33 da entidade — que havia sido ocupada pelo médico e escritor Moacyr Scliar. Quando chegou à Academia Brasileira de Letras, o jornalista tinha apenas dois livros publicados. O primeiro, aliás, foi escrito em parceria com André Gustavo Stumpf — A segunda guerra: sucessão de Geisel (Brasiliense, 1979). O segundo foi composto por artigos publicados originalmente no jornal O Globo — O lulismo no poder (Record, 2010).
A trajetória de Merval na comunicação está diretamente ligada ao jornal O Globo, onde começou como estagiário na década de 1960, informa o G1. Ocupou cargos de chefia em veículos como Jornal do Brasil e Veja, mas voltou à publicação mantida pela família Marinho. Atualmente colunista, ele foi diretor de redação de O Globo por quase uma década (de 1994 a 2003). Além da parte escrita, participa como comentarista da CBN e da GloboNews.