“O Eumano Silva tem muita história para contar”. É o que garante um colega de trabalho ao se referir ao profissional que soma mais de 30 anos dedicados ao jornalismo. Com boa parte da experiência adquirida em títulos da mídia impressa, ele passa a ter um espaço virtual para contar histórias. Afinal, o jornalista acaba de estrear coluna online no Metrópoles.
A coluna online editada por Eumano Silva entrou no ar na segunda-feira, 27. Inicialmente, trouxe pautas que mostram, segundo o próprio jornalista, o objetivo central do projeto: trabalhar com exclusividade, sobretudo em temas relacionados aos bastidores do poder. O primeiro texto publicado afirmou que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deverá barrar a medida provisória sobre a escolha dos reitores de universidades públicas.
Eumano Silva salienta, contudo, que a sua coluna online no Metrópoles não ficará restrita a notas diárias sobre política. “Vez por outra, também terei informações mais históricas, principalmente, relacionadas à ditadura, assunto que pesquiso há muito tempo. Farei, ainda, comentários que ajudem na contextualização das notícias”, adianta o jornalista que é autor do livro A Morte do Diplomata: um mistério arquivado pela ditadura.
Mesmo com as atividades relacionadas à coluna online, Eumano Silva adianta: não abandonará a equipe de repórteres do Metrópoles. Aliás, destaca que nunca deixou a função de lado. Isso mesmo tendo exercido cargos de liderança em veículos como as revistas Época, IstoÉ e Veja Brasília e o site Congresso em Foco. Prova de seu empenho à reportagem está nas premiações conquistadas ao longo do tempo. Além de ter sido indicado ao Prêmio Comunique-se 2019 como ‘Repórter – Mídia Escrita’ e ‘Nacional – Mídia Escrita’, o jornalista tem um Jabuti de melhor livrorreportagem e um Esso regional de reportagem.
Sobre a continuação da atividade como repórter, a ideia de se lançar no colunismo online, os objetivos de seu novo trabalho para o Metrópoles e as relações com as fontes pautam a entrevista de Eumano Silva ao Portal Comunique-se.
Você é um jornalista com ampla experiência no impresso, com direito a premiações e cargos de liderança em revistas. O que o motivou a estrear uma coluna online sobre política?
Fui convidado pela diretora-executiva do Metrópoles, Lilian Tahan, para assumir a coluna de notas da editoria de Brasil. A motivação é praticar um jornalismo ágil e informativo, no espírito das boas colunas desse gênero. Não falta matéria-prima, pois vivemos tempos de grande efervescência no país e no mundo. Com a polarização política, fica maior o desafio de produzir informações para os diferentes perfis de leitores. Também me motiva saber que o jornalismo tem ferramentas para desfazer fake news. Esse é um serviço que nossa categoria tem o dever de prestar à sociedade, pois mentiras são capazes até de eleger presidentes da República. Outra coisa, com o crescimento do Metrópoles, atingimos um público maior a cada dia, o que aumenta muito a responsabilidade dos 200 jornalistas que trabalham atualmente no site.
A atualização da ‘Coluna do Eumano Silva’ no Metrópoles será diária? Neste início de trabalho, o que você já pode avaliar como de diferente para o colunismo impresso?
Será diária. Por enquanto, ainda não fixamos uma meta diária de notas. Mas certamente teremos notícia todos os dias. Ainda é cedo para entender todas as diferenças. Fui responsável por espaços parecidos em outros veículos, às vezes como editor, por exemplo, a coluna ‘Brasil Confidencial’, da revista Isto’é. Mas é a primeira vez que fico exclusivamente em função de uma coluna de notas. O fato de ser digital torna tudo mais rápido, eletrizante, mas essa adrenalina eu já tenho há algum tempo. Embora no ano passado eu tenha focado mais nas análises políticas e em reportagens especiais, em muitos momentos eu fiquei no dia a dia. Também trabalhei, em 2009, no site Congresso em Foco, produzido apenas na plataforma digital. Nesse meio tempo, nas revistas impressas onde estive, também tinha material digital.
O seu texto de estreia como colunista online informa que Rodrigo Maia deve barrar a Medida Provisória de Bolsonaro sobre escolha de reitores de universidades. Aparentemente, essa pauta ainda não saiu em nenhum outro veículo. Essa será a tônica do espaço: pautas exclusivas sobre os bastidores do poder?
Sim, penso que essa é uma nota bem no espírito da coluna. Antecipa uma disputa de Rodrigo Maia e do presidente Bolsonaro em torno da MP 914, assunto bem importante, principalmente, para universidades e institutos federais. Mas penso que a coluna deve ter um leque muito amplo de temas. Tudo, na verdade, tem relação com a política, mas pretendo também tratar de áreas como economia, direitos humanos, relações exteriores e meio ambiente. Vez por outra, também terei informações mais históricas, principalmente, relacionadas à ditadura, assunto que pesquiso há muito tempo. Farei, ainda, comentários que ajudem na contextualização das notícias. Tentarei usar tudo o que aprendi em 32 anos de profissão, tempo quase todo dedicado ao jornalismo político. Em resumo, “jornalismo, política e afins. Notícias, comentários e memória”, como diz o lema gravado no cabeçalho da coluna.
Para se manter uma coluna focada em informações da política é necessário cultivar boas fontes por Brasília. Como será no seu dia a dia de trabalho com a coluna online essa tarefa de criar — e manter — boas fontes?
O dia a dia será correr atrás de notícias em conversas, telefonemas, WhatsApp, redes sociais e onde mais eu possa encontrar novidades. Embora, para falar a verdade, eu goste mesmo é do olho no olho. Essa é a abordagem mais antiga e segura. Relações com fontes são, basicamente, relações de confiança. Ninguém passa informações para um repórter que não seja confiável. Ao jornalista, também, não interessam fontes que passem histórias que não resistam às necessárias checagens. O olho no olho ajuda a estabelecer as relações de confiança.
Apesar da estreia da coluna online, você seguirá como repórter do portal Metrópoles? Pela função, você foi duplamente indicado ao Prêmio Comunique-se 2019…
Tive a honra de ficar entre os repórteres indicados ao Prêmio Comunique-se 2019. Na verdade, em todas as funções que exerci, mesmo quando dirigi sucursais, sempre fui repórter. Acho que apuro notícias e histórias o tempo todo. A forma da publicação varia, mas tudo tem reportagem. Tanto as notas da coluna quanto nas matérias especiais. Minha intenção é continuar, sim, a fazer as reportagens. O Metrópoles estimula e valoriza as grandes produções e isso é gratificante para qualquer jornalista. Tenho em andamento, por exemplo, a quinta reportagem da série “Nada Consta”, sobre as vítimas do governo militar que foram mortas mesmo sem ter qualquer registro de participação em atos de violência.
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