Não é novidade que a mulher sempre teve dificuldades de inserção no mercado de trabalho. Dados e estatísticas comprovam o baixo percentual da representatividade feminina no meio profissional nos últimos anos, ainda que existam frequentes debates sobre a desigualdade de gênero. Na área da comunicação isso não é diferente: seja publicitária, jornalista, cineasta ou relações-públicas, elas ainda enfrentam adversidades na carreira.
No segundo semestre de 2016, uma pesquisa divulgada pelo Fórum Econômico Mundial apontou que, no ritmo atual, a equiparidade salarial entre os gêneros só será alcançada daqui a 169 anos, ou seja, em 2186. O documento analisou 144 países. Em 2013, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) constatou que apesar de o atual número de mulheres jornalistas ser superior ao de homens (64%), ainda são eles os responsáveis por ocuparem cargos de chefia dentro das redações do país. A organização norte-americana 3% Movement destaca que, até o movimento ser fundado, em 2012, apenas 3% dos diretores de criação nos Estados Unidos eram mulheres. Hoje, elas são 11%. Esse cenário se repete em outras áreas da comunicação e influencia a carreira dessas comunicadoras.
Diante de tais estatísticas, qual a real situação da mulher no mercado da comunicação? Como as profissionais devem encarar esse panorama? A Eu Sou Famecos entrou em contato com algumas personalidades femininas a fim de buscar depoimentos que descrevam essa realidade.
“Quando um profissional entra no mercado de trabalho, o que tem que valer é sua experiência e competência, não seu gênero”, declara Claudia Mainardi. A publicitária, que atualmente integra a equipe da Paim Comunicação, acredita que, apesar dos grandes avanços da mulher no mercado de trabalho, ainda existem aspectos a serem aprimorados na esfera da comunicação. Sobre as dificuldades encontradas na área, Claudia destaca que as mulheres não devem tentar reproduzir o modelo masculino de poder, mas criar o seu próprio.
Ela ainda fala sobre o cenário atual e o contexto social no qual a profissão está inserida. “Existe dificuldade onde você lida com ambiente totalmente masculino: o cliente é homem, o diretor é homem, o dono da agência é homem”, diz. Apesar dessa realidade, Claudia acredita que atualmente as mulheres têm se movimentado para criar nova dinâmica de mercado. “Hoje, a mulher representa cerca de 80% do poder de consumo e 60% nas redes sociais. Não faz sentido ela não ser representada na comunicação das marcas. Porém, vejo maior consciência que resulta em pressão de mudança que acontece de fora das empresas para dentro delas”, explica.
Sobre os movimentos atuais pela igualdade de gênero e o novo posicionamento feminino, Claudia afirma que têm suma importância para que haja mudança nas marcas e até mesmo na própria comunicação. “O fato de eu ser mulher faz com que eu consiga fazer essa ponte entre a mulher que quer propaganda que a represente e a entenda. A gente vê que elas se organizam e mostram a necessidade de serem respeitadas”. Ela acredita que, a partir de maior inserção feminina no mercado da comunicação, as estatísticas vão mudar como consequência disso.
Para a coordenadora do Correio do Povo, Luciamem Winck, a mulher tem conquistado cada vez mais o seu espaço dentro das redações. A profissional comenta que o mercado era bem mais difícil cerca de 30 anos atrás, quando iniciou no jornalismo. “A editoria de polícia era composta por 11 homens, eu disputei muito pela vaga. Hoje, acredito que há um pé de igualdade em quase todas as áreas, pois temos mulheres em muitas editorias. Minha equipe tem predominância feminina”, conta.
Questionada sobre esses avanços, ela costuma dar como exemplo sua própria carreira, que começou cedo. Com 21 anos, a jornalista já fazia plantão na madrugada. Posteriormente, assumiu a editoria de reportagem. “Eu acredito que se você tem amor pela profissão, as portas se abrem. É preciso ter coragem e competência. Hoje, eu ocupo cargo que, anos atrás, era ocupado por um homem. Eu não tenho sangue, tenho tinta de jornal na veia”, destaca.
Em resposta às reações negativas dos colegas quando recebeu seu primeiro Prêmio de Jornalismo, Luciamem contesta: “Não está escrito em nenhum lugar que mulher não pode ser jornalista”. Ela explica que foi à Santa Maria cobrir o assassinato de um policial militar sem avisar ninguém. “Eu ganhei por mérito e um colega me perguntou se eu tinha feito alguma coisa para conseguir. Conquistei meu lugar no grito. A mulher precisa se impor”, conta.
De acordo com Thaís Fernandes – atriz e cineasta -, nos sets de gravação e produções audiovisuais ainda é difícil o reconhecimento das profissionais nos cargos em que atuam. Ela afirma que, em posições que não têm ligação com a aparência, é mais complicado de adquirir respeito. Além disso, normalmente as pessoas relacionam ofícios de liderança a perfis masculinos. “Tem coisas que a gente nem percebe que se tratam de preconceito de gênero. Eu sou a única diretora no projeto que estou atualmente desenvolvendo, e as pessoas insistem em perguntar as coisas para o produtor. Tenho que dizer: não, eu sou a diretora”, exemplifica.
Parte dessa realidade, a profissional comenta qual a forma que costuma lidar com situações de desigualdade que ainda ocorrem no seu meio de atuação. “É importante não ficar quieta quando existe questão de preconceito. Nós temos que expor, mas também devemos mostrar trabalho”, declara.
Atualmente, ela desenvolve projeto sobre a temática da mulher, que a fez refletir sobre si mesma e também sobre o gênero no qual se identifica. Ela acredita que as mulheres devem buscar cada vez mais seu espaço no mercado e se mostrar pró-ativas. “Estamos falando bem mais sobre isso nesses últimos anos. É muito importante que as mulheres se sintam à vontade para começar processo de transformação”, afirma.
No âmbito das Relações Públicas, há grande representatividade feminina, pois a profissão é desempenhada, principalmente, por mulheres. Sócia-diretora da agência Interativa Conteúdos, Tatiana Meuser acredita que nos últimos anos ocorreram mudanças significativas em relação às desigualdades de gênero. “Em termos de discriminação há bem menos do que já foi”, declara. A profissional explica que, desde a época em que entrou no mercado de trabalho, aos 15 anos, as mulheres se desenvolveram muito.
“Fazendo uma leitura do passado, o papel da mulher cresceu bastante. Ela se posicionou e buscou um espaço”, comenta. Tatiana conta nunca ter sofrido nenhum tipo de preconceito de gênero, talvez por ter sempre muito claro que precisava se posicionar e saber impor suas ideias. Entretanto, relata ter visto casos em que outras colegas passaram por isso.
A comunicadora afirma que a desigualdade salarial ainda é problema. Tatiana explica que as mulheres precisam saber o valor do seu trabalho. “O homem ganha mais que a mulher porque ela ainda tem dificuldades em negociar salário”, diz. Para mudar esse cenário, a relações-públicas recomenda que as profissionais reconheçam suas competências e habilidades. “A mulher precisa acreditar no seu próprio potencial. Precisamos nos conhecer”, destaca.
*Amanda Caselli e Manoella Almeida. Integrante do projeto ‘Correspondente Universitário‘ do Portal Comunique-se e estudante de jornalismo na Faculdade de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Famecos/PUC-RS).
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