São Paulo 11/11/2020 –
O retorno às aulas presencial após um período de meses de isolamento social tem sido foco de debate, e não apenas aqui no Brasil, como no mundo todo. E as discussões vão da mais básica e crítica (reabrir ou não) a como organizar as escolas para receber os alunos de modo a minimizar riscos (caso a opção seja por reiniciar as aulas presenciais) e como reinserir as crianças, sobretudo as mais novas, no ambiente escolar após meses de isolamento. “As abordagens são as mais diversas. E o Brasil deve ter clareza em relação ao seu modelo, levando em consideração aspectos pedagógicos e, mesmo legais, já que a Constituição delimita os papéis dos entes federativos (União, Estados e Municípios) na Educação”, avalia Maria G. Drummond Gruppi, psicóloga, especialista em Primeira Infância, pelo COGEAE PUC SP e diretora do Ponto Omega- Berçário e Educação Infantil Bilíngue.
E as abordagens para a questão são as mais diversas. Na França, por exemplo, cujo retorno às aulas ocorreu dia 1º de setembro, professores e alunos acima de 11 anos estão sendo obrigados a usar máscaras, mas não há limitações, por exemplo, em relação ao número de alunos por sala ou ao distanciamento entre as crianças. Os ambientes e objetos mais tocados devem ser limpos e desinfectados pelo menos uma vez por dia.
Já na Itália, um dos países que mais sofreram com a pandemia, as aulas recomeçaram dia 14 de setembro para a maioria dos alunos. Tendo enfrentado um lockdown bastante rígido, o país impôs, no retorno às aulas, regras mais restritivas do que as dos vizinhos franceses. Por exemplo, a distância máxima entre os alunos é de um metro, o que significa, na prática, grupos menores de alunos por turma. Alunos são obrigados a usar máscaras e os professores, além de máscaras, face shields. O país também sugeriu que, nas situações em que for possível, as aulas sejam dadas em ambientes externos.
Na Alemanha, cujo retorno ocorreu em meados de agosto, após as férias de verão no hemisfério norte, o modelo adotado foi o de grupos maiores, de mais de cem alunos, nos quais os alunos têm contato entre si, considerando no entanto, que não há contato entre os grupos, chamados de “cohorts”, como descreve o serviço de notícias britânico BBC. As máscaras não são obrigatórias, mas os testes de Covid-19 são gratuitos para os professores.
Já no Reino Unido, o retorno às aulas ocorreu também em setembro, foi adotado um sistema de “bolhas” para as crianças menores (grupos com os quais têm de se manter a maior parte do tempo) e de distanciamento social para os mais velhos. Máscaras são de uso obrigatório nas áreas de convívio e o governo está encorajando as autoridades locais a oferecer serviço de transporte aos alunos, reduzindo, assim, a pressão sobre os serviços de transporte público.
“Todas essas políticas de retorno, vale lembrar, podem ser revistas caso uma segunda onda ganhe força, como as últimas notícias sugerem que pode ocorrer”, esclarece Maria, do Ponto Ômega.
Aqui no Brasil, a situação, por hora, segue indefinida. Estados (a quem cabe, segundo a Constituição, o ensino médio), municípios (responsáveis, constitucionalmente, pela educação infantil e pelo ensino fundamental) seguem sem uma definição clara sobre a questão.
“O Brasil não é o único país que discutiu ou está discutindo a questão. Esse é um tema mundial. Mas os efeitos dessa pandemia sem precedentes devem ir muito além da dos sintomas da Covid-19, em si”, finaliza a diretora do Ponto Ômega.
Website: http://pontoomegacci.com.br/
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