Um artigo publicado na última quinta-feira, 23, na Columbia Journalism Review apresenta uma proposta de metodologia para ajudar a combater as fake news compartilhadas no WhatsApp.
O texto é de autoria de Himanshu Gupta, Head of Growth na Thumbworks Technologies, e Harsh Taneja, Professor Assistente da Universidade de Illinois Urbana-Champaign
De acordo com a dupla, apesar de os executivos da plataforma alegarem que a criptografia de ponta a ponta os impede de identificar conteúdos falsos e sua origem, é possível resolver o problema sem que haja quebra deste mecanismo de privacidade.
Se, por um lado, o WhatsApp não consegue ler o conteúdo das mensagens trocadas pelos seus usuários, os autores do artigo acreditam que existam indícios suficientes para identificar que a plataforma lê e armazena microdados de tudo que enviado pelo aplicativo. Esta crença vem do fato de o WhatsApp reter arquivos populares em seus revidores para poder proporcionar downloads mais rápidos e uma experiência mais agradável para o usuário. Ou seja, isso leva a crer que o app consegue, sim, identificar individualmente cada arquivo enviado.
Além disso, Gupta e Taneja também acreditam que o armazenamento de metadados nos servidores aconteça não apenas com aquivos, mas também com mensagens de texto. Em um experimento beta feito em 2017, a plataforma conseguia identificar se uma determinada mensagem havia sido compartilhada muitas vezes.
Mesmo sem saber o teor das mensagens, o aplicativo armazena dados de envio, como data e horário. O que leva a crer que potencialmente também possa identificar o usuário da origem da propagação de fake news. Desta forma, não seria impossível armazenar também a informação de que um determinado vídeo, imagem, áudio ou texto foram classificados como falsos.
Para que o conteúdo seja identificado como falso, a dupla sugere que a própria comunidade de usuários do app possa intervir. Assim, quando alguém suspeitar de algum conteúdo, poderá submeter para análise de moderadores do Whatsapp que, por sua vez, poderiam classificar as menagens como “fake” ou verdadeiras. Algo parecido com o que já é feito em iniciativas e parcerias de apuração de informação feitas pelo Facebook.
Feito isso, a plataforma poderia escolher se apenas deixaria um alerta de que aquele conteúdo não é verdadeiro ou se tomaria providências com o autor da mensagem original.
Os autores do artigo adiantam que, dado o volume de informações trocadas diariamente no WhatsApp, seria necessário criar metodologia de priorização na apuração para que ela fosse feita em uma escala humanamente possível.
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Por Flávio Moreira, jornalista. Texto publicado originalmente pelo autor no LinkedIn.
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