Um recente trabalho da Aberje realizado em parceria com a Ação Integrada e a SocialBase indicou que 44% da comunicação interna de uma empresa ainda são de responsabilidade do Recursos Humanos. Logo atrás, com 37%, ficaram as empresas com um setor dedicado exclusivamente ao trabalho de Comunicação.
Essa diferença não é necessariamente algo negativo, tendo em vista que diferentes empresas têm realidades distintas. Mas todo o conhecimento e especialidade dos profissionais de comunicação podem direcionar a mensagem de maneira imparcial, efetiva e alinhada aos diferentes perfis da própria empresa.
Foi com base nessa ideia que conversei com o gerente de comunicação da multinacional Air Liquide, Roger Spalding. Ele trouxe insights valiosos para entender como funciona o trabalho integrado entre a sua área e os departamentos de segurança e de RH. A conversa completa, em áudio, está no final do post.
A Air Liquide é uma empresa que produz gás para indústria de diversos setores da sociedade. Consequentemente, pode-se imaginar que a sua rotina corporativa envolve diferentes perfis profissionais, com múltiplas especializações, e com rotinas diversificadas.
Então, é desnecessário destacar a importância de um setor de Comunicação Interna. Pois é importante que a mensagem certa alcance o público pelo melhor meio e da maneira mais clara e eficiente possível.
Falando especificamente da área de segurança de uma empresa, que compreende diversas atividades específicas e riscos associados, a expertise de profissionais de comunicação é bem relevante.
O setor de RH, então, pode ter um conhecimento amplo sobre os profissionais em si, mas a equipe não tem uma visão estratégica de comunicação e, sim, de Recursos Humanos. O que não diminui a importância de cada departamento — apenas reforça o quanto um trabalho coletivo é melhor aproveitado.
Roger Spalding conta que a área de segurança da Air Liquide “ensina bastante aos outros departamentos porque tem muita informação técnica e expõe as suas necessidades. E isso é algo para o qual a integração de áreas contribui positivamente. Afinal, é um meio a mais para interpretar o funcionário e o ambiente onde ele trabalha”.
Quer dizer que, com isso, a área de comunicação aprende a conhecer os profissionais para levar as informações do melhor jeito, com as melhores ferramentas e do melhor meio para aquela audiência absorver a essência da mensagem.
Bom exemplo que Roger Spalding utilizou tem a ver com os perfis variados da área, misturada em um caldeirão de engenheiros e técnicos de segurança no trabalho, entre outros. Formações diferentes, com formas de pensar também distintas, e que a área de comunicação age como uma consultoria nesse contexto.
“Essa triangulação passa pelo processo de entender as necessidades e combinar com a expertise de comunicação para aplicá-la no campo — para os colaboradores — de maneira clara e fácil de ser absorvida e praticada”, complementa. “A comunicação serve como um tempero para impactar assertivamente sobre a relevância daquela mensagem”.
Cada setor contribui de uma maneira. É um benefício composto, já que reúne os melhores conhecimentos de cada um. E isso pode trazer eficácia e agilidade na conclusão da tarefa.
Roger Spalding também ressalta que o processo ganha em dinamismo porque, diferentemente de uma agência, que necessita de briefings para conhecer o público-alvo do cliente e dialogar com as suas necessidades, a comunicação interna à frente desse tipo de material não precisa disso.
Dentro da empresa, você passa a conhecer a audiência, o setor e sabe o que ele está pedindo. Além disso, você aprende a entender o que ele quer e do que precisa. Com autonomia e liberdade para agir como efetivos consultores — algo que se constroi com boa relação e confiança —, os profissionais de comunicação podem sugerir alternativas para ajudar tanto o RH quanto o setor de segurança.
É, então, uma ferramenta de grande impacto e relevância quando inserida corretamente na realidade e características de cada empresa.
A conversa com Gabriela Onofre foi tema da 225ª edição do Podcast-se, que foi ao ar em junho de 2020 — e que você ouve abaixo.
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