De acordo com o relatório Transactional Track Record de novembro deste ano, o número de transações de fusões e aquisições (M&A) realizadas no Brasil em 2022 foi reduzido 17% em relação ao ano passado, registrando um total de 2.006 transações e movimentando mais de R$ 200 bilhões.
Os Estados Unidos foi o principal país escolhido para os investimentos das empresas brasileiras, resultando em 49 transações e atingindo mais de R$ 7,2 bilhões. Em contrapartida, o país norte-americano diminuiu suas compras de empresas do Brasil em 16%, em relação ao mesmo período do ano passado, entretanto, os Estados Unidos e o Reino Unido ainda são os países que mais investem no Brasil, sendo 194 e 40 aquisições, respectivamente.
Apesar do número menor, essas operações se mantiveram como opção estratégica para muitas organizações crescerem durante a crise. Companhias bem posicionadas se valeram das oportunidades para adquirir concorrentes menores ou com serviços complementares.
Nestor Casado, CEO da Capital Invest – M&A Advisors, boutique de M&A que presta serviço de assessoramento financeiro em fusões e aquisições, ressalta que diversas organizações vêm utilizando esse caminho – de compras de empresas já em funcionamento -, para ampliar sua participação de mercado e portfólio de soluções.
Ainda segundo o relatório TTR, a liderança das transações de M&A ficou com o setor de tecnologia, especificamente no segmento de Software e Serviços de TI. Foram 413 operações de M&A realizadas até novembro, redução de 27% comparado a 2021. Em seguida vem o segmento de Software Específico para Indústria, que respondeu por 293 transações.
Segundo o CEO da Capital Invest, enquanto algumas empresas acabaram se deparando com dificuldades financeiras durante a crise, outras se destacaram e mantiveram um bom crescimento.
Contudo, o especialista observa que antes de ir às compras é necessário tomar certos cuidados. Dentre os passos necessários está a reflexão sobre as reais motivações para comprar outra empresa e como essas se alinham ao objetivo estratégico da organização que pretende fazer a aquisição.
“Outro passo importante é avaliar as sinergias entre a companhia a ser adquirida e o seu negócio”, pontua Casado. “Essa avaliação deve englobar uma análise sobre o potencial de crescimento do negócio, quais aspectos de diversificação essa compra proporcionará, entre outras questões”.
A pesquisa de mercado – processo que considera as diversas opções de empresas com o perfil desejado disponíveis no mercado – é fundamental para que a compra de uma empresa seja realizada da melhor maneira, do ponto de vista da estratégia do negócio, minimizando os riscos de uma seleção de empresa-alvo equivocada, além de ampliar as oportunidades reais de expansão das operações.
Na avaliação do CEO da Capital Invest, o segmento de tecnologia deve continuar entre os líderes das operações de M&A. Isso porque mesmo as empresas dos segmentos mais tradicionais precisam acelerar sua digitalização, o que foi amplamente visto no cenário pós-pandemia.
A análise de Casado também se comprova no mencionado relatório da TTR, sendo que o segmento Tecnologia segue como o mais movimentado do ano, em tendência que se mantém desde 2014, “Nesse sentido, mantêm-se no radar de investimento companhias com foco em outsourcing, serviços em nuvem, ERP, e-commerce e marketplaces”, finaliza.
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