Apesar do grande crescimento na última década, o mercado de comunicação corporativa ainda engatinha no Brasil. Ao todo, de acordo com dados do Anuário de Comunicação Corporativa da Mega Brasil, somos cerca 1000 empresas do segmento, de diferentes portes, que faturam, juntas, cerca de R$ 2,2 bilhões ao ano. A cifra, analisada isoladamente ou comparada aos R$ 500 milhões registrados em 2001, surpreende. No entanto, quando divididos pela estimativa de empresas existentes ou comparada com as receitas de grandes companhias de outras segmentos, os números revelam um mercado ainda pequeno e, predominantemente, formado por micro empresas.
Atualmente, temos cerca de 10 grandes players no mercado nacional. Se compararmos os faturamentos, a líder do setor fatura seis vezes mais que a décima empresa (R$ 210 milhões e R$ 35 milhões, respectivamente), o que mostra a grande pulverização deste mercado. O que pode, a primeira vista, ser um problema, na verdade, revela uma grande oportunidade.
Cada vez mais, a área de comunicação corporativa torna-se estratégica, tanto para comunicação com o público interno, como para com o público externo, sejam clientes,prospects ou parceiros. Com a proliferação de meios e plataformas de comunicação, contar com o apoio e suporte de um profissional da área pode fazer toda a diferença para uma comunicação eficaz.
Assim como todos os outros setores da economia, o segmento de comunicação corporativa precisa ser compreendido como negócio. Entramos recentemente na rota das grandes agências internacionais e algumas das nossas empresas já foram alvo de estratégias de M&A. E a consolidação e a formação de novos grandes players é essencial.
Porém, para tornarmos o nosso setor cada vez mais forte, precisamos ajudar as micro e pequenas empresas a se profissionalizarem, com melhor gestão, aumento de receita e qualidade dos serviços prestados.
Fazendo uma superficial analogia com o setor varejista, se pegarmos a pesquisa de comércio varejista (PAC) do IBGE, veremos que, em 2014, o setor reunia cerca de 1,6 milhão de empresas de comércio, com faturamento de R$ 3 trilhões. Somente as 50 maiores redes, no mesmo período, respondiam por R$ 424 bilhões de faturamento. Ou seja, mesmo no varejista, os pequenos estabelecimentos são essenciais para o fortalecimento do setor.
Muitas das agências ainda são formadas por um único jornalista, que inicia a sua trajetória “solo” ou por ser desligado de uma empresa de comunicação ou por querer trabalhar por “job” ou freela, como é comum neste segmento.
Há inúmeros casos de sucesso em iniciativas como esta. No entanto, além delas, o mercado de comunicação corporativa precisa agregar empreendedores e investidores de outras áreas que possam ajudar a profissionalizar ainda mais o setor. Assim como um engenheiro pode trazer processos para uma empresa de varejo, é possível e necessário agregar processos a uma empresa de comunicação corporativa.
O surgimento da primeira franquia de agência de comunicação é mais um passo neste caminho. Fazendo uma nova comparação com o comércio varejista, há inúmeros casos de sucessos de franquias de venda produtos. Por meio delas, muitos empreendedores concretizam a meta de ter o próprio negócio, já contando com suporte e processos previamente definidos. Nem todos eles eram, ou são, vendedores natos. E, mesmo assim, o índice de mortalidade de franquias esta em torno de 6%. Claro que nem tudo é festa e ter uma visão de todas as turbulências que podem acontecer é condição sine qua non para evitar frustrações.
Para ter uma agência e construir uma empresa, é preciso muito mais que um jornalista super talentoso e bem relacionado. É preciso gostar de cálculos, conhecer processos, liderar equipe, gerenciar conflitos, definir estratégias e saber, acima de tudo, que, sem fluxo de caixa, nenhuma empresa sobrevive.
Ao enxergarmos a comunicação como negócio, podemos vislumbrar um setor ainda novo com um potencial gigantesco para a criação de milhares de empresas sólidas, profissionais e altamente eficazes. O desafio? O desafio é atrair profissionais bons para ajudar a desenvolver este mercado.
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Fernanda Pancheri. Fundadora da Note! Comunicação e da Note Franchising, primeira rede de franquia de comunicação corporativa do País. Jornalista pós-graduada em Jornalismo Econômico pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), trabalha na área desde 1998, quando iniciou a carreira profissional como repórter de finanças e economia.
Ao fundar a Note!, em 2004, teve como objetivo trazer para o mercado de comunicação corporativa a disciplina e a busca pela excelência em atendimento ao cliente e assistência aos colegas jornalistas de redação. Como resultado, nos últimos 10 anos, já atendeu mais de 70 clientes, de diferentes portes e segmentos. Antes de fundar a Note!, escreveu para alguns dos principais veículos do País. Foi editora de economia do Terra, fez parte da equipe do Jornal Valor Econômico, escreveu para revistas como Meu Dinheiro (Editora Abril), Notícias da Fiesp, Executivos Financeiros, além da revista Veja Especial de Investimentos e Foco Economia.
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