Concurso internacional de fact-checking recebe inscrições até junho

O International Center for Journalists (ICFJ) lançou, no último dia 6, o concurso “TruthBuzz: The Viral Fact-Checking Contest”, desafio que propõe à sociedade civil transformar a checagem de fatos em histórias capazes de atingir grandes audiências. As inscrições de projetos estão abertas até 30 de junho.

Com a iniciativa, o ICFJ busca promover a viralização de verdades contra boatos e notícias falsas e incentivar a criação de novos formatos para as narrativas de fact-checking. Em vez de explicações longas e estruturas em tópicos, por exemplo, o concurso recomenda que os projetos sejam atraentes, visuais e interativos, de forma que quem os ler possa entendê-los e compartilhá-los instantaneamente. Inscrições de propostas em qualquer formato digital serão aceitas.

Checagem no Brasil

A diretora da Agência Lupa, Cristina Tardáguila, a diretora-executiva e cofundadora do portal Aos Fatos, Tai Nalon, e o editor do projeto Truco, Maurício Moraes, comemoram a realização de concursos como o TruthBuzz. Para Cristina, “todo tipo de evento que torne a checagem mais popular é benéfico”, e Tai reconhece que premiações do tipo podem contribuir para a valorização do segmento na cobertura jornalística.

“O desafio de fazer a verdade ganhar mais compartilhamentos que as notícias falsas é grande”, diz Tai. Embora notícias falsas tenham sempre existido, ela afirma, o que mudou agora é que as pessoas descobriram que espalhar boatos pode gerar muito dinheiro, chegando ao ponto de ganhar dimensões de indústria, como nos Estados Unidos. “Jornalistas em geral, e plataformas de fact-checking em particular, operam com poucos recursos financeiros e trafegam num ambiente [digital] em que o fluxo de informações é muito maior do que a capacidade de reportá-las e checá-las com qualidade.”

Nesse sentido, os três concordam que encontrar novos formatos para as histórias e fazer bom uso das redes sociais, de fato, pode ser uma alternativa eficaz para atrair mais público. Cristina destaca que é preciso pensar estratégias de difusão e divulgação tão fortes quanto as de fake news, e atuar (com o fact-checking) em todos os lugares onde há notícias falsas. Alguns cases de sucesso da Agência Lupa foram os “tuitaços” no Twitter e os “snaps” no Snapchat.

Maurício também comenta os recursos adotados em notícias falsas para obtenção de resultados. “Muitos boatos usam técnicas como títulos em caixa alta e imagens impactantes, que chamam a atenção dos leitores”, afirma. Outro aspecto que se menciona é o apelo de urgência que as fake news têm. “Ao desmentirmos notícias falsas, procuramos deixar claro o que está sendo contestado logo no título. Assim, esperamos que as pessoas que compartilharam aquilo também estejam dispostas a informar às outras sobre o erro.”

Para conscientizar mais pessoas da importância da checagem, a Lupa criou o programa LupaEducação, que visa à capacitação das pessoas em técnicas de checagem. A iniciativa consiste numa série de palestras e oficinas oferecidas pelos jornalistas da Lupa a empresas e instituições de ensino, não necessariamente ligadas à área de jornalismo ou comunicação. “É preciso ter mais checadores”, diz Cristina. “O interessante do fact-checking, assim como de concursos como esse, é que todo mundo pode praticar.”

O concurso

O site do TruthBuzz descreve os elementos necessários para elaborar um projeto competitivo. Os candidatos devem demonstrar, no momento da inscrição, como sua história contrapõe um boato falso, quais são as fontes que atestam os fatos e como sua proposta se utiliza de técnicas inovadoras para difundir a verdade com rapidez. Além disso, é preciso enviar um exemplo de publicação de rede social que mencione seu projeto.

As propostas serão avaliadas com base na originalidade e em seu potencial de ajudar o público a diferenciar verdade de ficção. O ICFJ aceita inscrições de falantes de todas as línguas, e o primeiro colocado será contemplado com um prêmio de US$ 10.000 em dinheiro. Após o fim do concurso, o centro ainda criará um site com todas as propostas enviadas, de modo que os interessados possam aprender e fazer uso das estratégias de storytelling defendidas pelos participantes.

O TruthBuzz recebe o apoio da Craig Newmark Foundation. Para fazer a inscrição, basta acessar aqui.

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Abraji

Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Criada em 2002 por um grupo de jornalistas brasileiros interessados em trocar experiências, informações e dicas sobre reportagem, principalmente sobre reportagens investigativas. É mantida pelos próprios jornalistas e não tem fins lucrativos.

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