Neste ano, o Congresso da Abraji traz mais uma vez painéis sobre a cobertura da Lava Jato, com foco nas histórias exclusivas que transformaram o cenário político nacional.
Guilherme Amado, repórter da coluna de Lauro Jardim em O Globo, foi o único no jornal a analisar o material da delação da JBS além do próprio colunista. Ele conta ter dedicado três semanas na verificação das informações antes de publicar, fazendo constantes checagens com diferentes fontes e consultando documentos da investigação para confirmar as informações que recebia. Segundo Amado, há mais a ser revelado a partir do material.
O meio jurídico também foi fonte de Amado: ele conta ter contatado algumas pessoas do ramo para tirar dúvidas antes da publicação. “Mas não disse a eles do que se tratava”, conta. O restante dos bastidores, Amado deve contar no painel “`Não renunciarei!´: o furo da delação da JBS”, dia 1º de julho, das 14h às 15h30.
No Estadão e na Folha, repórteres também fizeram revelações-chave. Enquanto Breno Pires divulgou a Lista de Fachin antes de todo mundo, Bela Megale é responsável por ao menos doze notícias relacionadas às delações da Odebrecht adiantadas pela Folha. .
Segundo Bela, a Lava Jato é “muito dinâmica, e há diversas frentes de cobertura, com várias operações dentro de uma só”. A cobertura das instituições que atuam no caso, como o Ministério Público e a Polícia Federal, também é frutífera. Agora, com a delação da JBS, ela acredita que todos esses temas se cruzarão.
Por essa amplitude, ela não considera difícil conseguir mais furos da operação hoje, mesmo que a cobertura já tenha sido extensiva. “Sempre tem novidade”, diz. Para a jornalista, as dificuldades dependem mais de circunstâncias do momento e da relação com as fontes. “A época das delações da Odebrecht foi feliz para mim, porque consegui conversar com muita gente.”
O mais desafiador nesse tipo de cobertura é não se limitar à simples reprodução das delações, buscando modos de investigá-las e descobrir as histórias por conta, continua Bela. “É complicado, porque há muita coisa acontecendo, mas é o que todo mundo quer fazer hoje em dia”, diz.
No Estadão, Breno Pires não é setorista da Lava Jato mas, devido aos trâmites no Supremo Tribunal Federal – esta, sim, sua área de especialidade –, acabou acompanhando as investigações e os desdobramentos das delações da Odebrecht.
Ele mantém o mistério sobre como fez para obter a Lista de Fachin antes dos outros. “Isso é assunto para o Congresso”, disse, em resposta ao pedido para adiantar algo sobre sua participação.
O painel “Sigilo de investigações e furos do caso Odebrecht”, com Breno Pires e Bela Megale, acontece na sexta-feira, 30 de junho, das 14h às 15h30. A mediação será de Maiá Menezes, editora de política n’O Globo e diretora da Abraji.
O 12º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo acontece nos dias 29 e 30 de junho e 1º de julho na Universidade Anhembi Morumbi, unidade Vila Olímpia, em São Paulo. Com mais de 60 painéis e oficinas, o evento dura das 9h às 17h30 nos três dias. As inscrições estão abertas até 26 de junho (inscrições com desconto, até 31 de maio) e podem ser feitas em congresso.abraji.org.br.
Serviço
12º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo
Universidade Anhembi Morumbi
Rua Casa do Ator, 275, Vila Olímpia – São Paulo, SP
29 e 30 de junho e 1º de julho de 2017
Inscrições com desconto até 31 de maio em congresso.abraji.org.br