A jornalista Míriam Leitão, de 66 anos e com 47 anos de carreira, será homenageada por sua contribuição ao jornalismo, durante o 14º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo. O evento é promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e em 2019 será realizado de 27 a 29 de junho, no campus Vila Olímpia, da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo.
“Estou muito emocionada com essa homenagem. Porque é da própria categoria. Hoje, a Abraji é a mais importante representação dos jornalistas brasileiros. Também destaco pela dimensão profissional dos que já receberam esse prêmio. Tomei um susto grande, não esperava. Na verdade, estou numa alegria imensa”, disse a jornalista. Durante a homenagem será exibido um minidocumentário sobre a trajetória profissional de Míriam Leitão.
Míriam Leitão se junta a outros grandes nomes do jornalismo brasileiro que receberam a homenagem em edições anteriores. São os casos de José Hamilton Ribeiro, Joel Silveira, Paulo Totti, Lúcio Flávio Pinto, Rosental Calmon Alves, Zuenir Ventura, Janio de Freitas, Tim Lopes, Marcos Sá Correa, Clóvis Rossi, Elio Gaspari, Santiago Andrade, Dorrit Harazim, Elvira Lobato e Carlos Wagner.
Mineira da cidade de Caratinga, a jornalista é filha de um pastor presbiteriano e de uma professora primária. Teve 11 irmãos. Estudou no Colégio Caratinga, fundado por seu pai. Aos 18 anos, mudou-se para Vitória. Estava procurando emprego quando viu nos classificados da Tribuna de Vitória uma vaga de estágio no próprio jornal. Entrou pela primeira vez em uma redação e nunca mais saiu.
Nos anos 1970, Míriam Leitão participou do movimento estudantil durante a ditadura militar e foi presa, aos 19 anos, grávida de seu primeiro filho. Foi trancada nua, em uma sala no quartel do 38º Batalhão de Infantaria do Exército, em Vitória, em companhia de uma cobra. Perdeu 11 quilos em dois meses de prisão, chegando aos 39 quilos.
O interesse pela área econômica surgiu no final dos anos 1970, quando foi editora de economia do jornal Gazeta, em Vitória. Pouco depois, transferiu-se para Brasília, onde passou a cobrir o Itamaraty para a Gazeta Mercantil. Nessa época, formou-se em jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB).
Após breve passagem por O Globo cobrindo as eleições de 1982 no Pará, Míriam Leitão foi para a revista Veja. Depois, trabalhou no Jornal do Brasil, onde chegou a editora de economia em 1986. Em 1990, deixou o JB para escrever uma coluna de economia em O Estado de S. Paulo. Voltou a trabalhar em O Globo, em 1991, ao assumir a coluna ‘Panorama Econômico’.
Em 1995, Míriam Leitão passou a ser comentarista de economia da TV Globo no ‘Jornal Hoje’. Logo depois, começou a colaborar com o ‘Jornal Nacional’ e a fazer comentários no ‘Bom Dia Brasil’.
Nos anos 2000, começou a fazer comentários para a rádio CBN, além de apresentar o programa ‘Espaço Aberto Economia’, na GloboNews, que em 2012 foi rebatizado de ‘GloboNews Míriam Leitão’. Em 2005, tornou-se a primeira jornalista brasileira a receber o prêmio Maria Moors Cabot, oferecido pela Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.
Não bastasse a carreira de sucesso como jornalista e comentarista, Miriam é também escritora premiada. Em 2012, ganhou o Prêmio Jabuti de Livro do Ano de Não Ficção, com Saga Brasileira – A Longa Luta de um Povo por sua Moeda (Record). Em 2015, publicou História do Futuro – O horizonte do Brasil no século XXI (Intrínseca), que depois virou uma série de reportagens na GloboNews. São 11 livros lançados, cinco deles infantis, como A menina de Nome Enfeitado (2014) e Flávia e o Bolo de Chocolate (2015), ambos publicados pela Rocco.
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