Brasília, DF 4/11/2020 – Treinamento é preciso, bem como a preocupação para identificar quem é o público, e os recursos que deveriam ser utilizados para atender pessoas com deficiência
O mercado de consumo no Brasil é um dos mais promissores em todas as áreas – automóveis, vestuário, calçados, joias, cosméticos, eletrônicos e vários outros. Mas o que realmente chama a atenção é que as empresas de consumo no país não têm se atentado aos consumidores com deficiência. Segundo o último censo realizado no país em 2010, mais de 45 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência e estão aptos a comprar, gastar, usar e repetirem a dose por várias vezes.
O Grupo A Hora vem investindo desde junho deste ano, em várias lives com especialistas, e se atentou a uma das temáticas que é justamente o mercado de consumo das pessoas com deficiência.
Para isso, os jornalistas Fabricio Magalhães e Paula Tooths, em pesquisa, entrevistaram centenas de consumidores com deficiência, empresas prontas para atendê-los e consultorias especializadas em treinamento para atendimento e contratação de pessoas deficientes.
“Os relatórios finais contam com narrativas complexas da rotina diária e até mesmo ideias para solucionar problemas simples. Sem dúvida, não foi só mais um trabalho gratificante, mas uma maneira de melhor entender essas pessoas e esse mercado que é tão promissor” – descreve a jornalista Paula Tooths.
Em uma das entrevistas publicadas, Gislana Vale, deficiente visual que mora no Ceará, explica que as empresas brasileiras não estão preparadas. “A maioria das pessoas não tem um domínio do que seja acessibilidade e do que seja inclusão, ainda vivem num mundo em que acham que pessoas com deficiência e outros segmentos como os idosos, são vulneráveis” – conta a cearense.
Os relatórios que foram distribuídos para uniões comerciais e instituições governamentais, sublinha que treinamento é preciso, bem como a preocupação para identificar quem é o público, além dos recursos que deveriam ser utilizados para melhor atender as pessoas com deficiência.
A cadeirante Rosana Lago, de Salvador, observa que como consumidora com deficiência, o mercado de lojas ainda está muito despreparado para atender o cliente com algum tipo de deficiência e quanto mais severa a deficiência, maior a falta de habilidade dos vendedores. “Nós temos o poder de escolha e de compra, logo, precisamos ser tratados como qualquer outro cliente” – acrescenta a consumidora baiana.
Lays Moraes, proprietária da Romanoff Joias, na cidade de Palmas, disse que sua loja tem atendido algumas pessoas com deficiência e a orientação para as vendedoras é para tratar todos de maneira igual, sem discriminação, da forma mais natural possível, deixando-os à vontade, já que na concepção dela, em virtude da falta de acessibilidade de muitos locais em atendê-las, essa clientela fica impedida de exercer o seu direito como consumidor. A lojista ainda conta que mesmo disposta a fazer o investimento, desconhece a existência de cursos especializados em Tocantins.
Já as empresárias Renata Guimarães e Heloisa Sonega, de Santa Catarina, estão desenvolvendo o projeto ‘Diga YES, diga SIM à acessibilidade’, que tem como objetivo levar informações às pessoas com deficiência auditiva e visual, mostrando o quanto elas são bonitas, independentemente dos padrões. Os funcionários das unidades de suas franquias são treinados para atender pessoas cegas e surdas.
Renata Guimarães afirmou que com esse projeto percebeu que o principal problema são as pessoas que na maioria das vezes não respeitam. “Tem muito consumo! Temos muitos clientes potenciais e por isso resolvemos investir em treinamento. A YES é uma franquia e nos unimos com outro franqueado aqui de S.C. para desenvolver o projeto. É muito difícil deixar tudo acessível, estamos fazendo milagre com poucos recursos”, finalizou a empresária.
Joelson Dias, consultor em acessibilidade e inclusão no escritório Barbosa e Dias Advogados Associados e presidente da Comissão Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Conselho Federal da OAB, disse como enxerga o mercado e quais sinais as empresas precisam estar atentas: “Eu tenho insistido que não tem nada mais moderno e dinâmico do que debatermos diversidade e inclusão. Para o empresariado, aquele que estiver mais atento, com uma boa consultoria, verá que isso também representa fidelização de clientela, um bom impacto na imagem do seu empreendimento e melhor lucratividade para seus negócios”.
O diretor de jornalismo Fabricio Magalhães conclui com o projeto, que diversidade faz um bem enorme para a comunidade, incluindo, contemplando nos quadros da empresa quem realmente precisa, e o retorno para a própria empresa com mais diversidade, com novos talentos, com inovação, e com a sua própria imagem na coletividade.
O Grupo A Hora afirmou ao final da pesquisa que o trabalho é de grande magnitude e que é esperado em um médio espaço de tempo, que as empresas brasileiras se atentem a esse mercado ainda tão carente.
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