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Correção: Falar com crianças sobre perda e luto de forma transparente é necessário

Rio de Janeiro – RJ 3/7/2020 – Os livros também são importantes para ajudar a elaborar o luto. Em muitas histórias, a criança pode se identificar com os processos vividos pelos personagens

A matéria enviada anteriormente continha um erro no último parágrafo. Segue a versão corrigida:

Falar sobre perda não é fácil, não importa a idade que a pessoa tenha. “Não é da morte que temos medo, mas de pensar nela”, disse o filósofo e escritor Sêneca. Desde os primórdios entender o conceito da morte e consequentemente do luto é algo que aterroriza o ser humano, principalmente porque ninguém a compreende completamente. E certamente conversar com crianças e pré-adolescentes sobre o assunto pode ser ainda mais complexo, já que o entendimento de mundo deles é diferente de um adulto.

Mas algo que os pesquisadores e psicólogos são unânimes em afirmar é que se uma perda acontecer – de um animal de estimação, de um parente, de um amigo etc. É preciso ser transparente e não esconder. De acordo com a professora Maria Júlia Kovács, em artigo para a Revista Psico USP, a criança percebe quando ocorreu uma morte, portanto não falar sobre ela pode provocar medo e insegurança. “O uso de metáforas para explicar a morte deve ser evitado. Exemplificando: falar da morte como ‘sono eterno’ pode causar incompreensão, porque se confunde com o sono diário. O que tem como objetivo diminuir a dor pode causar dificuldades de compreensão”, diz.

A morte de forma lúdica

Maria Júlia Kovács destaca que cada vez mais a morte é um assunto que faz parte do cotidiano das crianças, já que está presente na comunidade, em casos de homicídios, acidentes e suicídios. Dessa forma, uma morte “escancarada” que não pode passar despercebida no diálogo. Além disso, ela ainda salienta que programas de televisão, desenhos animados, livros, filmes, além de noticiários, falam muito sobre o assunto.

“A psicoterapia para crianças, também conhecida como ludoterapia, utiliza desenhos e atividades lúdicas, já que a fala ainda é difícil para que elas expressem seus sentimentos. Os livros também são importantes para ajudar a elaborar o luto. Em muitas histórias, a criança pode se identificar com os processos vividos pelos personagens”, acrescenta.

Ana Lúcia Vieira de Andrade, professora, crítica de teatro e PhD em Estudos Hispânicos pela McGill University, conversa sobre perda em seu livro A História de Pinta Dalila – Para Nunca Mais Esquecer, publicado em 2018 pela Editora Albatroz. De acordo com a escritora, de forma filosófica e lúdica fala sobre o assunto contando uma história sobre pintinhos coloridos que eram vendidos em feiras nos anos 1970 no Rio de Janeiro e tinham vida curta. O enredo segue a pinta Dalila, um desses animais, e fala sobre o seu companheiro, que não sobreviveu, sobre a família que cuidava dela e depois a deu para um criador de galinhas e outros aspectos da sua vida. “Falo tanto sobre as perdas da própria galinha quanto das crianças que conviviam com ela e não tinham mais a sua companhia. Trago reflexão sobre o que é contado para elas e o que elas, na verdade, percebem do mundo”, explica.

A escritora conta que a ideia do livro surgiu por experiências próprias. Com filha em idade escolar, percebeu que havia pouca literatura sobre o assunto, principalmente para a faixa etária de 8 a 12 anos. “Esse é um momento de transição e notei que a escola exigia leitura, mas a maior parte da literatura encontrada era mais infantil, o que não encaixa bem nessa idade. Além disso, a escola não ensina a lidar com frustração e perdas, não tem uma elaboração educacional sobre o tema. Via muitos alunos ficarem um pouco perdidos, então decidi escrever para esse público”, comenta. Então, A História de Pinta Dalila – Para Nunca Mais Esquecer é lúdico, mas ainda assim mais denso e reflexivo. “Alguns amigos até brincam que a obra é Nietzsche puro”, salienta.

Outro ponto interessante que Ana Lúcia Vieira de Andrade cita é que a obra faz pensar em como o mundo mudou. “Quero que percebam que vivemos num contexto diferente da época em que se passa o livro, então a nossa forma de pensar e agir também”, destaca. Por exemplo: Na época, anos 1970, era comum feiras terem os pintinhos coloridos com anilina. Hoje não é mais assim. Os animais são tratados de outra forma. Tudo era diferente. Então quero que os leitores compreendam isso também”.

Dessa forma, num ambiente lúdico e filosófico, A História de Pinta Dalila – Para Nunca Mais Esquecer fala às crianças e pré-adolescentes sobre perda e frustração e sobre como o mundo muda com o tempo.

Para adquirir A História de Pinta Dalila – Para Nunca Mais Esquecer é só acessar esse link.

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Website: http://www.editoraalbatroz.com.br

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Anderson Scardoelli

Jornalista "nativo digital" e especializado em SEO. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupou até abril de 2022.

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