São Paulo – São Paulo 22/10/2020 – É preciso diferenciar mudanças de vida, problemas na vida e crises pessoais.
Será que toda mudança de vida é um desafio capaz de provocar crescimento pessoal? O médico psiquiatra Cyro Masci afirma que é necessário diferenciar mudanças de vida, problemas na vida e crises pessoais. “Uma mudança pode ou não ser um desafio que acrescente algo de útil à bagagem de vivências. Mas sempre, de um modo ou de outro, carrega o potencial de tensão emocional e desgaste do organismo”, afirma.
Como saber qual acontecimento provoca maior carga de pressão e qual é menos problemático? Segundo Masci, nos anos 1960, dois médicos, Holmes e Rahe, perguntaram a um grande número de pessoas se houve mudanças na sua vida, se havia ocorrido eventos significativos. Listaram tais eventos e passaram a acompanhar os entrevistados. Descobriram que, dependendo do tipo e quantidade de eventos que a pessoa enfrentava, maior ou menor era a probabilidade de adoecerem.
“O que esse estudo deixou patente é que, se ocorrerem muitas mudanças no mesmo período de tempo, as chances de adoecer aumentam. Ou seja, as mudanças devem ser sempre que possível distribuídas no tempo, dando oportunidade ao organismo se recuperar”, afirma Cyro Masci.
Mudanças “boas”
Outro fato importante é que acontecimentos aparentemente bons, como o Natal ou o nascimento de um filho, são potencialmente desgastantes. “O organismo percebe uma ameaça ao equilíbrio. Não julga a natureza dessa ameaça, se é para melhor ou para pior. Apenas detecta que ocorreu uma mudança”, explica o psiquiatra.
Se toda mudança, ainda que boa, é potencialmente estressante, a situação se complica se esse fato for uma novidade ou então uma dificuldade, como enfrentar uma pandemia, por exemplo? “Às vezes, a pessoa enfrenta dificuldades que já conhece, que não são novas. Às vezes, enfrenta situações novas que não são difíceis. E às vezes enfrenta situações novas de difícil resolução. A pressão começa justamente diferenciando o que é um problema do que é simples informação”, diz Masci.
Isso, segundo ele, nem sempre é fácil, já que em geral vive-se sob um regime de sobrecarga de informações. “Diante dessa verdadeira poluição sensorial, o organismo toma medidas protetoras, deixando a pessoa indiferente a um grande número de estímulos. Agências de publicidade sabem desse fato, e procuram expô-lo diversas vezes a um estímulo novo para que a pessoa perceba sua existência. As primeiras exposições em geral são simplesmente ignoradas! Por outro lado, quando uma informação é considerada um problema, há necessidade de se tomar uma decisão”, acrescenta o médico.
Decisões
Toda decisão é potencialmente provocadora de tensão emocional. Por isso, é importante lembrar de alguns fatos nos momentos de se escolher caminhos. Quando uma pessoa decide fazer isso ou aquilo, está deixando de fazer uma infinidade de outras coisas que poderia também escolher. Um sentimento de culpa é inevitável. “Toda e qualquer decisão, portanto, implica alguma perda”, aponta Cyro Masci.
É bom lembrar que em toda decisão deve existir uma harmonia entre os objetivos a serem alcançados, os meios necessários e o tempo adequado para atingi-lo. “É muito frequente possuir apenas dois desses fatores favoráveis, e esquecer do terceiro. A pessoa deve ficar atenta a esses três fatores, e quando estiver frente a frente com uma decisão, responder sinceramente se eles estão em harmonia”, aconselha o psiquiatra.
Fonte: Cyro Masci, médico psiquiatra em São Paulo, autor dos livros “Síndrome do Pânico: Psiquiatria com abordagem integrativa” e “Biostress: Novos caminhos para o Equilíbrio e a Saúde”.
Outras informações: https://bit.ly/34mE498
Website: https://www.masci.com.br
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