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Da inclusão ao incentivo à concorrência: os impactos da digitalização no mercado de crédito e de meios de pagamentos

15/9/2020 –

A digitalização, que transformou a maneira de solicitar os mais variados serviços, do transporte à compra de comida, revolucionando também o entretenimento e o consumo de informação, colocou inúmeras possibilidades literalmente na palma da mão. O fenômeno, que veio para ficar, chegou também ao mercado de crédito e de meios de pagamentos. 

As fintechs, empresas que fazem uso intensivo de tecnologia e oferecem serviços e produtos financeiros por meio de plataformas online, atraem um número cada vez maior de usuários no Brasil e no mundo, prometendo melhor experiência para o cliente. E o impacto social da inovação financeira pode ir muito além da redução da burocracia.

A digitalização otimiza os custos de transação, incentiva a concorrência e tem potencial de ser um vetor importante da democratização desses serviços. É o que sugerem as evidências. Uma publicação do Bank of International Settlements apontou que o uso da tecnologia tem contribuído para elevar a inclusão financeira e o acesso ao crédito no mundo inteiro.

A Índia desponta com um dos principais “cases” de sucesso. Com a segunda maior população do mundo, o país criou uma formidável infraestrutura para digitalizar a identificação pessoal e o compartilhamento de dados. Como resultado, o percentual de bancarizados passou de 35%, em 2011, para 80%, em 2017, segundo dados do Banco Mundial. Na China, a principal plataforma de pagamentos do país registra mais de 1 bilhão de usuários, pagando e transferindo recursos pelo celular.

O Brasil também promove avanços. Como parte da Agenda BC#, do Banco Central, a conquista mais recente é a aprovação do PIX, novo sistema de pagamentos instantâneos. Com ele, pagamentos e transferências poderão ser feitos 24 horas por dia, sete dias por semana. Quem recebe, seja pessoa física, seja jurídica, terá os recursos à disposição em poucos segundos, sem qualquer custo para as pessoas físicas, e por um custo muito menor para as empresas.

A pandemia mostrou como um sistema de pagamentos desenvolvido pode ser importante: beneficiários do Auxílio Emergencial puderam dispor dos recursos por meio de um cartão virtual, o que facilitou o acesso. Segundo a Caixa Econômica Federal, mais de 40 milhões de contas digitais foram criadas para o depósito do auxílio. O distanciamento social estimulou a educação digital entre os idosos e a população menos favorecida – grupos que, em tese, têm menos acesso às inovações. 

No âmbito do crédito, merecem destaque as plataformas de empréstimos “peer-to-peer”, que permitem a pessoas físicas emprestar recursos, pela internet, a pequenos negócios, capilarizando o crédito geograficamente. Seguindo uma tendência do varejo, o surgimento do “marketplace” de crédito também favorece o tomador de crédito por estimular a competição no sistema financeiro e possibilitar que os consumidores tomem decisões mais conscientes, graças à comparação entre diferentes ofertas. 

Outro destaque, para as empresas que recorrem à antecipação de recebíveis, é a criação da duplicata eletrônica, que deverá tornar esse tipo de empréstimo mais ágil e menos suscetível a fraudes, beneficiando o credor e o tomador de crédito.

“Apesar das inovações, os princípios do crédito permanecem os mesmos e tão importantes quanto antes. Para quem concede crédito, a necessidade de uma análise criteriosa continua a mesma para o crédito saudável. Para quem toma emprestado, as decisões devem estar, como sempre, amparadas na boa educação financeira, um tema que, felizmente, vem ganhando bastante notoriedade, propiciando o consumo consciente. Todos esses avanços só farão sentido se trouxerem um crescimento sustentável e sólido do crédito”, analisa Elias Sfeir, presidente da Associação Nacional dos Bureaus de Crédito (ANBC).

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Anderson Scardoelli

Jornalista "nativo digital" e especializado em SEO. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupou até abril de 2022.

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