Um hambúrguer, alface, queijo, tomate, ketchup e mostarda em um pão sem gergelim. A ideia de ter a venda de lanches como mais um meio de ganhar dinheiro nestes tempos de poucos textos para revisar surgiu depois que li “Você Merece uma Segunda Chance”, do consultor e palestrante César Souza, que me foi apresentado pela segunda orelha do livro como “um dos maiores especialistas brasileiros em Estratégia, Liderança e Gestão, Cultura da Clientividade e Empreendedorismo”. A primeira coisa que fiz quando peguei o livro que ganhei de um dos vizinhos para os quais prestei alguns serviços foi rir do título, porque, enquanto César, para o qual mandei as correções que fiz na primeira edição de sua obra, conta algumas histórias de pessoas que mereceram uma segunda chance, como Jean Valjean, personagem do clássico do escritor francês Victor Hugo “Os Miseráveis” que, condenado a 19 anos de prisão por roubo e várias tentativas de fuga, tem sua vida mudada para melhor depois de o bispo que o havia acolhido quando ele vivia marginalizado não tê-lo acusado de um furto que ele havia praticado, rezo para ter uma terceira, e última, embora lamente que 98% das pessoas nas quais mais confiei quando não tinha mulher e filhos me provaram que não deveriam ter merecido nem a primeira chance. Para não morrer, o que, segundo o autor, acontece com quem não se reinventa, na mesma semana em que acabei a leitura do livro, deixei a mesa da revisão e fui para a da cozinha. Aproveitando o dinheiro de uns trabalhos de conclusão de curso que havia corrigido, fui à compra de alguns produtos para fazer lanches para vender para meus vizinhos. Anunciada para o grupo de que, somente a negócios, faço parte em uma rede social, a venda de lanches só não tem estado como estava no começo, quando choviam tantos pedidos que minha mulher corria para me ajudar na cozinha, anotando pedidos, fritando hambúrgueres, lavando alfaces, cortando tomates, passando maionese no pão e colocando ketchup, mostarda, guardanapos e embalagens à mesa, só deixando para mim o trabalho de fazer o molho e o purê do cachorro-quente e a linguiça acebolada, porque não é todo dia que meus fregueses estão a fim de comer junk food.
Edson de Oliveira. Revisor de textos há mais de 20 anos, corrigindo principalmente legendas de vídeo, transcrição de áudio e textos jornalísticos, é editor dos blogues EFMérides e Blogue da Revisão.
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