Belo Horizonte, Minas Gerais 9/4/2021 – A internet tem um potencial enorme e por isso pode atingir o artista positivamente, mas também de forma negativa quando o trabalho não é bem feito.
O setor cultural foi uma das áreas mais atingidas na pandemia do coronavírus. Artistas dependiam das suas apresentações para serem remunerados. Com o fechamento dos teatros, shows, cinemas e a suspensão das bilheterias – principal geradora de lucros – um grande desafio foi colocado diante dos agenciadores artísticos, que precisam agora cavar novas oportunidades para seus clientes.
Além da busca por trabalhos nos mais diversos formatos dentro do entretenimento, outra questão também se tornou parte da multifacetada profissão de agenciador: o auxílio emocional. Neste mesmo contexto, a convergência entre mídias abre espaço para que artistas e público tenham mais opções de conteúdo cultural.
Para o agenciador Felipe Maduro, responsável hoje por inserir um casting de mais de 200 profissionais das artes, o desafio está posto. Agora, é hora de encará-lo: “O artista quando procura um agenciador espera conseguir trabalhos. Agora, no meio dessa pandemia, é necessário potencializar as qualidades do cliente para cavar essas oportunidades, observar as mídias que estão em alta com o público, e que também possibilitam a atuação dos patrocinadores”, pontua.
Da internet para a TV: convergência como estratégia
Com o isolamento social, a internet e a televisão se tornaram o maior foco de entretenimento no país. A internet levou o artista e seus patrocinadores para dentro da casa do público. E lá, outra ferramenta de comunicação já era bem familiar: a televisão, que ressurge agora com grandes audiências enquanto o público é orientado a permanecer em casa.
Segundo dados obtidos pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), o universo artístico englobava mais de 5 milhões de trabalhadores no país, cerca de 6% do total. Outro estudo realizado pela Conferência Musical SIM São Paulo levantou dados sobre 8.141 eventos suspensos com a chegada da pandemia e apontou um prejuízo de R$ 442 milhões em 21 estados. Esses eventos envolviam um público em torno de oito milhões de pessoas.
No mercado musical, por exemplo, o trabalho “Empresariamento Artístico – Pesquisa Anual de Mapeamento do Mercado” indicou a relevância econômica e cultural deste setor no Brasil com o enorme desafio que os agenciadores artísticos têm pela frente: trabalhar seus clientes para que o dinheiro continue circulando no mercado. Antes da pandemia eram realizados aproximadamente 55 mil shows no país que movimentavam cerca de R$ 2 bilhões de reais.
Felipe reforça que é hora de perceber a necessidade de convergência: “O agenciamento de shows representava 97% do faturamento do setor, o de assessoria de marketing pegava uma fatia de 77,6%, já a gestão de mídias sociais 74,6%, enquanto a divulgação na TV era responsável por 50,7%. Agora isso está se redesenhando. É preciso cavar oportunidades onde o grande público está, ou seja, na internet e na televisão novamente”. Ainda segundo a pesquisa citada acima, um formulário quantitativo preenchido entre diversos artistas vai ao encontro da afirmação do empresário. Entre diversas qualidades que um bom agenciador precisa ter, 57,1% dos artistas escolheram a opção “capacidade de abrir oportunidades e mercados”.
O empresário aponta que é justamente esta capacidade de abrir novas oportunidades para os artistas que fará a diferença para o setor nos próximos meses. E foi pensando nisso que o agenciador fez uma rede de contatos com mais de 50 produtores de elenco. Essa rede cresceu tanto, que hoje Felipe também se tornou diretor de elenco do “Programa da Priscila”, que estará na grade de programação paulista do SBT Interior.
Profissão e emoção: “orientação é imprescindível”
A pandemia também trouxe um novo desafio para profissionais como Felipe. Como diversos artistas perderam a segurança com a mudança das suas rotinas de trabalho, a atuação no campo emocional também passou a ser muito importante. O agenciador esclarece que esse tipo de orientação agora é imprescindível para encorajar artistas a não desistirem dos seus sonhos até o final da pandemia. O casting de Felipe Maduro conta com atores, cantores e influenciadores digitais que, além da televisão, estão em diversas plataformas como o Instagram e o TikTok.
Para Felipe, mais do que nunca se “faz necessário estudar o potencial do cliente para que seja montado um planejamento profissional com objetivos e metas para as mídias que estão em alta”. O mercado de influenciadores digitais, por exemplo, está em plena expansão, afirma o agenciador, que também destaca que o trabalho também deve seguir o mesmo profissionalismo de um trabalho feito para televisão. “As pessoas precisam entender que mesmo de casa, do seu quarto, quando falamos de imagem é necessário um estudo, um planejamento inteligente. A internet tem um potencial enorme para atingir o artista positivamente, mas também pode ser negativa quando o trabalho não é bem feito. Basta observarmos as lives feitas por centenas de artistas durante a pandemia. Alguns cantores ficaram tão à vontade que beberam até cair nesses eventos, e acabaram criando um grande problema para os seus patrocinadores”, alerta.
Carreira em constante atualização
Felipe Maduro tem artistas envolvidos em novelas como “Gêneses”, e com participações em outras obras, como “Amor de Mãe”, “Salve-se quem Puder” e “Nos Tempos do Imperador”, todas exibidas pela TV Globo. Além disso, ele destaca a alta de audiência nos programas de entretenimento durante a pandemia, onde também tem buscado alocar seus clientes.
O agenciador artístico ressalta outra dica em tempos de pandemia: aproveitar o momento para se qualificar. Com uma tendência maior para o mercado digital, ele montou um workshop e passou a oferecer palestras sobre alta performance e qualificação profissional. O foco é ensinar técnicas de engajamento que podem ser aplicadas pelas redes sociais durante esse período turbulento. “O maior desafio hoje para os agenciadores continua sendo conseguir oportunidades para seus clientes. Por isso, a qualificação profissional dos agenciados também vai dar mais segurança para que o agenciador explore melhor seu casting em novas oportunidades. Dentro de toda perda, pode haver uma possibilidade de ganho. E esse é o maior desafio hoje no segmento artístico. Se reinventar”, diz o especialista.
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