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Derivativos: histórico e como caem nas provas de certificação ANBIMA CPA-20

Um derivativo é um ativo ou instrumento financeiro geralmente apresentado na forma de contratos cujo preço depende do valor ou deriva (daí o seu nome) de um ativo subjacente ou ativo base. Os ativos base ou ativos de referência podem ser físicos (café, ouro, milho, gado, soja, petróleo etc.) ou financeiros (ações, moedas, taxas de juros etc.). 

Por exemplo, um contrato futuro de milho (derivativo) tem seu valor e variações de preços derivados do preço atual do milho (ativo de referência) no mercado. 

A História dos derivativos e a bolha financeira das tulipas holandesas

A primeira grande crise econômica envolvendo derivativos da história aconteceu na Holanda no início do século XVII. Em 1593, o botânico Carolus Clusius retornava de viagem a Constantinopla (atual Istambul, na Turquia) e trouxe consigo alguns bulbos de tulipa para plantar em seu jardim.

Encantados com a beleza e raridade da nova espécie, vizinhos de Clusius roubaram alguns exemplares e passaram a comercializá-los e em pouco tempo as tulipas se transformaram em símbolo de status e riqueza e um bem de luxo entre os holandeses.

Uma febre especulativa aconteceu em função da elevada demanda por tulipas onde holandeses abastados chegavam a ofertar propriedades imobiliárias por alguns bulbos da planta. Assim, em um único mês, o preço das tulipas incrementou vertiginosamente mais de 20 vezes.

No livro Crash: uma breve história da economia, Alexandre Versignassi relata que “na Holanda, no século 17, ‘floresceu’ o mercado de tulipas, quando os endinheirados da Europa começaram a apreciar a flor e a pagar preços exorbitantes por ela. Já havia até contratos que davam direito de comprar as flores que iriam nascer no futuro. O mercado cresceu tanto que um bulbo chegou a ser negociado pelo mesmo preço de uma casa em Amsterdã, o equivalente a R$ 800 mil”.

A sazonalidade é um enorme entrave para o desenvolvimento de um mercado de tulipas pois o prazo de maturação pode durar até 12 anos e a floração só acontece entre maio e abril. Assim, para manter um mercado de tulipas aquecido, especuladores compravam antecipadamente as produções agrícolas gerando contratos para entrega futura de tulipas. 

Esta bolha financeira foi alimentada até 1637 quando finalmente estourou ao se verificar a existência de mais contratos de compra do que tulipas efetivamente plantadas. Houve um “efeito manada” com pessoas desesperadas para se livrar do mau investimento, o que fez com que os preços dos contratos rapidamente virassem pó e muitos holandeses amargaram sérios prejuízos. Isso gerou uma crise econômica sem precedentes na Holanda que mesmo com intervenção governamental durou muitos anos até ser sanada.

Derivativos na prova de Certificação ANBIMA CPA-20

Segundo o edital da ANBIMA para certificação profissional CPA-20 o tópico instrumentos de renda fixa, renda variável e derivativos pode oferecer entre 10 a 17 questões da prova respondendo por 17% a 25% do certame sendo um conteúdo muito determinante para a aprovação.

Segundo o Economista e Prof. Diercio Ferreira, autor do livro seu futuro no mercado financeiro: CPA-20 Certificação Profissional ANBIMA descomplicada: “os derivativos cobrados na prova de CPA-20 são contratos a termo, contratos futuros, operações de swap e opções de compra e venda de ações e exigem do candidato um pouco mais de atenção por se tratar de um conteúdo medianamente complexo da prova”.

Mercado a Termo

No mercado a termo, as partes comprometem-se a comprar e/ou vender em data futura uma quantidade e qualidade de mercadorias a um preço certo. 

O comprador a termo leva o contrato até o final, paga pelo ativo e quer receber a mercadoria. O vendedor a termo quer levar o contrato até o final, entregar o ativo e deseja receber o valor do pagamento. Salvo em bolsa de valores, os contratos a termo não são padronizados e as partes se vinculam contratualmente até o prazo final do negócio.

Mercados Futuros

O Mercado Futuro é uma evolução e aperfeiçoamento do mercado a termo. As partes se comprometem a comprar / vender uma quantidade de mercadoria a um preço determinado para liquidação no futuro.

Diariamente são verificadas as alterações dos preços apurando-se os ganhos e perdas das partes, liquidando-se das diferenças do dia. O investidor não paga ou recebe pelo ativo, apenas pelas oscilações dos preços.

Opções de Ações

As opções de ações são contratos onde o TITULAR (comprador) possui um DIREITO (opção), mas não o DEVER (obrigação) de vender ou comprar uma ação a um preço certo, até um prazo de exercício específico.

Na outra ponta, o LANÇADOR (vendedor) da opção possui a OBRIGAÇÃO de honrar o pactuado, caso o titular exerça o seu direito até o prazo de vencimento da opção. Para adquirir este direito, o TITULAR (comprador) paga ao LANÇADOR (vendedor) um prêmio pela opção.

As opções que garantem o direito de comprar ações chamam-se CALL ou opções de Compra e as opções que garantem o direito de vender ações chamam-se PUT ou opções de Venda.

Contratos de Swap

As operações de swap (permuta em inglês) nada mais é do que um contrato de troca de riscos e fluxos financeiros entre partes. É um contrato de permuta de indexadores, mitigando o risco de uma posição ativa (credora) ou passiva (devedora), em data futura, de acordo com critérios contratualmente preestabelecidos.

Funciona como um seguro contra variações negativas do indexador que as partes não querem correr o risco. Em geral, quem fornece Swap pode cobrar um pagamento pela proteção.

Formas de uso dos derivativos

Os derivativos podem ser utilizados para fins de hedge (proteção), especulação e arbitragem, que é a operação de compra de um ativo financeiro em um mercado cujo preço está mais barato e venda em outro mercado cujo preço está mais caro. 

Quando usados como HEDGE (proteção) os derivativos funcionam como uma vacina protegendo os investidores de eventuais oscilações de preços dos ativos.

Quando usados para especulação existe o risco de perda total do investimento, pois, ao especular com derivativos, os investidores estão expostos a um risco significativo de perda total do capital investido. Se a especulação não for bem-sucedida e o preço do ativo subjacente não se mover na direção esperada, o investidor pode perder todo o valor investido no derivativo e ainda pode ter de aportar valores para cobrir perdas.

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