“Portal Comunique-se, bom dia!. Claro, pode falar. Recebi seu e-mail, sim. Obrigado pelas informações e por ter encaminhado a sugestão. Vamos conversar sobre a pauta”. Diariamente, redações do Brasil inteiro, inclusive a nossa, mantêm relação próxima com os colegas que estão do outro lado do balcão: a assessoria de imprensa. E não dá para negar a essencialidade desses profissionais no funcionamento da comunicação. Sem eles, muitas vezes o repórter fica sem referência de confiança e a apuração acaba prejudicada. Foi para conhecer o dia a dia da área que conversamos com quatro jornalistas responsáveis por trabalhos feitos em Grupo Paranaense de Comunicação, Grupo O Povo, Rede TV e TV Gazeta. Fernanda Yanaze, Joelma Leal, Rafaela Barbosa e Ricardo Nóbrega, respectivamente, contaram como são os bastidores da profissão, os desafios e como o estudante deve se preparar para assumir tal função. Neste especial, dividido em duas reportagens, você vai entender como os assessores se organizam para atender as demandas.
Mas, antes, vamos conhecer melhor os entrevistados:
O trabalho em um grande grupo de comunicação
Não é à toa que o Grupo Paranaense de Comunicação é considerado o maior do Paraná. Formado por jornais, portal, rádios e emissoras de TVs afiliadas à Rede Globo, o conglomerado tem em sua equipe de comunicação a jornalista Fernanda Yanaze. Ela comenta ser comum ver pessoas se questionando sobre “como fazer assessoria de imprensa para veículos de comunicação”. Durante a conversa com a reportagem do Portal Comunique-se, ela avisou logo de início que se engana quem pensa que só porque todos os veículos fazem parte de um mesmo grupo é que eles simplesmente dão as matérias sugeridas. “Aqui ‘vendemos’ pautas de um veículo para o outro. Há todo trabalho nosso para convencer as redações internas de que determinado projeto ou evento é importante para o público de cada redação”.
A estratégia adotada pela profissional, já sabendo que os concorrentes diretos dificilmente vão cobrir os projetos do GRPCom, é fortalecer a comunicação com blogs, jornais da Região Metropolitana de Curitiba e em colunas sociais dos outros grupos. “Além disso, nosso trabalho está bastante direcionado aos veículos especializados nas áreas de comunicação, jornalismo, marketing e propaganda. São nesses canais que tentamos emplacar os projetos e campanhas de marketing, os processos e iniciativas dos diversos departamentos das unidades de negócio, principalmente das redações”.
No Grupo de Comunicação O Povo, sediado em Fortaleza, Joelma Leal também faz trabalho para que as informações circulem tanto nos veículos da casa (rádios, TV O Povo, portal e impresso) como em espaços externos. Por lá, a lista de ações, eventos e produtos é extensa e inclui eventos, seminários, feiras, palestras, revistas, lançamentos de livros e cadernos especiais, programação do espaço cultural e ações institucionais. “A rotina é participar de reuniões periódicas com todos os setores demandantes do grupo a fim de ser informada das novidades, produzir notas para colunistas, fazer a pauta, encaminhar aos veículos internos e externos, fazer acompanhamento e produzir relatórios e clipping do assunto referente ao tema”.
Joelma não cuida apenas do trabalho ativo. A jornalista, assim como os outros entrevistados desta pauta, recebe demandas externas com solicitações de fonte para pautas específicas e apura informações para que o repórter tenha o maior número de dados possíveis para fazer o texto. “O leque de assuntos é bem variado: hoje estou assessorando evento ligado às noivas, amanhã será sobre carros e motos, por exemplo”, relata.
O jornalista Ricardo Nóbrega prefere pensar a assessoria como uma agência de comunicação já que quatro “clientes” são atendidos por ele: Gazeta Esportiva, TV Gazeta, Faculdade Cásper Líbero e Rádio Gazeta FM e AM – unidades pertencentes à Fundação Cásper Líbero, que conta com prédio imponente na Avenida Paulista, em São Paulo. “Por tratar de diferentes segmentos, o trabalho exige que sejamos no mínimo dinâmicos. Você vai do entretenimento para a educação num estalar de dedos”. Ele explica que a atuação para a TV inclui divulgação de programas, novidades, entrevistas, além de acompanhar artistas em outras emissoras. Na faculdade, o trabalho tem como foco sugerir especialistas à imprensa, divulgação e cobertura de eventos, cobertura fotográfica, lançamento de publicações e tudo que envolve o calendário da instituição.
“Nas rádios, atuamos em ações pontuais como o lançamento de um aplicativo ou atualização de um site, por exemplo. Aproveitamos também visitas de artistas. Por exemplo: uma visita da Anitta nos bastidores da rádio rende ótimas matérias em mídias de entretenimento. O trabalho para a Gazeta Esportiva é bem parecido, o que muda é o segmento. Atuamos em ações pontuais e nos grandes eventos esportivos promovidos pelo site, como a Prova Ciclística 9 de Julho e a tradicional corrida de São Silvestre”, conta.
À frente da comunicação da Rede TV, Rafaela Barbosa ressalta que o trabalho do assessor de imprensa é desenvolver ações e estratégias de divulgação que promovam a imagem da empresa na mídia, mantendo-a em evidência nos principais veículos de comunicação. Para isso, estreitar o relacionamento com os profissionais é essencial. “Gerar notícias com responsabilidade e credibilidade, atender às solicitações da imprensa e esclarecer questões de forma clara e correta também são fatores importantes deste trabalho, uma vez que somos a fonte oficial de uma instituição e nos pronunciamos em nome dela”.
Assim como conta Joelma, as reuniões são constantes para Rafaela. Existe planejamento para discutir ideias, compartilhar sugestões e traçar os melhores caminhos para a disseminação do conteúdo produzido pelos núcleos de entretenimento, jornalismo e esportes do canal. Faz parte da rotina da equipe desenvolver diariamente releases que possam abastecer a imprensa sobre a programação e as novidades da emissora baseada em Osasco, cidade da Grande São Paulo. “Geramos notícias institucionais, articulamos matérias e entrevistas, sugerimos assuntos e fontes para as reportagens, organizamos eventos, lançamentos e coletivas, convidamos a imprensa para acompanhar gravações e pautas nas instalações do canal, monitoramos clippings e resultados”.
O relacionamento com a imprensa
Quando questionados sobre como é o relacionamento com a imprensa, todos os profissionais falaram, em primeiro momento, em respeito – de todos os lados. Segundo eles, essa é a base para os bons resultados. Os profissionais contam que o dia a dia aproxima as pessoas e, em muitos casos, a amizade prevalece. “O começo é sempre difícil, mas com o tempo você acaba conhecendo melhor o jornalista e o seu veículo. Hoje, tenho muitos amigos nas redações, mas nem sempre foi assim. É um trabalho longo”, conta Ricardo.
O contato presencial é prioridade para Fernanda, que explica as ações da empresa para tornar isso real. “Sempre que possível, convidamos os jornalistas para os eventos promovidos pelos veículos do grupo, aproveitamos para visitar os veículos quando temos viagens para outras cidades. Ou seja, consideramos importante estreitar esse contato”.
Os detalhes fazem toda a diferença. É isso que Joelma explica à redação do Portal Comunique-se. “A relação é bastante cordial, procuro ter o cuidado de não enviar ‘tudo’ ou de ‘qualquer jeito’. Procuro identificar qual assunto tem mais ligação com o veículo para que meus e-mails não sejam vistos como spam ou como ‘mais um’.
Na Rede TV, Rafaela afirma que a maioria dos profissionais de redação é receptiva ao contato, aos convites e às sugestões de pauta. “Com alguns, falamos com tanta frequência que a relação acabou se tornando uma amizade”, diz ela ao confirmar a percepção dos outros colegas de trabalho.
Claro que nem tudo são flores. Nesse mercado, os desafios brotam! Em nossa próxima reportagem, os quatros jornalistas vão revelar quais são as principais dificuldades de apostar na carreira, quais as premissas para trabalhar com comunicação para a imprensa, como são escolhidas as pautas, como é o processo – desde a ideia de reportagem, passando pela veiculação e depois monitoramento, como clipping -, como divulgar notícias negativas e como lidar com as falsas que acabam chegando ao mercado. A segunda reportagem da série “Desafio comunicar” pode ser acessada aqui!