Começa nesta segunda-feira (13/2), a Campanha do Dia Nacional da Criança Traqueostomizada, promovida pela Academia Brasileira de Otorrinolaringologia Pediátrica (ABOPe) em conjunto com a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), que contará com ações de conscientização em sete estados: Ceará, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo. A iniciativa marca o Dia Nacional da Criança Traqueostomizada, celebrado em 18 de fevereiro e instituído pela Lei 14.249/21.
“O intuito dessa mobilização é dar visibilidade para as crianças traqueostomizadas e chamar a atenção sobre a importância da assistência profissional adequada a esse público. Também queremos despertar o olhar dos governantes para as necessidades de suprir a demanda de profissionais de saúde especializados na rede pública, bem como capacitar pais e familiares sobre os cuidados a serem tomados com as crianças que passaram pelo procedimento”, esclarece a presidente da ABOPe, Dra. Claudia Schweiger.
O evento reúne 11 centros especializados no atendimento e na realização de traqueostomia no público infantil, promovendo palestras e orientações para pais de crianças que passaram pelo procedimento, assim como capacitações a profissionais que integram a rede de assistência de pacientes, como médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, entre outros. Além disso, haverá a distribuição de manuais sobre os cuidados com a traqueostomia em crianças.
No estado de São Paulo a ação acontecerá em quatro locais. No dia 13/02, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, fará orientação aos familiares e a entrega de manual de cuidados. Pacientes do ambulatório da Divisão de Otorrinolaringologia também serão conscientizados. No dia 15/02, o Instituto de Otorrinolaringologia da Unicamp (IOU), em Campinas, promove uma manhã de instruções para pais sobre os cuidados da criança traqueostomizada e como lidar com urgências. Haverá também capacitação direcionada à equipe de saúde. No dia 17, o HC Criança de Ribeirão Preto realiza orientação aos pais envolvendo profissionais de saúde, a distribuição de manual de cuidados e conscientização à população sobre a traqueostomia. E no dia 24/02, na Capital, a UNIFESP – Escola Paulista de Medicina promove uma palestra para seus profissionais de saúde, às 14h.
Em Fortaleza, no Ceará, o Hospital Infantil Albert Sabin realizará um encontro de crianças traqueostomizadas e seus familiares dentro da unidade no dia 14/02, além de promover orientações para pais, cuidadores e aos profissionais de saúde atuantes em traqueostomia.
Em Goiânia, a mobilização acontece dia 15/02 e será conduzida pela Universidade Federal de Goiânia (UFG) e Hospital da Criança (AMIGO), com o apoio da Associação Goiana de Otorrinolaringologia. Serão promovidas palestras gratuitas sobre cuidados com crianças que passaram pelo procedimento, entrega de manual com instruções de assistência, ação para tirar dúvidas de familiares e orientações a profissionais de saúde. As atividades são abertas ao público e vão ocorrer na Praça das Artes, das 8h30 às 10h30.
Em Porto Alegre, as atividades também ocorrerão no dia 15/02 no Hospital da Criança Santo Antônio, das 7h30 às 13h, e no dia 16 no Hospital de Clínicas, às 13h. Haverá encontro de profissionais de saúde e crianças do ambulatório de laringologia pediátrica e disseminação sobre as diretrizes de cuidados após a traqueostomia.
Na Capital Rio de Janeiro, o Instituto Fernandes Figueira – Fiocruz, no Flamengo, participa disseminando instruções de cuidado a familiares e cuidadores com pacientes traqueostomizados no instituto. A ação vai ocorrer no dia 16/02, das 8h às 13h.
Em Belo Horizonte, o Hospital Mater Dei Contorno, também adere à iniciativa no dia 16/02. Das 8h às 17h, haverá aulas visando ao aprimoramento técnico de profissionais envolvidos com o cuidado à criança traqueostomizada, além de palestras para pais e cuidadores de pacientes da rede pública e privada. Manuais sobre cuidados também serão entregues.
No Paraná, a ação acontece em Curitiba, no Hospital Pequeno Príncipe, dia 25/02, apenas para pacientes traqueostomizados do hospital, tendo os familiares como acompanhantes.
Dados
A traqueostomia é um procedimento cirúrgico que cria um orifício de abertura da traqueia para promover uma rota alternativa à passagem de ar até os pulmões, restabelecendo a respiração do paciente. A técnica é aplicada em pessoas que sofrem com a obstrução das vias aéreas superiores ou que necessitam de suporte ventilatório prolongado por complicações que as impedem de manter a respiração espontaneamente.
Levantamento da ABOPe e ABORL-CCF com 11 centros especializados no atendimento a esse público e que participaram da Campanha do Dia Nacional da Criança Traqueostomizada, revela que, em 2021, 257 crianças de 0 a 3 anos realizaram o procedimento de traqueostomia. Em 2022, esse número foi de 318.
As principais causas que levaram ao procedimento foram: estenose (estreitamento de laringe ou traqueia) por intubação prolongada, disfagia (dificuldade em deglutição), além de problemas como cardiopatia, doenças pulmonares e neurológicas, múltiplas malformações craniofaciais, malformações em vias aéreas e anomalias vasculares.
Cuidado constante
Pacientes que passam por esse procedimento cirúrgico enfrentam um cenário complexo de recuperação. “Após a alta hospitalar, os familiares ficam perdidos em relação aos cuidados, como a aspiração adequada, trocas regulares da cânula, a avaliação adequada da via aérea e se há possibilidade de algum dia retirar essa traqueostomia e respirar novamente pela via aérea superior”, explica a Dra. Claudia.
Além das famílias, é essencial que os hospitais também estejam preparados para o tratamento e cuidado, pois a falta de conhecimento na assistência adequada pode gerar complicações, como riscos de asfixia, infecções, danos na própria traqueia ou dificuldades na cicatrização.
“Essas crianças enfrentam uma luta e um desafio diário e, por isso, é tão importante que as famílias tenham para onde recorrer e que os pais sejam treinados para lidar com esses casos. Dessa forma, os manuais distribuídos e as palestras nos hospitais podem ajudar no melhor manejo dessas crianças”, finaliza a médica.