Veículo de comunicação atualmente mantido pela Cereja Digital, o Diário de S. Paulo enfrenta momento de dificuldade. Ao decorrer dos últimos dias, entre quem pediu desligamento e demitidos, cerca de 10 profissionais deixaram a redação. Além disso, o jornal enfrenta problemas em sua distribuição (nas bancas e para assinantes) e corre risco de ver parte dos funcionários entrar em estado de greve a partir desta quinta-feira, 12, conforme denuncia o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP).
Ao abordar a situação do impresso em seu site oficial, o sindicato afirma que até agora o 13º e os salários referentes a dezembro não foram pagos. Em contato com a reportagem do Portal Comunique-se, um membro ligado ao comando do jornal confirma que, de fato, a “situação é complicada” e informa que “estão atrasados a segunda parcela do 13º e o pagamento de dezembro (que deveria ter sido pago na sexta-feira, portanto, poucos dias de atraso)”. O executivo salienta que o departamento de recursos humanos avisou que 50% dos atrasados serão pagos até a próxima segunda-feira, 16 (Atualização, 12/11/2016 = os salários de dezembro dos profissionais sob regime CLT form pagos integralmente na quarta-feira, 11. Segundo o representante da diretoria do jornal, os PJs devem receber nos próximos dias).
Sobre os problemas referentes à distribuição, fazendo com que o título desaparecesse em determinadas bancas, o sindicato dos jornalistas afirma que a empresa de mídia não está pagando os distribuidores. O executivo contatado pela reportagem não entra no quesito de débito – ou não – com os fornecedores, mas pontua que a distribuição atual está em “30%” e que, mesmo com a atuação dos diretores da casa, a normalização das entregas dos exemplares não está garantida.
Estado de greve
O SJSP informa que, em meio à situação que envolve atrasos de pagamentos, jornalistas e funcionários de setores administrativos do Diário de S. Paulo decidiram entrar em estado de greve a partir desta quinta-feira, 12, caso a situação não seja resolvida pelos gestores do veículo de comunicação. A paralisação foi aprovada em assembleia realizada na segunda, 10, em frente à redação do jornal, no bairro paulistano da Barra Funda. Segundo a instituição sindical, o movimento grevista ocorre “devido à incapacidade da empresa em se restabelecer para honrar seus compromissos com profissionais e fornecedores”.
“Os profissionais vão trabalhar em esquema de rodízio, mantendo 30% do efetivo na redação e no departamento administrativo, mas esse percentual pode variar porque o vale transporte referente a janeiro também não foi pago”, pontua o sindicato no texto publicado em seu site oficial. “Muitos trabalhadores não têm como pagar a passagem para se deslocar até a empresa”, endossa a entidade jornalística, que registra ter conversado com o gestor da empresa, Marcos Sales, que não teria apresentado nenhum sinal de que o impasse será resolvido.
Apesar das informações divulgadas pelo sindicato, a fonte ligada ao corpo executivo do impresso demonstra descrédito em relação ao movimento grevista programado para ser iniciado ainda nesta semana. “A redação já está comunicada da gravidade da situação e foi deixado claro que quem quiser continuar, continua. Quem quiser parar, pode parar. Não acredito em greve até porque com todas as saídas a redação está bem enxuta e todos estão conscientes de que parar só vai piorar a situação”, diz à reportagem do Portal Comunique-se.
Problemas estruturais
O sindicato dos jornalistas afirma que os problemas do Diário de S. Paulo vão além dos atrasos de pagamentos dos funcionários e de fornecedores de distribuição. A entidade relata que a sede do jornal na capital paulista tem sofrido com “ar-condicionado quebrado, falta de água e telefone cortado”. O executivo em questão confirma a denuncia. “No momento, telefones estão funcionando, assim como ar e água. Mas realmente há dias em que não há telefone. O ar às vezes dá pau, daí demoram um dia para resolver. A água é porque, segundo me falaram, há um abastecimento apenas via caminhão-pipa”.
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