Ter uma instalação elétrica segura e de qualidade é fundamental para qualquer tipo de imóvel. Por isso, é muito importante planejar corretamente essa etapa, desde a contratação da mão de obra que fará o projeto e todo o dimensionamento da instalação, dos profissionais que farão a execução do serviço, além da aquisição de todos os materiais elétricos que serão necessários para a obra.
Os fios e cabos estão entre os materiais mais importantes da instalação, sendo que os gastos com esse produto representam cerca de 5% do custo total da obra e, por isso, a sua escolha e a sua compra devem ser muito bem planejadas.
O professor e engenheiro eletricista Hilton Moreno, que também é consultor técnico da IFC/COBRECOM, revela que inúmeras dúvidas aparecem quando o assunto é especificar condutores elétricos para instalações fixas.
“Entre elas estão a qualidade do cabo, que envolve a pureza do cobre utilizado no condutor, que, por norma, deve ser igual a 99,99%; o uso de cabos desbitolados que são constituídos por condutores de cobre com seção menor do que a normalizada; a sua flexibilidade; os materiais isolantes e as maneiras de instalar os condutores que são permitidas pela norma NBR 5410 de instalações elétricas”, lista Moreno.
Paulo Sandrini Pozetti, instrutor técnico da IFC/COBRECOM, ressalta que outras dúvidas são como identificar um condutor destinado para essa aplicação e se existem diferenças entre os condutores destinados para instalações fixas e móveis.
“Os fios e cabos para instalação fixa, por norma devem ser obrigatoriamente antichama. Essa propriedade da isolação nos condutores garante que, em caso de incêndio, a chama não se propague pela instalação elétrica” exemplifica Pozetti.
Tipos de fios e cabos elétricos indicados para instalações fixas
A norma NBR 5410 determina que os fios e cabos elétricos para instalações fixas devem atender as normas NBR 7286 (cabos 1 kV, isolados em HEPR), NBR 7287 (cabos 1 kV, isolados em XLPE), NBR 7288 (cabos 1 kV, isolados em PVC), NBR 13248 (cabos 750 V e cabos 1 kV, não halogenados), e NBR NM 243 (cabos 750 V, isolados em PVC).
“Em linhas gerais, os fios e cabos para instalações elétricas fixas devem atender a todos os requisitos das respectivas normas citadas anteriormente. Destaque para os cabos terem boa resistência mecânica e química, suportando os esforços a que são submetidos durante a instalação e operação”, diz Hilton Moreno.
De acordo com ele, há várias questões a serem consideradas para a escolha mais adequada de um cabo como, por exemplo, qual o tipo de conduto que será utilizado: aberto (eletrocalha sem tampa, leito, entre outros) fechado (eletroduto, eletrocalha com tampa, etc.) ou será enterrado; qual a temperatura ambiente; se existem agentes químicos severos no local; e deve ser considerado ainda se haverá radiação solar incidindo diretamente no cabo.
Materiais isolantes dos condutores elétricos
Em relação aos materiais isolantes, os cabos para instalações fixas são fabricados em PVC, HEPR e material não halogenado.
“As diferenças entre eles estão nas temperaturas em regime permanente, sobrecarga e curto-circuito, na propagação de chama e na emissão (ou não) de fumaça e gases tóxicos”, esclarece Moreno.
Dimensionamento da instalação elétrica deve ser realizado
Mesmo escolhendo os cabos mais indicados para instalações fixas, é preciso que seja feito o projeto elétrico para dimensionar todos os circuitos.
“Uma coisa é escolher o tipo de cabo mais adequado para uma determinada aplicação e outra coisa é estabelecer a seção nominal que este cabo deve possuir para atender os critérios de dimensionamento da NBR 5410. Esta seção nominal deve ser calculada durante a fase de projeto e é baseada no atendimento simultâneo dos critérios de dimensionamento por seção mínima, capacidade de corrente, queda de tensão, sobrecarga e curto-circuito”, declara Hilton Moreno.
Vendedores de lojas também devem ter conhecimento técnico sobre o assunto
Os vendedores das lojas de materiais elétricos e de construção desempenham papel fundamental na hora de comprar os fios e cabos, assim como todos os demais materiais elétricos, principalmente pelo fato do consumidor final no geral ser leigo por não lidar constantemente com o assunto.
“É muito importante que os vendedores conheçam as aplicações de cada tipo de condutor elétrico para evitar a indicação de condutores que sejam destinados a outras utilizações e não sejam antichama, como é o caso dos Cordões Paralelo e Torcido, além dos Cabos PP, que são destinados a alimentação de aparelhos eletrodomésticos, ligações internas aparentes, extensões, pendentes para iluminações, luminárias e aparelhos portáteis”, alerta Pozetti.
Segundo Moreno, é muito comum as pessoas pedirem para os vendedores indicações de quais tipos de cabos e marcas eles recomendam.
“Com isso, a responsabilidade dos vendedores é bem grande, pois os clientes confiam cegamente nas recomendações desses profissionais. Consequentemente, eles devem conhecer profundamente todas as questões técnicas que envolvem a fabricação, ensaios, normalização, aplicação e dimensionamento dos condutores elétricos, de modo a poderem prestar o melhor serviço para as pessoas”, conclui Hilton Moreno.
Problemas que aparecem com o uso de condutores incorretos
A especificação de fios e cabos elétricos incorretos em instalações fixas pode trazer sérios problemas para a obra, além de prejuízos e sérios riscos para os habitantes da edificação.
“A utilização de um cabo que não está dentro das especificações normalizadas pode trazer riscos. Ao realizar uma instalação fixa com um cabo que não seja antichama, por exemplo, se ocorrer um incêndio, a chama vai se propagar por todo comprimento do cabo, atingindo todos os locais por onde ele está instalado aumentando a proporção do incêndio”, adverte Moreno.
Outros problemas podem aparecer com a utilização de cabos desbitolados que são aqueles constituídos por condutores de cobre com seção menor do que a normalizada, ou seja, por exemplo, um cabo de 4 mm2 que, na verdade, tem apenas 3 mm2 de cobre, o que constitui crime.
Além disso, os cabos desbitolados podem resultar no aquecimento da rede elétrica e consequentemente aumentar a conta de luz e gerar problemas como curtos-circuitos e incêndios de grandes proporções.
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