Disputa presidencial repercute na mídia internacional

Jair Bolsonaro ou Fernando Haddad será eleito o próximo presidente da República do Brasil. Resultado foi pauta para a mídia internacional

O resultado do primeiro turno das eleições presidenciais no Brasil é destaque nos principais jornais do mundo nesta segunda-feira, 8. Em manchetes que ocuparam espaços privilegiados nas primeiras páginas, a imprensa internacional ressaltou a surpresa com a conquista de Jair Bolsonaro (PSL), que obteve quase metade dos votos entre os eleitores.

EUA

O “choque” de grande parte dos brasileiros diante do número foi o tom da matéria do The Washington Post. A reportagem destaca que a campanha de Bolsonaro dividiu a maior nação da América Latina ao longo de linhas raciais e de gênero e lembrou que, muitas vezes, o candidato do PSL é comparado ao presidente norte-americano Donald Trump.

O The New York Times destacou que “o candidato de extrema direita que falou com carinho da antiga ditadura militar do Brasil e teceu comentários ofensivos sobre mulheres, negros e gays chegou perto de uma vitória na eleição presidencial de domingo”.

A matéria revela, ainda, o atual cenário brasileiro marcado pela repulsa da população à política e de defesa do combate à criminalidade e corrupção.

BBC

Em tom mais ameno, a emissora pública BBC, do Reino Unido, estampa em sua página na internet a disputa, em segundo turno, entre Bolsonaro e Fernando Haddad, marcada para 28 de outubro.

O mexicano La Jornada destaca a “distância confortável” que Bolsonaro teve em relação a Haddad. Segundo o jornal, “será difícil para a esquerda reverter o resultado na eleição presidencial.”

O jornal aponta as várias surpresas negativas para a esquerda durante o pleito, citando as derrotas para o Senado do veterano Eduardo Suplicy, por São Paulo e, em Minas Gerais, da ex-presidente Dilma Rousseff.

Vizinhos

Entre jornais sul-americanos, o argentino Clarín, de Buenos Aires, estampa a manchete “Jair Bolsonaro varre o Brasil e fica com ampla vantagem para a votação com Fernando Haddad”.

O jornal destaca que o ex-capitão do Exército fechou o score com uma diferença de quase 17 pontos, o que pode revelar uma tendência sobre o segundo turno.

O periódico também veiculou a mensagem transmitida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos seus seguidores, na qual afirma que o Brasil caminha para “o diálogo e respeito” e aposta que “a esperança superará o ódio”.

Europa

O jornal português Diário de Notícias mostra um “Brasil partido ao meio” e destaca que faltou pouco para o candidato Jair Bolsonaro vencer em primeiro turno. O jornal Público também estampou que o Brasil deixou Bolsonaro com um pé na presidência.

Mais crítico, o francês Le Monde descreve a conquista da maior parte dos votos pelo candidato “nostálgico da ditadura militar, às vezes rude, racista ou homofóbico”.

Lembra, ainda, o momento em que os holofotes da política se viraram para Bolsonaro, durante a sessão no Congresso, em abril de 2016, quando, ao votar a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT) ,dedicou sua escolha “em memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra”, acusado de ser um dos torturadores da ditadura militar.

O El País, da Espanha, reservou o maior espaço ao assunto entre todas as publicações, classificando o resultado como uma “onda conservadora que tomou o país e garantiu ampla vantagem a Bolsonaro no segundo turno para se tornar o próximo presidente do Brasil.”

A publicação ressalta a polarização aguda entre os presidenciáveis, comparando com “água e óleo” e considera o pleito como uma das eleições mais emocionantes da história democrática.

Barricada

O jornal espanhol também traz manchetes com o posicionamento da região Nordeste, “a barricada do PT” e as perdas do partido de esquerda como a derrota de Dilma Rousseff ao Senado por Minas Gerais. Os tucanos também aparecem nas matérias do El País, que destaca derrotas como no comando do estado de Mato Grosso e a luta por votos que o PSDB ainda espera conquistar em seis estados.

O inglês The Times mostrou que “o Brasil chegou perto de eleger um presidente de extrema direita” revelando uma onda de apoio ao populista, considerado a resposta da América Latina a Donald Trump”.

Também da Inglaterra, o The Guardian lembra que Bolsonaro venceu em número de votos, mas não teve ainda a vitória e comparou a campanha “improvável e eletrizante do candidato de extrema-direita a “qualquer telenovela brasileira”.

O italiano L`Opinione e, na Alemanha, a Deutsche Welle (DW), lembraram que o Brasil terá que definir o futuro presidente em um segundo turno e destacaram os percentuais de votos dos dois presidenciáveis.

O mesmo destaque foi dado pelo China Daily, do outro lado do mundo.

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Reportagem: Carolina Gonçalves
Edição: Kleber Sampaio

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Agência Brasil

Agência pública de notícias criada em 1989, logo após a incorporação da Empresa Brasileira de Notícias (EBN) pela extinta Empresa Brasileira de Comunicação (Radiobras). Em 2007, com a criação da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que incorporou a Radiobras, passou a integrar o sistema público de comunicação.

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