O dólar abriu a segunda (1° de julho) com queda frente ao real nas primeiras negociações, ainda próximo de R$ 5,60, como mostra a publicação da InfoMoney. No último mês, a moeda americana subiu 6,46% e, no acumulado do ano, 15,14%. No dia 26 de junho, o dólar fechou em R$ 5,519, o maior valor desde janeiro de 2022.
Uma publicação recente da InfoMoney chamou a atenção para o fato de que a divisa ganhou força em uma sessão em que as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram mal-recebidas por investidores, o que fez com que aumentasse a preocupação com a situação fiscal brasileira. Outro ponto destacado é que a moeda estadunidense se valorizou em escala global, repercutindo o posicionamento de integrantes do Federal Reserve dos EUA.
A cotação aumentou 1,20%, o maior valor desde 28 de janeiro de 2022, quando fechou a R$ 5,56. Durante o pregão, a máxima foi de R$ 5,526. Maurício Cardoso, assessor de investimento e especialista em mercado de ações e câmbio, explica que os principais fatores que impactam na variação cambial vêm das contas do governo são gastos e capacidade de endividamento, taxa de juros, balança comercial e o mais importante: confiança na gestão pública.
Cardoso possui vinte e um anos de experiência no mercado financeiro e já atuou em bancos nacionais e corretoras internacionais. Além disso, é especializado em bolsa de valores e câmbio.
“O dólar é um instrumento de proteção e também de investimento ao redor do mundo e, aqui no Brasil, ele ainda é mais forte, principalmente porque o real é uma moeda exótica ao olhar do investidor estrangeiro”, afirma.
“Quando vemos esses movimentos recentes, vem novamente o tema de confiança. Quando voltamos ao início do novo mandato do ministro Haddad, o arcabouço apresentado por ele foi muito bem recebido pelo mercado, abrindo um voto de confiança em toda a equipe econômica, gestão pública e do próprio presidente Lula”, observa Cardoso.
O especialista observa que, com o passar do tempo, os investidores – principalmente internacionais – foram recebendo diversos insights de que a meta fiscal apoiada pelo arcabouço não seria tão concluída com êxito.
“Um ano depois, as notícias de que os gastos estão sendo ultrapassados, a inflação ainda muito difícil de conseguir controlar e as sucessivas declarações do presidente e seus ministros sobre o comando do BC (Banco Central) e sua habilidade no tema dos juros gerou muito incerteza futura quando ao Brasil no tema de contas e equilíbrio orçamentário”, articula Cardoso. “Isso gera preocupação e vem a demanda por proteção, compra de dólar”, completa.
Além disso, prossegue, um ponto que o Brasil também vem enfrentando é os juros americanos. “Em resumo, olhando os Estados Unidos com juros anuais por volta de 5%, qual investidor tem interesse em buscar o Brasil com nossa taxa a 10,50% ao ano?”, questiona. “Pela qualidade do título americano, que é considerado o mais seguro do mundo, essa taxa é atrativa a todos”, considera.
Para concluir, Cardoso ressalta que, enquanto houver juros altos nas treasuries americanas, o Brasil terá um pouco mais de trabalho para conseguir atrair investimentos. “Isso é apenas um ponto, pois o trabalho de gestão das contas, gastos e orçamentos tem que continuar e ser mais eficiente”, complementa.
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