Dores articulares, problemas cardiovasculares, síndrome metabólica, diabetes, doenças respiratórias crônicas, desenvolvimento de câncer, risco de complicações pelo coronavírus e até dificuldades para dormir: são diversos e conhecidos os problemas físicos decorridos da obesidade aliada ao sedentarismo. Em resumo, o excesso de peso, sem cuidado, representa uma grande perda de qualidade de vida.
Abaixo da linha da cintura, sustentando o peso do corpo humano, duas estruturas de articulações costumam ser as mais penalizadas: a do quadril e a do joelho. A pressão sobre elas pode alterar a maneira como a pessoa caminha e se movimenta, e assim, as dores tendem a se intensificar. O desgaste articular – ou osteoartrite -, mais popularmente conhecida como artrose, é a doença reumática mais prevalente em ambas as partes.
Causa de dores – mesmo com a pessoa sentada ou deitada – e de grandes dificuldades para se levantar e se locomover, a artrose é resultado não só da sobrecarga mecânica, mas também da inflamação e da resistência à insulina e à leptina.
Outro problema relacionado ao sobrepeso no joelho é a condromalácia patelar, que causa muita dor durante o movimento de andar ou correr. O joelho fica inchado e rígido em decorrência de lesões na cartilagem. A condromalácia patelar, quando não tratada, pode deixar o joelho inoperável.
O excesso de peso está ligado ao sedentarismo, sendo resultado de uma ingestão de calorias superior à quantidade que é gasta. Assim, constantemente ingerindo mais do que gastando, se cria um superávit calórico. Sem os exercícios físicos para queimar essas calorias e eventualmente ajudar a compor nova massa muscular, a energia adquirida pela comida se transforma em tecido adiposo. Esse quadro gera inflamações e uma série de consequências prejudiciais à saúde em geral.
Para além do desconforto, o sobrepeso e a obesidade podem ser extremamente custosos para cada indivíduo. Com o prejuízo causado às articulações do quadril e dos joelhos, podem ser necessárias intervenções traumáticas – como a cirurgia conhecida como artroplastia total do joelho. “As pessoas com o índice de massa corporal (IMC) mais alto (obesas), foram submetidas à cirurgia de prótese de joelho até sete anos antes do que aqueles com peso saudável”, relata o ortopedista Marco Aurélio Silvério Neves.
Segundo os pesquisadores da Universidade de Queensland, em Brisbane, Austrália, os efeitos para as mulheres são ainda mais impressionantes: mulheres obesas, com idade entre 55 e 64 anos, são mais de 17 vezes mais propensas a ter uma substituição da estrutura do joelho do que as da mesma faixa, com peso saudável; enquanto homens obesos na mesma faixa são até 5,8 vezes mais propensos. No geral, mais da metade submetida ao procedimento era obesa: dos 56.217 pacientes do estudo, 57,7% eram obesos.
Uma epidemia em crescente expansão
Encarada pelos órgãos de saúde e governo como epidemia, já há projeções de que, em 2030, o planeta terá mais de um bilhão de pessoas obesas – cerca de 18% da população total -, sendo uma a cada cinco mulheres e um a cada sete homens. Os dados são do Atlas 2022 publicado pela World Obesity Federation. No Brasil, a obesidade deverá atingir cerca de 37% das mulheres.
“A falta de exercício físico prejudica os músculos e articulações”, sentencia Dr Marco Aurélio Neves. Mas não apenas: a falta de cuidado com o peso gera condições crônicas como doença renal, doença hepática gordurosa não alcoólica, hipertensão arterial, apneia do sono, entre outras. “Além de tudo, o excesso de peso pode dificultar a passagem de ar pelas vias respiratórias”, explica o especialista.
Mesmo com todas as dificuldades geradas, a solução é simples: mudança no estilo de vida e manutenção de uma rotina de alimentação saudável e exercícios físicos. “O ideal é manter o peso baixo, para os joelhos e para a saúde em geral. Os pacientes devem fazer um esforço para iniciar um programa de exercícios que ajudem a fortalecer os músculos das pernas, essencial para caminhadas”, explica o ortopedista.
Os músculos fortalecidos dão melhor sustentação e estabilidade para as articulações em geral. “Os isométricos simples, exercícios de tensionamento muscular, já ajudam”, orienta o médico. Com as caminhadas e demais atividades que promovam uma maior queima calórica – como bicicleta, natação, hidroginástica, corrida, por exemplo -, a pessoa que busca a perda de peso ajuda também a desinflamar o corpo como um todo. Assim, as dores começam a diminuir e podem desaparecer.
Músculos fortalecidos, através de alimentação saudável e sem excessos e exercícios físicos – feitos com regularidade -, mantém as articulações fortes, ao contrário de músculos menos tonificados ou atrofiados, que consequentemente sobrecarregam as articulações. Mas se alguma dor nas articulações já houver se manifestado e se instalado, é importante consultar um ortopedista especialista para um encaminhamento profissional.
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