Que me desculpem os fãs de Roberto Carlos, não gosto das músicas dele – ou que ficaram famosas na voz dele – interpretadas por outros cantores, nem mesmo por aqueles que mais curto, como Caetano Veloso (“Força Estranha” e “Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos”), Maria Bethania (“As Canções que Você Fez pra Mim”, “Olha”, “Fera Ferida”, “Detalhes”, “Seu Corpo” e “Emoções”), Gal Costa (“Sua Estupidez”), Elis Regina (“As Curvas da Estrada de Santos”) e Adriana Calcanhotto (“Do Fundo do Meu Coração” e “Por Isso Corro demais”), que estou cansado de ouvir na Nova Brasil FM, única rádio que conheço dedicada exclusivamente à música brasileira, uma vez que a internacional já tem as outras para divulgá-la.
Para não dizer que nunca ouvi a voz do Rei na emissora que passei a sintonizar depois que a FM 97 trocou o rock pela dance music, a 89 voltou menos convincente do que a Kiss, a Eldorado se mudou para a frequência da Brasil 2000 e a modernosa Oi deu adeus ao rádio, ficou restrita à internet, de vez em quando – e ainda bem que é só de vez em quando –, sou surpreendido por ele e Caetano Veloso cantando “Wave” de Tom Jobim.
Não ouvir as músicas do cantor na voz dele mesmo me deixa tão irritado que até me dá vontade de desligar o rádio, ou mudar de frequência, só não o fazendo porque a programação musical das outras estações não me agrada. Das duas, uma: ou a única emissora que ainda me anima a ligar o rádio para ouvir música é proibida de tocar as canções do maior ícone da Jovem Guarda na voz dele mesmo ou acha que ele é brega, como bregas devem ser os demais cantores românticos da música popular brasileira, exceto os de sertanejo, forró, samba, pagode e funk, que são popularíssimos, mas não “de qualidade”.
Tendo crescido ouvindo “Amada Amante”, “É Proibido Fumar”, “Todos Estão Surdos” e ”O Homem”, música que estava tocando no rádio do táxi que levou minha mulher para a maternidade quando ela estava para dar à luz nosso primeiro filho, fico imaginando quantas rádios vão se lembrar do cara quando ele morrer. Até as que tocam só notícias, como a CBN e a Band News, vão dizer que, além de ter sido brega, ele foi bossa nova, pop, rock e soul, detalhe que só quem conhecia o que RC havia cantado quando jovem sabia.
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