Prazos apertados, pressão para nunca errar, excesso de trabalho, pouco tempo livre e baixos salários. Não há como negar que determinadas dificuldades são facilmente identificadas pelos jornalistas. Fora os problemas já tradicionais, quem decide seguir carreira na área tem enfrentado inúmeros outros inimigos, como ameaças, agressões e demissões. Com o cenário atual, por que tanta gente ainda decide investir seu futuro no setor? A resposta, por mais complexa que possa parecer, é simples e acaba até por corrigir a pergunta: ninguém opta pelo jornalismo; a pessoa nasce jornalista, o que fica claro (por mais piegas que a afirmação seja) na ação especial promovida pelo Portal Comunique-se neste 7 de abril de 2016.
Com cartas enviadas por comunicadores experientes, análises de colegas-leitores e entrevistas com executivos, a certeza que vem à tona neste Dia do Jornalista é a de que as vantagens de atuar na área são, infelizmente, menores do que os problemas que acompanham cada um. Isso na visão de uma pessoa “comum”. Não que os jornalistas sejam seres superiores, mas é nítido que, no geral, para o público ouvido pela equipe do Comunique-se nesta quinta-feira, 7, os benefícios em se trabalhar na imprensa superam todos os obstáculos possíveis e imagináveis. É como se fosse uma missão em que não se tem o direito de recusar. É mais que uma simples profissão a cumprir expediente de segunda a sexta, das 9h às 18h. Ser jornalista é exercer um dever social em tempo integral.
Se não fosse uma missão social, nada explicaria o fato de um deficiente visual persistir em cursar jornalismo para, anos depois, ser reconhecido como um dos maiores especialistas sobre rádio do Brasil e do mundo. Foi o que aconteceu com Marcus Aurélio de Carvalho, apresentador da MEC AM e mestrando em mídia e cidadania pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Outro exemplo de predestinação vem de alguém que ressalta a inexistência de apoio familiar quando jovem decidiu partir para o mundo da comunicação, mas que hoje pode ser considerada uma estrela no ambiente acadêmico: Patrícia Paixão, professora que encara jornada tripla, dando aulas na Anhembi Morumbi, no Mackenzie e na Rio Branco – isso sem citar a experiência adquirida em redações antes de partir para o universo docente.
Nos casos de Marcus, Patrícia, Mauro Beting, que assim como a dupla já mencionada participou da ação das cartas, e dos demais jornalistas que colaboraram com o especial do Dia do Jornalista produzido pelo Comunique-se a mensagem a transparecer é de que quem milita na área batalha para transformar o mundo em um lugar melhor. Seja por meio de denúncias veiculadas pelas ondas sonoras do rádio, seja falando de ética e ensinando técnicas e mais técnicas para estudantes. Tentar melhorar tudo ao redor. Batalha que, por vezes parece ficar adormecida em sonhos de quem ainda romantiza pela profissão, torna-se realidade quando menos se espera. Eis a lista do “Panama Papers” para provar isso. Trabalho jornalístico mudando o mundo (que o diga o já ex-primeiro-ministro da Islândia).
Sim, ser jornalista é manter vivo o sonho de mudar o mundo. E diversos casos ao longo da História mostram que graças a esses sonhadores coisas fora do eixo foram alteradas, corrigidas; desde problemas locais e de cotidiano, como cobrar autoridades responsáveis para tampar aquele buraco na rua na cidade do interior; até a assuntos no âmbito da política que podem culminar em renúncias de chefes de Estado; passando por divulgar informações sobre desvios de dinheiro público – com direito a evidenciar que tem gente capaz de roubar até dinheiro de merenda escolar. Certamente, o mundo sempre enfrentará problemas. Porém, para todo e qualquer problema, haverá os sonhadores do jornalismo apostos para mudar o que existe de errado.
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