São Paulo, SP. 13/1/2021 – É fundamental que os alunos novos sejam recebidos e envolvidos pela escola como um todo.
Em meio a tantas indefinições trazidas pela Covid-19, que desde março do ano passado tem causado muitos impactos na vida de toda a população, agora, às vésperas do início do ano letivo de 2021, pais e alunos se deparam com dúvidas e incertezas sobre qual caminho tomar.
Em um recorte entre todos os ciclos, da educação infantil até o ensino médio, ao que parece, a maior parte das dúvidas atinge pais e alunos que estão mudando do ciclo do fundamental II para o ensino médio. É exatamente nesse segmento que os impactos trazidos pela Covid-19 têm causado muitos transtornos para as famílias.
A dona de casa Geilda Pereira Nunes, mãe de Isabela, tem avaliado a situação já há algum tempo: “Minha filha finalizou o nono ano em 2020. Apesar de ter sido um ano difícil, ela se adaptou bem às aulas on-line, porém, para 2021, Isabela gostaria de mudar de escola, pois, na atual, o ensino médio não é bem avaliado. Mas, com toda essa situação, estou pensando mantê-la na mesma instituição”.
Situações como a de Geilda e Isabela são bastante comuns. “Temos recebido diversos pais que buscam o colégio pela qualidade do nosso ensino, mas que demonstram grande apreensão com a mudança nesse momento de pandemia. Alguns têm optado por manter os filhos numa escola que muitas vezes apresenta baixo desempenho, mas onde eles já têm relações de amizade”, diz Adenilson Bezerra, coordenador pedagógico do Colégio Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo.
A transição do ensino fundamental para o ensino médio é uma espécie de rito de passagem para muitos pré-adolescentes. Ao mesmo tempo em que eles temem perder o contato com os amigos, existe a preocupação de não se adaptar à nova escola, às novas matérias e às exigências de uma maior organização nos estudos. Somando-se esses receios naturais que transcendem as gerações, na situação atual, as dúvidas e medos aumentam e criam um caldeirão de questionamentos para pais e filhos.
Por outro lado, muitas escolas têm atentado para essas questões e desenvolvido programas que promovam a adaptação de novos alunos visando ao envolvimento deles com a escola e, principalmente, a integração entre os estudantes. Para o coordenador pedagógico Adenilson Bezerra, é fundamental que os alunos novos sejam recebidos e envolvidos pela escola como um todo. “Aqui no Liceu, temos diversos programas para integração de nossos novos alunos. Neste ano, excepcionalmente, criamos o Andando Juntos, em que o colégio está concedendo desconto para famílias que indicarem um outro aluno, amigo ou amiga de seu filho ou filha na efetivação da matrícula no Liceu. Entendemos que iniciar junto o ensino médio fortalece a autoconfiança de ambos e, com esse intuito, o Liceu decidiu oferecer esse benefício em prol dos novos alunos.”
A parte financeira é outra questão que tem gerado um certo desconforto entre pais e escolas. Muitas famílias tiveram redução de renda em virtude da pandemia, e outras consideram que as mensalidades deveriam ser reduzidas em função das aulas serem em formato on-line. Essa é uma discussão que vem sendo tratada por diversos órgãos de defesa do consumidor e entidades representativas de escolas privadas. Se por um lado os pais pensam que a aula a distância seja menos “custosa” para as escolas, por outro lado, as escolas afirmam ter feito muitos investimentos para ministrar as aulas remotas com qualidade. Esse embate não terminará tão cedo e, segundo o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieeesp), a expectativa é que 30% das escolas de educação infantil, segmento que tem sido mais impactado, fechem as portas em 2021, infelizmente.
Espera-se que haja um equilíbrio entre as necessidades dos dois lados, segundo Patrícia Loureiro, diretora do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. “Apesar de todas as dificuldades econômicas impostas pelo atual cenário, o Liceu não mediu esforços para manter o seu quadro de professores, colaboradores e terceiros e investir em tecnologia para as atividades e aulas remotas. Além disso, considerando a redução de renda de boa parte das famílias somada a instabilidade causada pela pandemia, decidimos manter o valor da mensalidade escolar de 2020 no ano letivo de 2021.”
Com todas essas variáveis, questionamentos e dúvidas que ainda pairam, é importante que as famílias percebam que neste ano a situação tende a melhorar, seja por conta da vacinação ou mesmo pela adaptação dos alunos ao ensino remoto. Mas é importantíssimo que a avaliação seja feita com muito critério agora para que as famílias decidam pelo melhor futuro para os seus filhos.
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