Em carta, CEO do YouTube fala em barrar conteúdo ofensivo

Susan Wojcicki escreveu carta direcionada aos produtores da plataforma. No texto, a CEO do YoTube fala da luta da empresa em barrar com agilidade  o que for considerado conteúdo ofensivo

O YouTube está trabalhando para cada vez mais barrar o quanto antes conteúdo ofensivo de sua rede. A afirmação é da principal executiva da plataforma de vídeos do Google, a CEO Susan Wojcicki. Em carta pública destinada aos produtores de conteúdo da marca, ela analisa a importância de manter o YouTube como ferramenta aberta a todos os internautas, funcionado como meio de ambiente para a amplificação de diversas vozes sobre os mais variados assuntos. Confira, abaixo, a íntegra do conteúdo:

Susan Wojcicki, CEO do YouTube | Preservando a transparência através da responsabilidade

Olá criadores de conteúdo e artistas.

Como faço todo trimestre (em inglês), quero refletir sobre minhas prioridades e sobre como ajudar vocês a ter sucesso no YouTube. Mas mais do que fazer nossa tradicional avaliação de pontos altos e baixos do trimestre, quero aproveitar para falar sobre uma coisa de extrema importância para mim e para o futuro do YouTube: como ter uma plataforma aberta e equilibrar isso com nossa responsabilidade de proteger a comunidade.

O YouTube foi criado sob a premissa de ser uma plataforma aberta. Com base nisso, criadores de conteúdo como vocês estão contribuindo para uma economia criativa próspera. Mas com essa abertura vêm os desafios, e é por isso que também temos nossas regras do jogo e que elas são atualizadas com frequência. A política de discurso de ódio e a política de assédio (em inglês), que será lançada em breve, são nossas atualizações mais recentes. Em um lugar criado para muitas vozes diferentes, algumas delas poderão ultrapassar os limites. Pessoas mal-intencionadas tentarão explorar plataformas em benefício próprio, mesmo com nosso investimento em sistemas para impedi-las. Quanto mais problemas surgem, mais as autoridades, a imprensa e os especialistas questionam se uma plataforma aberta é algo útil ou até mesmo viável.

Mesmo assim, acredito que manter uma plataforma aberta é mais importante do que nunca.

Em primeiro lugar, essa abertura gera oportunidades. Os criadores de conteúdo de hoje são o que há de mais moderno na mídia. Eles não teriam tido a chance de se inserir em um cenário midiático mais restrito. Criadoras como a fã de robótica Simone Giertz e a vlogger de estilo de vida cega Molly Burke, ambas com um apelo incomum e ignoradas pela mídia tradicional, estão tendo um enorme sucesso no YouTube ao gerenciar negócios, vender produtos, gerar empregos para outras pessoas e criar valor econômico real nas próprias comunidades. Ou criadoras de conteúdo como Laura Vitale, Sallys Welt e Helen’s Recipes, que transformaram a própria paixão por culinária em trabalho em tempo integral, com canais de sucesso, livros de receitas e muito mais. E elas não são as únicas. Segundo um estudo da Universidade Ryerson (em inglês), criadores de conteúdo do YouTube geraram 28 mil empregos de período integral apenas no Canadá. Além disso, 20% dos criadores canadenses qualificados estão gerando emprego para outras pessoas. Em todo o mundo, milhares de canais estão ganhando mais de cem mil dólares por ano, um valor que continua subindo 40% ano a ano.

Em segundo lugar, a abertura estimula o apoio na comunidade. Em uma plataforma assim, uma experiência em comum pode unir as pessoas de maneiras surpreendentes. Por exemplo, a neozelandesa Ryleigh Hawkins criou o canal Tourettes Teen para gerar conscientização sobre como é viver com a síndrome de Tourette. Os vídeos informativos, alegres e bem-humorados conquistaram fãs em todo o mundo e permitiram que outras pessoas nessa condição, que pode levar ao isolamento, soubessem que não estão sozinhas. Adolescentes estão compartilhando vídeos em que mostram que não foram aceitos na universidade (em inglês). Isso serve para lembrar que esse momento doloroso pode acontecer com todos e que é possível dar a volta por cima.

E, por último, a abertura leva ao aprendizado. Como filha de professor universitário e aluna durante toda a vida, ver Edutubers como Origin of Everything, Manual do Mundo e Eddie Woo transformarem o YouTube na maior sala de aula do mundo me inspirou profundamente. Sempre que conheço alguém novo e pergunto sobre o YouTube, ouço uma história sobre algo aprendido no site: como o YouTube ajudou um estudante a ir bem na tarefa de matemática, uma mãe a consertar o portão da garagem ou um funcionário a aprender uma nova habilidade profissional.

Quero deixar claro que nada disso aconteceria sem abertura. Caso contrário, outra pessoa decidiria quem pode compartilhar a própria história, e as vozes ouvidas na plataforma seriam semelhantes a outras que já têm destaque. Aquela microempresa que surgiu porque alguém compartilha a própria paixão pela fabricação de sabonetes nunca decolaria. O adolescente que sofre bullying não encontraria uma comunidade com pessoas parecidas com ele e que mostre que vai ficar tudo bem. E aquela pessoa curiosa e fanática por astrofísica que busca alguns vídeos sobre o tema provavelmente não encontraria nada.

O compromisso com a abertura não é fácil. Às vezes, significa manter conteúdo pouco comum, polêmico ou até ofensivo. Mas acredito que ter uma ampla variedade de perspectivas acaba nos tornando uma sociedade mais forte e mais informada, mesmo que discordemos completamente de algumas dessas visões. Boa parte do nosso trabalho em proteger essa transparência não está apenas nas diretrizes que proporcionam diversidade de expressão, mas nas ações que estamos tomando para garantir uma comunidade responsável. Já disse muitas vezes (em inglês) neste ano que esta é minha prioridade número um. Uma abordagem responsável no gerenciamento do que está na plataforma protege nossos usuários e criadores de conteúdo como vocês. Isso também significa que podemos continuar a promover todas as coisas boas que vêm de uma plataforma aberta.

O conteúdo problemático representa menos de um por cento do conteúdo do YouTube. Mas essa quantidade muito pequena tem um impacto extremamente grande, tanto no dano potencial para nossos usuários quanto na perda de confiança no modelo aberto que permitiu o surgimento dessa comunidade criativa. Existe uma teoria que diz que hesitamos em tomar medidas com relação ao conteúdo problemático porque ele nos daria benefícios comerciais. Isso é completamente falso. Na realidade, em longo prazo, o custo de não tomar as medidas necessárias é a perda da confiança dos usuários, anunciantes e de vocês, nossos criadores de conteúdo. Queremos merecer essa confiança.

É por isso que, nos últimos anos, investimos significativamente nas equipes e nos sistemas que protegem o YouTube. Nossa abordagem em relação à responsabilidade envolve quatro “Rs”:

  • Nós REMOVEMOS conteúdo que viola nossas políticas o mais rápido possível. E estamos sempre buscando tornar nossas políticas mais claras e efetivas, como no caso de pegadinhas e desafios, segurança infantil e discurso de ódio (em inglês) apenas neste ano. Fico feliz que vocês nos informam quando nossas políticas não estão funcionando para a comunidade de criadores. Recebemos o feedback claro de que o assédio entre criadores é um ponto que precisa de atenção. Eu disse na minha carta anterior (em inglês) que analisaríamos a questão. Teremos novidades nos próximos meses.
  • Nós RECOMENDAMOS vozes confiáveis quando as pessoas buscam notícias e informações, especialmente quando se trata das últimas notícias.
  • Nós REDUZIMOS a disseminação de conteúdo que está no limite da conformidade com nossas políticas. Nos EUA, onde já fizemos mudanças (em inglês) nas recomendações no começo deste ano, observamos uma queda de 50% nas visualizações originadas das recomendações para esses vídeos. Isso significa que o conteúdo de qualidade tem mais chance de ganhar destaque. Também começamos a testar essa alteração no Reino Unido, Irlanda, África do Sul e em outros mercados de língua inglesa.
  • Por fim, definimos critérios mais rigorosos para os canais que podem gerar receita no site, RECOMPENSANDO criadores qualificados e confiáveis. Nem todo conteúdo permitido no YouTube corresponderá ao que os anunciantes consideram adequado para a marca. No entanto, precisamos garantir que eles fiquem tranquilos com o local de exibição dos anúncios. É também por isso que estamos possibilitando novas fontes de receita para criadores (em inglês), como o Super Chat e os Clubes dos canais. Milhares de canais passaram a ganhar mais que o dobro da própria receita total no YouTube usando essas novas ferramentas, além da publicidade.

As histórias que criadores de conteúdo como vocês contam me inspiram todos os dias. A comunidade que vocês criaram é a prova viva de que uma Internet que reúne ideias diferentes pode mudar o mundo para melhor. Vocês criaram algo incrível. É nosso trabalho encontrar o equilíbrio ideal entre abertura e responsabilidade para que as futuras gerações de criadores de conteúdo e usuários garantam o futuro da plataforma.

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Anderson Scardoelli

Jornalista "nativo digital" e especializado em SEO. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupou até abril de 2022.

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