Mais uma edição da revista Época chegou às bancas na manhã desta sexta-feira, 20. E com ela o destaque para a entrevista feita pela dupla Jaílton Carvalho e Thiago Herdy com Rodrigo Janot. Entre tantos assuntos discutidos na conversa, que rendeu capa do impresso, o ex-procurador geral da República registrou críticas a dois dos maiores jornais do país: Estadão e Folha de S. Paulo.
Em relação ao diário mantido pela família Frias, Rodrigo Janot lembrou da perícia que fora contratada após a revelação do áudio completo da gravação feita pelo delator Joesley Batista de uma conversa que teve com o presidente Michel Temer. A análise publicada pela Folha deu base para o emedebista rechaçar a denúncia por parte da Procuradoria-Geral da República e ao conteúdo publicado originalmente por O Globo, veículo do mesmo grupo que mantém a revista Época. Em maio de 2017, o colunista Lauro Jardim publicou que Temer teria concordado com a propina paga por Joesley a Eduardo Cunha.
Com o perito, Folha e O Globo trocaram farpas veladas. Depois da análise publicada pelo jornal paulistano, a publicação carioca acusou o perito contratado pelo concorrente de ter usado “equipamento amador”. No geral, a análise feita por Ricardo Caires do Santos a pedido da FSP descreditava o teor do material assinado por Lauro Jardim. Em resposta, a Folha, que em nenhum momento revelou o valor do contrato acertado com o perito, deu a entender que o profissional negou ter dado outra versão sobre a perícia à reportagem de O Globo.
“Teve uma perícia bem interessante da Folha de S.Paulo sobre essa gravação”, ironizou Rodrigo Janot na entrevista concedida à revista Época. “Estou esperando as desculpas do jornal até hoje”, cobrou o ex-procurador-geral da República. Ao ser questionado pelos jornalistas a razão para a desculpas por parte do jornal, ele deu a entender que o veículo deixou de apresentar um trabalho de qualidade.
“Fizeram uma violação do estado democrático de direito. A imprensa não é para isso. Eu não sei quais interesses eles estavam defendendo ali, quando disseram que essa gravação tinha de ter sido periciada antes. E mais: apresentaram uma perícia interpretativa de uma pessoa que escuta e interpreta o que ouve”, reclamou o ex-PGR.
Sobre a conduta de O Estado de S. Paulo, o entrevistado da vez pela Época foi menos severo. Porém, questionou o que levou o jornal a publicamente defender a manutenção de Michel Temer na presidência da República. “A imprensa tem de ser livre e tem de falar. O editorial, por exemplo, do Estado de S. Paulo é a opinião do jornal, da empresa. Mas quem é que paga essa empresa? Por que o jornal não divulga todo mês quanto recebeu de publicidade oficial?”. Rodrigo Janot, contudo, negou que tivesse relacionando a postura do impresso com ganhos vi governo federal. “Estou dizendo que eles tiveram opinião crítica. O que eu não sei dizer é o que motivou aquilo ali”, pontuou.
Na conversa com Jaílton Carvalho e Thiago Herdy, Rodrigo Janot disparou outras críticas. Um dos alvos foi a Raquel Dodge, sua sucessora no comando da Procuradoria-Geral da República. “[As investigações] estão num ritmo mais lento do que acontecia antes. Isso é visível”, disse. O entrevistado ainda falou das decisões tomadas pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal e adiantou que pretende atuar no setor privado ao decorrer dos próximos meses. A entrevista completa publicada pela revista Época com o ex-procurador-geral da República pode ser lida no site oficial da marca.
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