Opinião

Em época de fake news, editor valoriza as good news

Editor e fundador do site SóNotíciaBoa, Rinaldo de Oliveira propõe um dia com só disseminação de conteúdos positivos. Com o Dia da Notícia Boa, jornalista visa substituir as fake news pelas good news

Há nove anos, o jornalista Rinaldo de Oliveira estava cansado de só acompanhar notícias sobre tragédias e afins. Dessa forma, ao lado da mulher, a também jornalista Andrea Fassina, ele teve a ideia de criar um projeto de comunicação que fosse pelo caminho oposto. Onde violência, mortes e demais pautas “amargas” não tivessem vez. Com isso, em 9 de agosto de 2011, a imprensa brasileira passava a contar com o site SóNotíciaBoa. Espaço que até hoje ignora as bad e fake news para enaltecer as good news.

Nos últimos anos, porém, Rinaldo de Oliveira e toda a equipe do SóNotíciaBoa têm trabalhado para a produção e distribuição de assuntos positivos irem além das páginas do próprio site. Nem que seja ao menos durante o período de 24 horas, uma vez por ano. Para isso, foi pensada — há alguns anos — a criação do “Dia da Notícia Boa”. A data escolhida não poderia ser outra: a que marca o aniversário do veículo de comunicação online. Na edição 2019, é contar com apoio de internautas e outros players de mídia, com a ignoração (mesmo que momentânea) de temas ruins e promoção da hashtag #DiaDaNoticiaBoa.

Dia da Notícia Boa

O projeto do Dia da Notícia Boa ganha força, conforme destaca Rinaldo de Oliveira em entrevista exclusiva à reportagem do Portal Comunique-se, ao passo em que o site também se fortalece cada vez mais, tanto em audiência quanto na parte comercial. Em termos de alcance, o SóNotíciaBoa contou com 1,5 milhão de visitantes em junho, com mais de 2,5 milhões de páginas visualizadas no período, segundo divulgado pelo próprio editor. Na parte de rentabilização, conta com uma empresa parceira e ações de branded content.

Sobre o Dia da Notícia Boa, os destaques publicados ao longo de nove anos de SóNotíciaBoa e os desafios de se dedicar ao projeto em que só conteúdos positivos têm vez, Rinaldo de Oliveira conversou com a reportagem do Portal Comunique-se.

Rinaldo de Oliveira e Andrea Fassina. Casal de jornalistas por trás do site SóNotíciaBoa (Imagem: arquivo pessoal)

Confira, abaixo, a entrevista com Rinaldo de Oliveira, do site SóNotíciaBoa:

Qual a importância de se ter o Dia da Notícia Boa?

As pessoas andam tristes, amargas, irritadas, cheias de raiva e as notícias ruins postadas nas redes sociais reforçam e propagam esses sentimentos negativos, que fazem mal para todo mundo. Nossa ideia com o Dia da Notícia Boa é animar, inspirar e melhorar o dia das pessoas espalhando informação positiva, histórias de superação, de criatividade, de bondade, de amor, justamente para quebrar essa onda de provocações, tragédias e violência que desfilam nas time lines das pessoas. O desafio é “aliviar” as redes sociais durante 24 hora usando a hashtag #DiaDaNoticiaBoa em tudo de legal que você postar. E se aparecer notícia ruim na rede, a gente não curte nem compartilha.

Com o site SóNotíciaBoa, sua visão sobre jornalismo mudou?

Sim. A gente desenvolveu um olhar diferente para a notícia. Aprendeu a enxergar histórias, descobertas e situações positivas como manchete da página e não como notícia de rodapé. E o público adora isso! É uma quebra de paradigmas na imprensa. O leitor está mais atento. Está percebendo que jornalismo não é só notícia ruim, tragédia, violência e corrupção. E agora busca informação positiva também. Os colegas jornalistas e o pessoal de marketing já perceberam essa mudança. Nesses 8 anos de SóNotíciaBoa, nossas matérias viraram pauta para outros diversos veículos de comunicação. O crescimento da audiência refletiu no mercado publicitário. Grandes empresas já procuram para anunciar no SóNotíciaBoa.com.br e nas nossas redes sociais na intenção de falar para um público diferenciado, mais otimista, que tem esperança e foca no que é positivo.

Quais os principais desafios de se manter um veículo de comunicação só com a publicação de notícias boas?

O primeiro desafio é encontrar notícia boa todo dia e checar a procedência. Por sorte, nosso público é fiel, sempre manda pautas para a gente analisar e colegas assessores de imprensa também contribuem. O segundo é manter o crescimento da audiência sem perder a credibilidade do portal. O terceiro é conquistar o mercado publicitário, mostrar que atrelar a imagem do cliente a fatos positivos dá bons resultados. A notícia boa é que em tempos de crise e demissões nas redações, o SóNotíciaBoa se mantém com as próprias pernas, sem prejuízo.

De todas as histórias já contadas, quais foram as mais marcantes?

As mais marcantes sempre parecem as mais recentes (risos). O vídeo do pai com Alzheimer, que reconheceu o filho após tratamento com óleo de cannabis, em Goiânia, emocionou o público –  e a gente também. Emocionou pela história e mostrou como o Brasil está atrasado em relação à liberação do remédio, uma “hipocrisia social”, como bem disse o general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército e atual assessor do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do Palácio do Planalto.

Um conteúdo que bombou foi o vídeo do filho que cuida da mãe, cega há 10 anos e há 5 anos na cama. Ele dá comida na boca da mãe, troca fraldas, penteia os cabelos… “eu não vou te abandonar”, diz Saulo Luiz Albuquerque, de 37, anos a Dona Maria Emérita, de 79 anos. A família vive em Pernambuco com um salário mínimo por mês. Outro vídeo recente foi a do vovô com Alzheimer que reconheceu o neto e ofereceu leite para ele de madrugada. Já as campeãs de audiência, são a do site que ajuda a descobrir seus antepassados em segundos – quase 800 mil acessos – e a do médico brasileiro que fez cirurgia para reverter o Alzheimer: memória voltando – 720 mil acessos.

Como tem sido o trabalho para rentabilizar o projeto?

Trabalhamos com uma empresa de mídia aqui em Brasília que comercializa o portal e traz comerciais dos setores público e privado. Também fazemos branded content e usamos mecanismos de marketing para publicizar nossas redes sociais e o portal.

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Anderson Scardoelli

Jornalista "nativo digital" e especializado em SEO. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupou até abril de 2022.

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