A adoção de critérios ambientais, sociais e de governança corporativa na prática do negócio é avaliada por 60% das grandes empresas de São Paulo para selecionar ou contratar fornecedores. É o que aponta a pesquisa Rumos ESG na Indústria Paulista, realizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e FIA Business School. A sigla vem do inglês para Environmental, Social and Corporate Governance e tem sido o norte de atuação de empresas que querem criar ou manter reputação como organizações sustentáveis.
O levantamento foi realizado com 192 organizações de portes pequeno, médio e grande. Entre as grandes, 75% afirmaram que suas metas estratégicas já abarcam integralmente os indicadores ESG. E entre as que exigem a adoção dos indicadores de seus fornecedores, somente 30% destes conseguem cumprir satisfatoriamente os critérios exigidos.
Um dos motivos da preocupação das grandes empresas em analisar criteriosamente os fornecedores está ligada à prevenção de fraudes, como mostrou a Pesquisa Global sobre Fraudes e Crimes Econômicos 2022, realizada pela PWC. Entre os executivos brasileiros entrevistados, 62% afirmaram ter sofrido alguma forma de fraude ou outro crime econômico neste ano. Eles também apontaram agentes externos como os principais causadores de fraudes. E entre os tipos de agentes externos, os fornecedores foram os terceiros mais citados (19%) quando se questionou com quem as organizações mais tiveram problemas.
A seleção de fornecedores conectados com critérios ESG e, ainda, com as diretrizes e padrão de qualidade da organização é importante não só para manter reputação no mercado, mas também para não perder confiança de seus clientes e consumidores.
“Quando uma organização maior optar pela terceirização, ela precisa considerar a relevância de ter fornecedores parceiros, de confiança e bem estruturados que possam oferecer uma entrega condizente com requisitos pré-estabelecidos, que atendam as expectativas de seu cliente final, evitando assim que o relacionamento seja afetado de forma negativa”, explica a supervisora de Outsourcing (Terceirização, em português), Jaqueline Cristina Paulischen.
A profissional ressalta que um dos erros que podem custar caro para a reputação das empresas é contratar fornecedores ou empresas terceirizadas focando apenas na redução de custos. “Para que a terceirização de produtos ou serviços funcione e seja vantajosa, a organização precisa considerar que a qualidade do que é oferecido não pode ser comprometida e, menos ainda, a reputação da marca. As grandes empresas pecam pensando apenas ou dando uma importância maior somente para a redução de custos que a operação proporciona”, avalia.
Empresas podem investir na qualificação de bons fornecedores, defende especialista
Uma forma de garantir que fornecedores e empresas terceirizadas atendam tanto a critérios ESG ou de qualidade exigidos é ajudá-los na capacitação para alcance desses critérios. Jaqueline Paulischen detalha que as contratantes precisam investir tempo e pessoal capacitado para a seleção ou desenvolvimento de empresas. Ela conta que em alguns casos, será necessário, inclusive, investimento financeiro para alcançar requisitos importantes para a marca.
“Por vezes, acaba sendo vantajoso a segunda opção, visto que o fornecedor pode ser moldado e estruturado de acordo com as necessidades da organização, atendendo assim de forma mais efetiva as negociações. Isso também proporciona à empresa menor base estrutural para crescer e buscar novos clientes”, defende a profissional, que tem 14 anos de experiência na área.
Para garantir o sucesso da produção ou prestação de serviço investindo em terceirização, a empresa deve apostar em profissionais atentos a avaliar requisitos como estrutura física e de pessoal dos candidatos a fornecedor, a gestão dos seus negócios, fazer cálculo de custos e despesas, entender como eles negociam, avaliar seus métodos, tempos e perdas e, especialmente, a qualidade do serviço prestado ou produto acabado.
“Esses são alguns dos pontos que um profissional que executa a gestão de terceirizados deve acompanhar e auxiliar sua cadeia de fornecedores, a fim de garantir sucesso na operação, pois tais monitoramentos reduzem o risco de desvios de processo e necessidade de ações corretivas e, em certos momentos, dispendiosos para a organização”, aconselha Paulischen.
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