Atrações definidas como “policialescas” transmitidas em emissoras de rádio e TV cometeram 15.761 infrações a leis brasileiras e multilaterais. Isso tendo como base apenas 30 dias, precisamente de 2 a 31 de março do ano passado. O dado faz parte do estudo realizado pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi), que divulgou os resultados na última semana.
Além das mais de 15 mil infrações à legislação nacional, a pesquisa aponta que programas produzidos pela imprensa desrespeitaram normas regulatórias, como o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, em 1.962 oportunidades (tendo como base o mesmo período de 2015). Para chegar aos números, os organizadores do levantamento acompanharam 28 produções geradas em dez cidades do país.
Os municípios que tiveram programas policialescos monitorados foram Belém, Belo Horizonte, Brasília, Campo Grande, Curitiba, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Para a realização dos trabalhos, a Andi contou com parceria do Ministério Público Federal e teve colaboração de entidades civis, casos da Artigo 19 e do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social.
Ao analisar os resultados, a Andi sugere que o modelo de radiodifusão do país precisa ser reavaliado. “O monitoramento revelou um volume de violações e infrações que evidencia o caráter não circunstancial das práticas anti-humanistas e antidemocráticas desse modelo de comunicação”, afirma a entidade. Para a instituição, o estudo releva que há na mídia “padrões discursivos incompatíveis com a democracia, com ataques reiterados a suas instituições e instrumentos; discursos de ódio contra o campo de defesa dos direitos humanos; e combate público aos parâmetros que regem o exercício da imprensa”.
Guia de monitoramento
Os dados do estudo estão integralmente registrados no terceiro volume do guia Violações de direitos na mídia brasileira. A obra, disponível gratuitamente para download em formato PDF, registra em um dos oito capítulos o “perfil dos que tiveram direitos violados” em programas de rádio e TV. Suspeitos de crimes e famílias de vítimas expostas em reportagens lideram o ranking.
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