Pelo menos três veículos de comunicação apareceram em documento entregue ao Ministério Público Federal com declarações de Emílio Odebrecht sobre o relacionamento da empresa com a mídia. De acordo com informações da Folha, o empresário disse que fez “esforços para solucionar situação financeira de alguns veículos” e citou nominalmente Estadão, Gazeta Mercantil e Jornal do Brasil.
Odebrecht se manifestou sobre o assunto por escrito ao colaborar no âmbito da Operação Lava Jato com informações sobre a contribuição que a empresa fez à revista Carta Capital a pedido do ex-presidente Lula nos anos de 2011 e 2012. O acordo envolvia adiantamento de compra de espaço publicitário e, em contra partida, se pedia para que os veículos não apurassem informações negativas à Odebrecht.
“Nossas ajudas à imprensa, sem dúvida nenhuma, nós colocávamos: ‘Meu filho, você tem de defender também as coisas. Não quero que esteja tolhido de dar informações, mas não explore as informações. São coisas diferentes”, afirmou o empresário, que ainda disse que essas conversas aconteceram com todos os veículos. “O único que eu não me lembro se houve nenhuma ajuda direta foi a Globo. O resto com certeza nós já tivemos de uma forma ou de outra”. Odebrecht disse que o pedido de ajuda à Carta Capital teve origem, enquanto as conversas com os demais veículos eram feitos diretamente à empresa. “Era privado com privado”, explicou.
Em nota, o Estadão disse que o relacionamento da empresa com o impresso era comercial. “As relações com a Odebrecht sempre foram comerciais, entre empresas, sem nenhum vínculo com a cobertura jornalística. O Grupo Estado mantém relacionamento comercial com centenas de empresas”.
A Carta Capital, que já tinha sido citada no ano passado, reforçou o posicionamento que já tinha e informou que “ataques rasteiros” irão intimidar a marca. “Nos depoimentos, fica claro que o ‘empréstimo’, na verdade um adiantamento de verba publicitária, era uma prática corriqueira da construtora. Reforçamos: trata-se de um expediente comum no mercado”.
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