Só aprendi a escrever a palavra “empecilho”, com “c”, depois da terceira, e última, tentativa de entrar na empresa para a qual mais tempo trabalhei como revisor, mas a correção só de um textículo (cerca de 340 palavras) me fez perder um trabalho temporário no mesmo bairro onde eu já havia perdido outra oportunidade de cobrir férias de outro revisor, ou revisora, em outra agência, com a diferença de que na primeira agência o que me fez deixar a vaga para outro colega de ofício não foi minha incapacidade de entender as instruções da recrutadora para corrigir os outros anexos que faziam parte do teste (dois folhetos de ofertas e uma tabela), enviado para meu endereço eletrônico, mas, segundo a pessoa que me chamou para uma entrevista, a distância e a falta de familiaridade com os computadores que a empresa usava, da, como gosto de chamar, “maçã mordida”.
O empecilho da distância, até a tradutora que me havia enviado o anúncio que alguém do grupo de que ela participava em uma rede social tinha postado já esperava, uma vez que ela escreveu: “Sei que não é muito e talvez um pouco longe, mas não custa repassar, veja se interessa.”.
Bote longe nisso, mas, como eu disse ao recrutador da agência, se minha amiga soubesse quanto dinheiro eu estava ganhando com os bicos que, para compensar a pouca quantidade de textos que apareciam para revisar, eu estava fazendo e quantas conduções eu pegava (ônibus-metrô-trem-trem-ônibus) para ir trabalhar em Alphaville quando morava em Embu das Artes, não teria dito que o rico e famoso bairro onde pobre só se sente bem-vindo como empregado ou prestador de serviços era longe, porque quem precisa não mede distância.
Com mais de duas décadas de sucessos e fracassos em minha incansável carreira de revisor, já me acostumei tanto com estes e outros empecilhos que podem fazer parte da vida de quem procura emprego, como falta de experiência, de indicação, de diploma de ensino superior e de outro idioma e idade avançada, que, quando um deles me faz, poeticamente falando, voltar para casa abatido, me levanto e continuo andando, pois, como disse um dos entrevistadores que já me reprovaram, quem não para de caminhar sempre chega a algum lugar.
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