Gerenciar o próprio negócio, cuidar dos filhos, realizar atividades domésticas e ainda achar tempo para si. A vida da mulher empreendedora no Brasil não é fácil – ou pelo menos para 70% delas. Isso é o que indica a pesquisa Mulheres Empreendedoras, realizada pela Unidade de Inteligência Estratégica (UINE) do Sebrae de Minas Gerais.
De acordo com o relatório, 7 em cada 10 mulheres que estão na linha de frente de seus próprios negócios também são responsáveis pelos afazeres domésticos. Apenas 14% contam com a ajuda do cônjuge ou de outros moradores, enquanto 12% optam por pagar alguém para realizar essas atividades.
“A pressão para desempenhar múltiplos papéis muitas vezes resulta em desafios adicionais para as mulheres empreendedoras, que buscam desenvolver seus negócios enquanto lidam com as demandas diárias do lar”, destaca Cristina Boner, empresária e profissional da área de tecnologia.
O desafio da dupla jornada de trabalho
Segundo a Pesquisa Global de Empreendedorismo GoDaddy 2024, 50% das brasileiras donas de seus próprios negócios fazem parte da geração Millennial, ou seja, têm entre 25 e 39 anos. E essa é justamente a faixa etária em que muitas precisam conciliar suas empresas com suas vidas pessoais. É a chamada dupla jornada de trabalho.
Segundo o Serasa Experian, a dupla jornada ocorre quando as mulheres, após cumprirem seu turno profissional, precisam lidar com outra jornada: a doméstica – que além de ser um trabalho, não é remunerado.
Ainda de acordo com o relatório GoDaddy, 68% das donas de negócios no Brasil são mães. Considerando, então, o cuidado com os filhos, muitas enfrentam uma jornada tripla. Ou seja, as horas que deveriam ser dedicadas ao descanso ou lazer acabam sendo completamente preenchidas com diversos afazeres.
A pesquisa do Sebrae revela outro dado importante: 9 em cada 10 mulheres têm dificuldade em conciliar a gestão do negócio com o cuidado dos filhos. E 44% delas não têm com quem deixar as crianças enquanto trabalham. Assim, muitas mulheres têm a constante sensação de que estão sempre labutando enquanto estão acordadas.
Cristina ressalta que “essa sobrecarga de responsabilidades pode afetar negativamente a saúde física e mental das mulheres, além de limitar suas oportunidades de progresso profissional e desenvolvimento pessoal.”
Parceria e flexibilidade podem ser a solução
Para muitas brasileiras, abrir mão de seu negócio para se dedicar apenas à casa e aos filhos não é uma opção. Segundo o estudo, 74% delas afirmam que suas empresas são sua principal fonte de renda. E mesmo dentre os 26% das mulheres que têm no empreendedorismo uma fonte secundária de renda, a maioria (41%) paga as contas com o que recebem como autônomas.
Boner defende que “é crucial que a sociedade reconheça e aborde essas questões, promovendo políticas e práticas que apoiem a equidade de gênero e ajudem a distribuir as responsabilidades domésticas de forma mais igualitária”.
Para ela, é fundamental que os parceiros participem mais ativamente das tarefas domésticas e que políticas de trabalho flexível sejam estimuladas, a fim de permitir às mulheres equilibrar suas diversas responsabilidades. Ainda segundo a pesquisa GoDaddy, para 23% das empresárias, foi justamente a flexibilidade que as levou a empreender.
“Ao reconhecer e enfrentar esses desafios, podemos criar um ambiente mais inclusivo e favorável ao crescimento e desenvolvimento das mulheres empreendedoras e profissionais, promovendo assim uma sociedade mais justa e igualitária para todos”, finaliza.
Para mais informações, basta acessar: Cristina Boner | LinkedIn
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