A queda de tensão é um problema que pode causar diversos transtornos para a instalação elétrica seja ela residencial, comercial ou industrial. Essa adversidade ocorre quando a tensão fornecida a um aparelho elétrico é inferior à necessária para o seu funcionamento adequado e que resulta na perda de eficiência, má operação e até mesmo algum tipo de dano para os equipamentos elétricos.
As consequências mais comuns da queda de tensão em residências, por exemplo, incluem lâmpadas com luminosidade menor que o normal, eletrodomésticos funcionando de forma anormal, chuveiros elétricos esquentando menos que o esperado, entre outros.
Entre as principais causas da queda de tensão estão o mau dimensionamento dos cabos elétricos por onde passam as correntes elétricas; e as longas distâncias entre a fonte de energia e o ponto de consumo.
“A queda de tensão em um circuito é o resultado físico e matemático da passagem da corrente elétrica por um condutor elétrico que tem uma certa resistência à passagem dessa corrente. E, para compensar a queda de tensão em um circuito, é preciso aumentar a seção nominal do condutor na medida que aumenta o comprimento do trecho”, afirma o professor e engenheiro eletricista Hilton Moreno, que também é consultor técnico da COBRECOM.
Segundo o profissional, cada situação de queda de tensão pode exigir uma abordagem específica e, por isso, é fundamental contratar um profissional especialista em sistemas elétricos que seja habilitado e capacitado para avaliar a melhor solução para cada caso.
“A queda de tensão depende diretamente de três fatores: intensidade da corrente elétrica que percorre um condutor, comprimento desse condutor e seção nominal desse condutor. A corrente elétrica é um parâmetro que depende da potência da carga a ser alimentada e da tensão que ela será ligada. Para uma mesma potência da carga, se a tensão for aumentada, a corrente diminui.”, explica Hilton Moreno.
Ele ainda esclarece que, se for possível, para efeito de queda de tensão, deve-se escolher tensões de alimentação mais elevadas.
“Por exemplo, se um equipamento qualquer puder ser alimentado em 127 volts ou 220 volts, a escolha deve ser pela tensão de 220 volts, que resultará em uma corrente elétrica menor do que em 127 volts”, conclui o consultor técnico da COBRECOM.
Queda de tensão pode afetar o desempenho dos equipamentos eletrônicos?
Todo equipamento eletroeletrônico funciona de modo adequado somente se alimentado por uma tensão especificada pelo fabricante, dentro de uma variação para mais e para menos também determinada.
“Se tal tensão nominal, dentro da variação permitida, não chegar nos terminais do equipamento ou na tomada onde ele será ligado, o funcionamento do aparelho pode ficar comprometido, sendo que o seu desempenho será abaixo do esperado ou até simplesmente ele não irá funcionar. São os casos, por exemplo, de lâmpadas que emitem uma luz muito fraca ou não acendem, um chuveiro elétrico que não esquenta a água na temperatura esperada, ou um motor elétrico que gira muito devagar e com pouco torque, entre outros”, esclarece Hilton Moreno.
O profissional ressalta que é pouco provável que a queda de tensão resulte em danos permanentes em um equipamento.
“Porém, como explicado anteriormente, ela pode afetar o funcionamento normal ou até mesmo impedir que o equipamento funcione”, completa.
Para evitar a queda de tensão
Entre as várias soluções para evitar a queda de tensão estão o correto dimensionamento da instalação elétrica, que deve ser feito por profissionais qualificados e capacitados para elaborar o projeto, executar a instalação, além de especificar de maneira adequada os materiais e soluções para cada obra.
“Cabe à fase de projeto a escolha adequada da tensão de alimentação da carga, a localização do quadro no centro de carga e, se necessário, o aumento da seção nominal do condutor para reduzir a queda de tensão, tornando-a compatível com o limite fixado pela normalização”, revela Hilton Moreno.
Além disso, somente um profissional habilitado (técnico, tecnólogo ou engenheiro) e qualificado, que possua conhecimentos específicos de instalações elétricas, deve elaborar um projeto de acordo com as necessidades de cada construção e, em casos de obras já prontas com problemas de queda de tensão, analisar o assunto e tomar as decisões corretas para solucionar eventuais adversidades.
“O cálculo da queda de tensão utiliza tabelas que não constam das normas técnicas, mas são fornecidas pelos fabricantes de condutores, como é o caso das tabelas de queda de tensão oferecidas pelos fabricantes de fios e cabos elétricos como a COBRECOM em seus catálogos técnicos”, diz Hilton Moreno.
Comprimento do circuito
Longas distâncias entre a fonte de energia e o ponto de consumo aumentam os riscos da queda de tensão.
A NBR 5410 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) – Instalações Elétricas de Baixa Tensão, impõe o limite máximo de 5% de queda de tensão que um circuito alimentado diretamente pela rede pública pode apresentar.
A partir daí, cabe ao projetista tomar as decisões sobre a tensão de alimentação da carga, calcular o posicionamento adequado do quadro e então realizar os cálculos da seção nominal de cada circuito para que todos atendam ao limite imposto pela norma.
“Em novos projetos, é fundamental considerar a distância entre a fonte e os pontos de consumo, e especificar fios e cabos elétricos de qualidade comprovada, que atendem às normas técnicas, que têm certificações realizadas por órgãos reconhecidos como o Inmetro, além de serem adequadamente dimensionados”, orienta o consultor técnico da COBRECOM.
Segundo Hilton Moreno, a instalação do quadro no centro de carga também é uma poderosa forma de reduzir bastante as quedas de tensões em todos os circuitos.
“Mesmo com a escolha adequada da tensão de alimentação e com a localização do quadro no centro de carga, há situações em que a queda de tensão em alguns circuitos se mantém elevada, acima do limite da NBR 5410. Nestes casos, o único recurso disponível é aumentar a seção nominal do condutor daqueles circuitos. Aumentando-se a seção nominal, automaticamente é reduzida a resistência elétrica do condutor, diminuindo consequentemente a queda de tensão”, indica Moreno.