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Empresas endividadas optam por renegociações e evitam tomar novos recursos

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As empresas brasileiras vêm enfrentando muitos desafios para administração do caixa. Esse cenário está provocando mudanças na forma de administrar suas demandas, relações com fornecedores e preços de insumos, demanda por tecnologia, planejamento fiscal e até mesmo questionamentos sobre processo sucessório e política de investimento e crescimento. A avaliação é de Luis Alberto Paiva, CEO e fundador da Corporate Consulting, especializada em turnaround e reestruturação de empresas.

Segundo ele, é visível que a forma de conduzir os negócios não é mais baseada em modelos de crescimento através de endividamento, como era feito no passado. Os fatores que levaram a isso têm relação direta com o custo financeiro, custo de contratação e dificuldades para consolidação das garantias. As empresas estão aprendendo a se organizar, colocar suas contas em equilíbrio e a evitar investimentos desordenados.

Outro fator relevante destacado pelo especialista é que empresas não tomam mais recursos para rolagem de dívidas e entendem que a dívida nova é mais cara do que a dívida antiga, motivo pelo qual buscam uma reestruturação junto ao credor. Para isso, dispõem de diversas possibilidades, que vão desde uma repactuação até medidas judiciais de proteção (Lei 11.101/05). O setor de comércio foi o mais representativo no último ano, até devido às grandes mudanças de perfil de comportamento do consumidor. De acordo com dados do Serasa Experian, a demanda das empresas por crédito era de 30,7% em julho de 2021. Em julho deste ano, o resultado ficou negativo, em – 11,9%. As que tiveram major queda na captação de recursos foram as de médio porte.

“A redução no número de recuperações judiciais que temos assistido neste ano se deve ao fato de que os devedores e credores têm se ajudado na atenuação de medidas mais drásticas. Isso não necessariamente resolve o problema de endividamento, mas propicia uma melhor adequação no fluxo dos devedores, ainda que a custos maiores”, explica Paiva.

Se por um lado a elevação nos custos dos insumos ao longo de 2021 e 2022 mudou drasticamente a relação de resultados das empresas, e as deixou sem margens para cumprir o pagamento de dívidas, outras medidas foram implementadas para a melhoria dos resultados. A principal, acrescenta o CEO da Corporate Consulting, é compor um quadro salarial menos oneroso aliado a medidas de reajuste de preços. Ambas, porém, reduzem o poder de consumo e remetem a quadros recessivos.

“Mas como a relação atual é por sobrevivência, qualquer medida tem sido utilizada postergando decisões assertivas para depois. O corte nas decisões de investimento e medidas de contenção afetam diretamente o setor de serviços, que foi e continua sendo o mais afetado desde o início deste ano”, finaliza Paiva.

   

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