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Energia eólica em alto mar: potenciais, desafios e gargalos do setor

11/1/2021 – A importância de energias renováveis, estimula a busca por novas fronteiras, como por exemplo, a instalação de complexos e extensos parques eólicos em alto mar.

A energia eólica offshore tem se desenvolvido de forma muito rápida e, com o crescimento dos projetos e suas turbinas, a demanda por embarcações especializadas de instalação aumentará, conforme relatado recentemente pela Rystad Energy. É bem provável que em breve haja uma escassez de embarcações para execução desse tipo de projeto.

Existem hoje em operação aproximadamente 32 embarcações de instalação de turbinas e 14 navios que executa o escopo da instalação de fundação, sendo que ambos os casos outras cinco unidades já estão encomendadas.

Conforme último relatório da IEA (International Energy Agency) sobre o tema, o mercado mundial de energia eólica no mar cresceu quase 30% ao ano entre 2010 e 2018, beneficiando-se de rápidas melhorias na tecnologia empregada. Nos próximos cinco anos, cerca de 150 novos projetos eólicos offshore estão programados para serem concluídos em todo o mundo, apontando para um papel cada vez proeminente para a energia eólica no mar na matriz de fornecimento de energia a sociedade.

“O mercado de navios capazes de instalar grandes componentes eólicos offshore está sendo rapidamente superado pela crescente demanda considerando o desenvolvimento mundial. A frota global será insuficiente para atender à demanda após 2025, abrindo espaço para encomenda de navios mais especializados e conversões de navios de carga pesada do setor de petróleo e gás”, declara a Rystad Energy.

Existem atualmente apenas quatro navios capazes executar escopo de instalação referente a próxima geração de turbinas, como a Haliade-X 12-MW da GE, considerada a turbina eólica offshore mais potente do mundo, que deverá ser comercializada este ano. Conforme a tecnologia avança e tendo em vista que a próxima geração de turbinas eólicas contará com tamanhos ainda maiores, é inevitável que ocorra um déficit no número de navios disponíveis para a instalação de parques eólicos dessa magnitude.

 

Principal gargalo para novos parques eólicos offshore

“O setor de navios heavy-lift é considerado o principal gargalo para o desenvolvimento eólico offshore. A falta dessas embarcações pode aumentar significantemente os custos (capex) ou tempo de construção necessário para o desenvolvimento de novos projetos de parques eólicos offshore”, diz Rafael Souza.

Quando se trata de realizar o içamento de equipamentos a mais de 200 metros do nível do mar, as embarcações precisam ser capazes de executar o projeto de forma segura e com precisão. Diversos fatores, como a altura de elevação, o amplo espaço no convés e a capacidade máxima do guindaste utilizado são aspectos relevantes e influenciam diretamente no nível de competitividade entre as empresas participantes do setor.

 

Oportunidades de sinergia com o tradicional setor de óleo e gás

Construtores de navios, empresas de engenharia e estaleiros estão desenvolvendo novos projetos para embarcações voltadas para particularidades desse crescente setor. Essa nova geração de embarcações está sendo projetada para carregar, transportar, elevar e instalar as mais recentes fundações de turbinas eólicas offshore.

Em alguns casos, essas tecnologias estão sendo desenvolvidas por empresas tradicionais de serviços e afretamento de óleo e gás offshore, assim como por empresas com grande experiência no mercado marítimo e shipping. Com décadas de experiência na construção e operação de plataformas de petróleo offshore, na costa americana, na costa brasileira e em diversas outras regiões mundo afora, as principais empresas de óleo e gás estão posicionadas com bons diferenciais para gerenciar todos os desafios logísticos, técnicos e de recrutamento no desenvolvimento dos parques eólicos offshore, em função de diversas semelhanças entre os dois setores.

Plataformas flutuantes da indústria de óleo e gás, podem ser adaptadas sem grandes complexidades, aproveitando suas estruturas e fixando-as ao fundo do mar, obtendo então uma ótima estabilidade para a turbina instalada no topside da plataforma. Além disso, as estruturas podem ser montadas em terra para depois serem rebocadas para o alto mar, tornando a operação mais eficiente e segura.

A empresa de engenharia Zentech, sediada em Houston, especializada em plataformas e sondas de perfuração de petróleo offshore, anunciou planos para a construção do primeiro navio americano de instalação de turbinas eólicas offshore.

 

Capacitação e desenvolvimento para esse setor

“Para estar preparado para este setor, é importante que as pessoas se antecipem a demanda que está por vir, caso contrário, haverá uma grande escassez de mão de obra”, diz Rafael Souza, engenheiro, com larga experiência no setor de energia e um dos poucos brasileiros que completou no ano passado um renomado curso sobre Wind Energy na DTU – Technical University of Denmark.

O setor de óleo e gás já sofreu muito com essa situação há 10 anos, com a falta de profissionais capacitados para trabalharem embarcados, gerando uma altíssima inflação de custos no desenvolvimento e produção de um campo petrolífero. É importante que o setor de renováveis não incorra com o mesmo problema, do contrário os investimentos poderão tornar-se proibitivos, inviabilizando muitos projetos de energias renováveis.

 

Riscos e seguros envolvidos

É fundamental que os processos de gestão de riscos e os programas de seguros estejam bem estruturados para permitir uma maior eficiência deste setor. Práticas já empregadas em outras indústrias podem servir de base para diversos projetos em andamento.

“O processo de gestão dos riscos de projetos de instalação de turbinas eólicas no mar não difere muito dos processos em demais projetos de instalação e construção submarina que já ocorrem há décadas. É importante que se leve em conta essa base de conhecimento e expertise, para evitar erros do passado, mitigando de forma assertiva eventuais riscos de danos ambientais, as pessoas, danos a terceiros e aos equipamentos”, aconselha Rafael.

O setor de renováveis terá cada vez maior relevância na matriz energética mundial. As empresas e países que se posicionarem na frente nessa indústria, terão um grande diferencial competitivo e poderão ser exportadores de tecnologia e conhecimento. Não é mais uma questão de se, mas sim de quando.

Website: https://www.iea.org

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Anderson Scardoelli

Jornalista "nativo digital" e especializado em SEO. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupou até abril de 2022.

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