No início da tarde de quinta-feira, 3, a Rede Globo de Televisão usou um de seus telejornais para avisar que dois de seus jornalistas haviam sido agredidos. Pelo ‘SPTV – 1ª edição’, a emissora mostrou que um homem partiu para cima do repórter Renato Biazzi e do cinegrafista Ronaldo de Souza, que estavam no Brás, bairro da região central de São Paulo, para pauta sobre a Feirinha da Madrugada que ocorre no local. A agressão causou indignação por parte do veículo de comunicação e de entidades do setor.
Na Globo, a agressão também foi notícia no ‘Jornal Nacional’. Nas palavras do âncora e editor-chefe do noticiário, William Bonner, a emissora avisou que tomará as medidas legais, além de mostrar o rosto do homem que partiu para cima da dupla de jornalistas que estava trabalhando. “O objetivo evidente do agressor era impedir o trabalho da imprensa, as motivações dele que não ficaram claras”, afirmou o apresentador do ‘JN’, conforme destaca o G1.
A Globo informou ainda que o cinegrafista Ronaldo de Souza terá de passar por cirurgia, pois foi atingido na mão. Ele está bem, ressaltou, no entanto, o canal de televisão. Pelo Twitter, o produtor Gianvitor Dias divulgou vídeo que mostra o momento em que o assunto foi registrado no ‘SPTV’.
Em nota divulgada no início da noite de ontem, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) prestou solidariedade aos jornalistas Ronaldo de Souza e Renato Biazzi e cobrou uma resolução ágil do caso. “Que as autoridades cheguem logo à identificação dos autores para que sejam responsabilizados por seus atos”, afirmou a entidade.
Ataques dessa natureza devem ser repudiados não só pelas organizações e pelos profissionais de imprensa, mas pelo conjunto da sociedade
“Tais ataques ferem os princípios constitucionais da liberdade de imprensa e do direito à informação. E ferem também o direito à integridade física e moral dos cidadãos”, reclama a equipe da Abraji. “Ataques dessa natureza devem ser repudiados não só pelas organizações e pelos profissionais de imprensa, mas pelo conjunto da sociedade, uma vez que a tentativa de cercear o jornalismo corrói os pilares da democracia”, prossegue a entidade.
Em conteúdo chamado de “nota de solidariedade” e assinado em conjunto com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) também se posicionou a respeito. Para ela, repórter e cinegrafista da Rede Globo foram “covardemente agredidos” enquanto trabalhavam. Nesse sentido, cobrou punição contra o agressor e fez questão de garantir estar à disposição dos dois jornalistas.
É necessário que as autoridades competentes não deixem esses casos impunes, ainda mais com a proximidade do período eleitoral
“Infelizmente, casos como os sofridos por Renato e Ronaldo vêm crescendo de maneira assustadora no Brasil, consequência direta do discurso de ódio e as tentativas de cercear o livre exercício do jornalismo profissional. É necessário que as autoridades competentes não deixem esses casos impunes, ainda mais com a proximidade do período eleitoral — caso os responsáveis por esses crimes não sejam devidamente punidos, os jornalistas ficarão ainda mais expostos a agressões daqueles que tentam impedir a livre circulação de informações”, pontua a Fenaj.
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) foi outra entidade a se manifestar sobre o assunto. Em nota, foi direta e chamou o agressor de “ativista bolsonarista”. Nesse sentido, cobrou uma mudança de postura por parte de autoridades do país. “Mais uma vez a ABI se solidariza com os profissionais agredidos e exige uma mudança de comportamento das autoridades e do próprio presidente”.
É evidente a responsabilidade do presidente Jair Bolsonaro
Por falar no presidente da República, a Abraji o culpou pelo episódio que culminou na necessidade de um cinegrafista da Globo — no caso, Ronaldo de Souza — ter de enfrentar procedimento cirúrgico. “É evidente a responsabilidade do presidente Jair Bolsonaro e dos bolsonaristas em geral na criação desse clima de hostilidade ao trabalho da imprensa”, reclamou a entidade que é presidida por Paulo Jeronimo.
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