Rio de Janeiro, RJ 15/6/2020 – Médicos, enfermeiros, psicólogas e assistente social têm se desdobrado para levar aos pacientes notícias, recados, vídeos e áudios dos familiares.
“A falta do abraço, do contato faz muita diferença. Esse acolhimento é fundamental”. O desabafo é da assistente social Claudia Calvo, que se dedica a prestar atendimento aos pacientes internados e seus familiares no Hospital São Francisco na Providência de Deus (HSF). “Eu faço um controle diário e os acompanho de perto, mas, no momento, esse trabalho precisa ser feito de outra forma. Como os pacientes de Covid-19 precisam ficar em isolamento, tenho me aproximado mais das famílias, que ficam muito aflitas. A cada conversa, peço que a pessoa se sinta abraçada por mim. O abraço virtual e uma palavra amiga, de força e esperança, é o que podemos fazer nesse momento”, conta Claudia.
Assim como ocorreu com o trabalho da assistente social, a adoção de protocolos de segurança com o treinamento de equipes para o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), mudou a rotina no HSF, um dos maiores hospitais gerais do Rio de Janeiro. De acordo com Patricia Morgado, coordenadora da Emergência, as mudanças já são notadas na chegada dos pacientes à unidade. “Utilizamos os EPIs apropriados para resguardar nossa equipe frente à pandemia que estamos vivendo, mas mantemos a nossa filosofia de acolhimento e humanização”, afirma.
Humanizar o cuidado tem sido um grande desafio, de acordo com a gerente de enfermagem, Patrícia Leite. “Criamos fluxos com as equipes de ponta para que os pacientes sejam atendidos com toda a atenção de que precisam, mas sem perder o foco na questão da segurança. Os pacientes de Covid-19 precisam de um olhar especial devido ao isolamento. Estamos trabalhando com uma equipe multidisciplinar, formada por médicos, enfermeiros, psicólogas e assistente social, que tem se desdobrado para levar aos pacientes notícias, recados, vídeos e áudios dos familiares. Por outro lado, também levamos recados dos pacientes para seus familiares que, impedidos de estar pessoalmente com seus entes queridos, recebem o suporte da nossa equipe, além, claro, das atualizações diárias do quadro clínico do paciente”, revela.
Enfrentamento ao vírus
Um comitê de enfrentamento à Covid-19, formado por representantes dos setores da Educação Continuada, Comissão de Controle de Infecção Hospitalar e líderes de equipe, foi criado para estabelecer novos protocolos de assistência, além de orientar colaboradores de todos os setores do HSF: médicos, corpo de enfermagem, pessoal da limpeza, do apoio nutricional e fisioterapeutas dentre outros. “Essas orientações são fundamentais para as equipes multiprofissionais que estão no dia a dia atuando nos setores que têm os pacientes suspeitos e confirmados com Covid-19. É muito importante passar informações corretas e tranquilizar a equipe, esclarecendo as dúvidas e prestando o suporte psicológico necessário”, esclarece Patrícia Leite.
Os profissionais de enfermagem do hospital também merecem atenção especial, como lembra ela: “O corpo de enfermagem fica diretamente ligado aos pacientes, em um contato muito próximo. São os heróis que estão na ponta da assistência. Então, precisam de um suporte. Nós temos aqui o programa ‘Cuidando de quem cuida’, uma iniciativa do setor de Recursos Humanos e que reúne diversos departamentos, com o objetivo de garantir esse apoio. Precisamos manter nossa equipe forte para que possamos passar por esse momento delicado unidos.”
Já a coordenadora da Emergência reforça que a informação tem sido uma aliada contra a doença. “Trocamos e-mails diariamente, com atualizações e sugestões de leituras de publicações nacionais e internacionais, sempre com o objetivo de melhorar o atendimento pela equipe clínica”, conta Patrícia Morgado.
O surgimento de novas necessidades no funcionamento do HSF exigiu também que fossem realizados treinamentos com equipes médicas e de enfermagem. “Focamos no uso correto e consciente de EPIs, paramentação e desaparamentação, cuidados com os pacientes com suspeita de Covid-19 e o mais importante: a atenção a pacientes graves, durante um atendimento de intubação, por exemplo”, ressalta Patrícia Morgado. “Mudamos os horários de visitas ao CTI e andares, com intervalos de tempo mais curtos, priorizando apenas um visitante por paciente. Durante esse período, os acompanhantes dos pacientes não podem permanecer nos quartos e nem pernoitar no hospital, por questão de segurança. Quanto aos pacientes que dão entrada na Emergência com suspeita de Covid-19, são imediatamente encaminhados para um leito de isolamento, onde não podem ser acompanhados”, explica a médica.
PAI Papa Francisco
No Polo de Atenção Integral à Saúde Mental (PAI) Papa Francisco, um centro de tratamento e recuperação de pacientes com transtorno psiquiátrico e dependentes químicos que funciona no hospital, o trabalho também precisou ser reestruturado, como conta a coordenadora da psicologia do HSF, Caroline Oertel. “Costumávamos realizar atividades em grupo com os pacientes internados, mas tivemos que adaptá-las, de forma a evitar contato físico”, explica. Ela ressalta que uma das mudanças mais marcantes no período foi o aparecimento de uma nova demanda de atendimento. “Com a suspensão, ainda que temporária das visitas, tivemos que ressignificar o encontro do paciente e sua família. As ligações semanais que os pacientes fazem para os familiares estão feitas por vídeo, para permitir um contato mais próximo e orientar as pessoas para lidar com esse sentimento de ansiedade e de medo que tem sido uma constante entre os familiares dos pacientes internados”, ressalta Caroline.
Reforço ao SUS
O HSF se uniu a três grandes empresas do setor privado de saúde: UnitedHealth Group Brasil (Amil), Rede D”Or e Rede Ímpar para abrir 108 novos leitos para o tratamento de Covid-19, para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Desde as primeiras notícias da pandemia começamos a estudar uma forma de viabilizar o atendimento aos pacientes do SUS. Essa é uma vocação do HSF e, por meio dessa parceria, oferecemos nossa estrutura para receber pacientes em 108 novos leitos, sendo 80 de internação e 28 de terapia intensiva”, descreve o diretor geral do HSF, Frei Paulo Batista.
Website: http://hospitalsaofranciscorj.com.br/
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