O mercado de CVC no Brasil nunca esteve tão aquecido. É o que destaca a Pesquisa global de Corporate Venture Capital 2022, considerando dados da pesquisa anual State of CVC, realizada pela Global Corporate Venturing, que fornece insights e informações sobre o mercado de corporate venture a empresas, investidores e empreendedores.
Apenas em 2021, empresas nacionais de grande porte, como B3, Ânima Educação, Locaweb, Totvs, Suzano, Renner e Valid lançaram seus veículos de investimento em startups. De forma conjunta, eles somam cerca de R$ 2 bilhões em aportes minoritários para startups de diferentes portes e setores. Atualmente, o mercado de CVC conta com pelo menos 150 corporações no Brasil investindo em negócios em estágio inicial.
O estudo mostra que 80% dos programas de CVC existentes no país foram estabelecidos a partir de 2018, apesar das primeiras iniciativas em 2011. O movimento é recente quando comparado com a média global: somente 41% das iniciativas foram estabelecidas de 2018 em diante, ao passo em que 23% dos programas surgiram antes de 2011.
As perguntas foram refinadas para criar uma base agregada para a nova plataforma de benchmarking operacional e de desempenho do GCV, que permitirá a filtragem desses dados agregados por fase de maturidade, indústria vertical, modelo operacional, entre outros. O estudo, realizado entre setembro e dezembro de 2021, abordou 45 perguntas abrangendo os seguintes tópicos principais: charter e financiamento, estrutura, estratégia de investimento, performance, time e compensação e automação.
A propósito, o primeiro fundo de Corporate Venturing genuinamente brasileiro surgiu em setembro de 2014, com o FIP (Fundo de Investimento em Participações) Aeroespacial da Embraer, liderado por Peter Seiffert, fundador e CEO da Valetec, gestora de investimentos em participações.
Seiffert destaca que o número de rodadas – ou de entrada de capital no desenvolvimento de uma startup – também cresceu no período analisado, passando de 84 para 319, segundo pesquisa da ABVCAP (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital).
“O fenômeno não é exclusividade brasileira. Ele é global. De acordo com dados da plataforma Crunchbase, os investimentos em startups feitos no último ano representam dez vezes mais do que uma década atrás em todo o mundo”, reporta. “Em 2021, essa indústria movimentou US$ 643 bilhões (algo em torno de R$ 3,5 trilhões), comparado com US$ 335 bilhões (cerca de R$ 1,6 trilhão) em 2020, um salto de 92%”, complementa.
Panorama e perspectivas para o mercado nacional
Seiffert explica que, mesmo com a falta de capital, por conta dos juros altos e de um novo olhar da indústria nas startups, ainda existe “apetite” de investimento, mas em um novo cenário, com valuations mais realistas.
“Se olharmos os resultados da indústria de Venture Capital nesse período no Brasil, os números são ainda mais surpreendentes. Em 2016, o volume de investimento em startups no Brasil era da ordem de R$ 800 milhões”, afirma. “De lá para cá, houve um crescimento de 5.700%, segundo o levantamento da ABVCAP. O principal impulso veio das fintechs (startups ligadas ao setor financeiro) e das insurtechs (aquelas do segmento de seguro), que respondem por quase 40% do total de investimentos”, acrescenta.
Para o CEO da Valetec Capital, no segmento de Corporate Venture Capital isso não é diferente. Ainda mais levando em consideração que as corporações não esperam retorno financeiro como prioridade e sim transferências de inovação. Aliás, o tempo médio de um investimento tradicional, através de um fundo e CVC, é de oito anos. Já o de um Venture Capital, é bem menos.
“Mesmo com foco prioritário em transferência de inovação, o aumento de investimentos e ‘apetite’ do mercado também está correlacionado com o aumento de investidas através de fundos de Corporate Venture Capital”, conclui Seiffert.
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