Nesta sexta-feira, 2, dia em que são lembrados os 15 anos da morte do jornalista Tim Lopes, uma extensa programação de eventos em sua homenagem foram realizados durante o dia todo no Rio de Janeiro, cidade onde ele vivia.
Tim Lopes foi repórter investigativo e trabalhava como produtor da Rede Globo desde 1996. Na madrugada de 2 de junho de 2002, enquanto fazia uma reportagem sobre tráfico de drogas e abuso sexual de menores num baile funk na favela da Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, o repórter foi sequestrado, torturado e executado por traficantes. O crime chocou a sociedade brasileira e profissionais de imprensa e levou à criação de iniciativas como a Abraji (leia aqui sobre a fundação da associação).
Às 7h30 da manhã, foi realizada missa no Santuário do Cristo Redentor, no alto do Corcovado. A missa foi rezada pelo Padre Omar Raposo, reitor do Santuário.
A partir das 11h30, a Associação Brasileira de Imprensa exibiu o documentário “Tim Lopes – Histórias de Arcanjo”, que conta a história do jornalista pelos olhos de seu filho, o também jornalista Bruno Quintella.
Em seguida, foi realizada mesa redonda com Quintella, o jornalista e colega de TV Globo André Luiz Azevedo e a diretora da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Beth Costa. Mediada pelo presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Domingos Meirelles, a mesa tratou do filme, da relação de Tim Lopes com a profissão e, de modo geral, de políticas de segurança e proteção a jornalistas.
Também foi feito lançamento nacional do concurso UVT/Canal Brasil “Viva Tim Lopes”, destinado a estudantes universitários. O lançamento contará com a presença do reitor e presidente da Unisuam, Arapuan Medeiros de Motta Netto. A homenagem na ABI se encerrou às 15h30, e teve o apoio do Canal UTV e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (SJPMRJ).
Até as 18h, a ONG Rio de Paz, paralelamente, organiza ato público na Praia de Copacabana, em frente à Avenida Princesa Isabel. Foram fixados nas areias da praia oito painéis com fotos de Tim Lopes e com os nomes de jornalistas brasileiros mortos nos últimos 15 anos. A manifestação é iniciativa de familiares de Tim.
O jornalista Marcelo Moreira, membro do Conselho Curador e ex-presidente da Abraji, foi colega de Tim Lopes e viu como a postura da imprensa mudou nos últimos 15 anos. “A morte do Tim Lopes foi tragédia que abalou muito a gente, mas que fortaleceu cultura de segurança que antes não existia”, disse. “A gente despertou para o quão grave é nossa situação e, em cima disso, criamos trabalho de rever nossa cobertura e cobrar das autoridades [como faz a Abraji] para criar mecanismos de proteção”.
Moreira também destacou os agravantes que casos como o de Tim têm para a sociedade como um todo. “A morte de um jornalista nunca pode passar despercebida, impune e sem investigação. Quando um jornalista é morto, nós também acabamos matando o direito da sociedade de ter acesso à informação. No limite, a gente fere um direito humano fundamental”.
A maior parte da programação das homenagens a Tim Lopes pode ser vista no site do SJPMRJ. Já informações sobre o ato público em Copacabana são encontradas na página da Rio de Paz.