No primeiro dia do evento “As Potencialidades do Maranhão na Nova Rota da Seda da China: oportunidades de negócio e de desenvolvimento para o Brasil”, realizado na sede do governo de São Luís, no Maranhão, Paul Lee, professor da Universidade Zhejiang, na China, e um dos idealizadores do estudo Strategic locations for logistics distributions centers along the Belt & Road, de 2022, deu detalhes sobre o projeto Belt & Road Initiative (BRI) e esclareceu porque a capital maranhense é um dos pontos estratégicos para a expansão da Nova Rota da Seda da China.
Ao lado do secretário de Desenvolvimento Econômico, José Reinaldo Tavares, Lee explicou que como um grande parceiro comercial do Brasil, a China busca incrementar ainda mais a exportação de diversas commodities e que um dos diferenciais e potencialidades do estado do Maranhão está justamente em sua posição logística estratégica e também nas particularidades do Porto de Itaqui. “Por conta da profundidade, o Porto de Itaqui permite acomodar grandes navios e embarcações, como os que transportam minério de ferro e grãos. Além disso, o projeto poderá tornar os custos de transportes entre os dois países ainda mais competitivos”, avalia Lee.
Lee apresentou estudos de caso e deu um panorama geral sobre o funcionamento do financiamento e dos negócios da China relacionados ao projeto BRI, além de ressaltar a importância das seguranças alimentar, energética e ambiental. O estudioso também pontuou a importância do movimento de cargas e navios ao redor do mundo e os mecanismos de importação e exportação para a iniciativa.
O estudioso mostrou a atuação do projeto BRI em diversos países e falou também sobre como é possível fazer um modelo de precificação integrada entre os setores de portos e ferrovias para tornar a exportação brasileira mais competitiva. “A rota da seda é composta basicamente por dois componentes: a linha terrestre e as linhas marítimas. No meu estudo propus uma nova rota da seda marítima entre Austrália, Nova Zelândia, África do Sul e América do Sul”, explica. “A BRI também tem foco no desenvolvimento das questões terrestres – o Brasil, por exemplo, possui portos secos, por conta do tamanho do país. Os portos secos, conectados por ferrovias, estão em inúmeros exemplos no projeto BRI”, aponta.
O Porto de Itaqui no Maranhão já é um dos principais exportadores de grãos e minérios de ferro para a China e o objetivo, de acordo com Ted Lago, presidente do Porto de Itaqui, é dar um segundo passo, ao inserir a América do Sul no conceito da Rota da Seda, uma rota milenar e recentemente reativada pela China na geopolítica internacional. “Nosso propósito é planejar a inserção do Porto de Itaqui no Maranhão na cadeia produtiva chinesa, não só na exportação das commodities, mas também no processo produtivo. Queremos atrair indústrias para cá e buscar mais investimentos em infraestrutura para diminuir os custos em logística”, observa Lago.
Lago esclarece, ainda, que o Porto de Itaqui já está inserido na cadeia logística da China, por movimentar cargas de sete estados da região Centro-Oeste. “Esse é um mercado de mais de 50 bilhões de pessoas. Estamos oferecendo nossa infraestrutura para que as indústrias chinesas também possam ser implantadas no Maranhão, agregar valor, gerar empregos, e também no sentido contrário, de que a matéria prima nacional possa ser exportada para a China, complementa.
Com a inclusão de São Luís na BRI, a China vai garantir vultosos recursos para infraestrutura, centrais de distribuição de mercadorias e acesso privilegiado para exportação a outros países que compõem o projeto. Para o secretário de Desenvolvimento Econômico, José Reinaldo Tavares, a inclusão de São Luís no maior programa de expansão econômico do mundo inaugura uma fase inédita de desenvolvimento socioeconômico para o Maranhão, a partir de uma discussão que envolve vários aspectos, desde o turismo até infraestrutura, desenvolvimento econômico e segurança alimentar. “É o início de uma possível mudança, muito forte, nas condições do movimento do Estado”, avalia.
Tavares lembrou, ainda, que o professor Lee faz parte de uma elite de grandes pesquisadores e é um dos idealizadores do projeto da Nova Rota da Seda, que inclui São Luís. “Hoje, o Maranhão tem o maior complexo portuário do Brasil, ligado a grandes ferrovias, como a Norte-Sul, e qualquer mercadoria chega a qualquer porto brasileiro com custos muito mais baixos, o que é uma vantagem enorme”, lembra.
O projeto traz, ainda, um impulso em novas oportunidades para o setor de energias renováveis no comércio global. De acordo com Allan Kardec, diretor da Gasmar – Companhia Maranhense de Gás, a perspectiva é de que o gás GNL produzido na bacia do Parnaíba seja exportado a partir do projeto BRI. “Acabamos de fechar um contrato com a Vale, no valor de R$ 1 bilhão, e outro com a Suzano, este de meio bilhão de reais, e enxergamos grandes oportunidades para exportação. O Maranhão pode se viabilizar como um cluster de gás, não apenas pelas grandes indústrias, mas também das pequenas e de gás veicular”, afirma Kardec.
Programação Semana
12/07 (terça-feira) – Setor de Logística Marítima na sede do Porto do Itaqui.
13707 (quarta-feira) – Palestra sobre o setor de Logística Ferroviária, na sede da FIEMA.
Sobre Paul Tae-Woo Lee
Professor de Logística Internacional e Transporte Marítimo da Universidade Zhejiang, em Zhoushan, China. É diretor associado de pesquisa do Instituto de Cadeia e Suprimento de Logística, Faculdade de Negócios, Victoria University de Melbourne, Austrália. Possui PhD pela Universidade de Cardife. É um reconhecido estudioso no campo da economia marítima, com publicações internacionais, presença em conferências e tem atuado como consultor de diversos governos e indústrias marítimas no mundo. É mestre em Economia pela Dong-A University de Busan, Coreia do Sul. Foi editor-chefe de diversos jornais e periódicos internacionais de Logística, Comércio e autor de várias obras no segmento de estudos marítimos, portos, economia globalizada e desenvolvimento.
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