Foi uma paixão que uniu uma das maiores agências de fotografia do mundo, a Magnum, e o cinema. Um dia, o fotógrafo de guerra Robert Capa, um dos fundadores da agência, apaixonou-se pela atriz sueca Ingrid Bergman. O amor o levou para Hollywood e fez com que a Magnum percebesse um novo filão para seus fotógrafos, tão acostumados a fotografar guerras e a fazer fotojornalismo. Foi aí que os fotógrafos da Magnum começaram a se relacionar mais profundamente com o cinema e a frequentar cada vez mais o cotidiano de preparos e gravações dos filmes.
“Ele [Capa] se apaixonou por Ingrid Bergmann e foi atrás dela para Hollywood. Eles se encontraram na Europa por duas ou três vezes. Ela era casada, mas ele foi até lá, atrás dela, e se apaixonaram. Eles foram amantes por um bom tempo e essa foi a aproximação inicial. A Magnum percebeu que isso poderia ser um novo campo de trabalho”, conta o curador João Kulcsár.
Foi assim que, em 1955, o fotógrafo Elliott Erwitt fez uma das imagens mais famosas da história da fotografia e do cinema: a de Marilyn Monroe, em uma atuação no filme “O Pecado Mora ao Lado”, clicada no momento exato em que uma corrente de ar do metrô levantou o vestido branco da atriz.
A sequência de cliques até chegar a essa imagem icônica está em exposição no Centro Cultural Fiesp, na Avenida Paulista, em São Paulo. A mostra, chamada Magnum no Cinema, é composta por 80 imagens de 11 filmes da época de ouro do cinema, tais como “Juventude Transviada” (1955), “O Pecado Mora ao Lado” (1955), “O Processo” (1962), “O Planeta dos Macacos” (1968) e “Luzes da Ribalta” (1952).
As fotos em exposição mostram grandes estrelas como Charles Chaplin, Marilyn Monroe, Elizabeth Taylon, John Wayne e James Dean atuando ou preparando-se para entrar em cena. Elas foram registradas pelas lentes de grandes fotógrafos como Elliott Erwitt, Henri Cartier-Bresson, Eugene Smith e Nicolas Tikhomiroff. “Essa exposição é uma celebração do cinema e da fotografia”, diz o curador da mostra.
“Eles [fotógrafos] se concentravam em dois momentos. Um, nas próprias imagens para o lançamento [do filme] nas revistas. E eles faziam também os bastidores, momento que era parte do fotojornalismo, com que eles se identificavam mais”, explica o curador.
No início, fazer fotos sobre o cinema não empolgava os grandes fotógrafos, que haviam feito carreira ao registrar o cotidiano duro e real das ruas no fotojornalismo. “Se você pega um fotógrafo acostumado ao fotojornalismo e a situações críticas e o coloca num ambiente de cinema, isso causa um estranhamento. Alguns fotógrafos falaram que não se ambientavam bem no começo, demoravam para estar naquele ambiente em que os temas que eles fotografavam eram falsos, e que os atores estavam interpretando”, conta Kulcsár.
Ao longo do tempo, o estranhamento inicial deu lugar a fotos que ajudam a contar a história do cinema e de suas estrelas. “Por causa da Magnum, esses fotógrafos buscavam uma outra visão, uma outra perspectiva do cinema e tentavam, nessa aproximação com o fotojornalismo, registrar e documentar os artistas e estrelas enquanto eles estavam descansando ou concentrados”, relata o curador.
A exposição fica em cartaz na Galeria de Fotos do Centro Cultural Fiesp até 2 de abril, das 10h às 20h, com entrada gratuita.
*Edição: Wellton Máximo
*Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil
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