Jornalismo é naturalmente uma atividade falha. O fake news é a falha industrializada em nome de algum propósito de fora do jornalismo.
Fake news não é a mesma coisa do que notícias com erros jornalísticos ou mesmo artigos de opinião que obedecem uma determinada diretriz editorial. Liberdade de opinião é parte constituinte da imprensa e é tolice pensar que uma publicação não obedece uma ideologia ou um conjunto de interesses. Jornais são retratos de um tempo. Quer alguns exemplos? O Jornal do Brasil era monarquista. O Estadão foi um dos pioneiros na defesa do republicanismo e contra o trabalho escravo negro. Etc.
Mesmo O Antagonista, aquele blog anti-PT que eu adoro praticar bullying, não faz propriamente fake news. Eles têm a opinião deles e botam no ar notícias, gostem ou não do teor.
Agora, o que os sites que dão suporte ao MBL fazem é fake news sim, porque não há interesse nenhum em informar. O pressuposto é confirmar dados para o grupo do Kim Kataguiri assim como é para qualquer agremiação política. Só que sindicatos e partidos de esquerda ainda utilizam dados da Folha de S.Paulo, aquele jornal que adoram criticar.
Fake news é presente também em sites que não possuem um editor responsável. Fake news é aquele post com milhares de compartilhamentos e nenhuma apuração de fonte em primeira mão – uma entrevista, um depoimento ou um levantamento. Quem faz fake news não gosta de dar suas fontes, nem que seja de segunda mão.
Jornalismo é naturalmente uma atividade falha.
O fake news é a falha industrializada em nome de algum propósito de fora do jornalismo.
Não é à toa que fake news combina bem com publicidade.
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