Impossível deixar de perceber que a mídia foi uma das grandes derrotadas nas eleições recentes. A parcialidade ficou evidente antes, durante e depois do pleito por quase 100% do jornalismo de maior audiência/leitores do país.
Nos cenários de redações e mesas de plantões de acompanhamento eleitoral impressionou o clima fúnebre, de velório mesmo, após o resultado das urnas.
O jornalismo praticado no período serviu para desmascarar comentaristas e formadores de opinião, que se mostraram tentados exclusivamente a satisfazerem, primeiramente a seus egos, porém mais efusivamente às suas preferências ideológicas e político-partidárias.
O que torna mais triste o momento atual do jornalismo, principal instrumento de cidadania de uma nação, é que no afã de ecoar suas vaidades, relegaram ao mesmo baixo nível que sempre atribuíram à política e políticos a principal essência do jornalismo: a isenção.
A isenção é o que dá credibilidade a notícia. Sem ela, a verdade atribuída à informação transforma-se em mentira ou meia-verdade. O que se viu foi desinformação que procurou questionar o senso crítico de um povo, subestimando de forma vil a capacidade de discernimento dos brasileiros – menos e mais esclarecidos.
O pior é que a elite do jornalismo nacional, em sua arrogância, continua a negar-se a autocrítica, preferindo apontar para as mídias virtuais, desqualificando-as, ou melhor, rotulando-as como pouco confiáveis e mentirosas.
Razões para o atual estágio do jornalismo nacional poderiam apontar para a formação acadêmica/escolar, mas é pouco. Não devemos esquecer que grande parte de nossa mídia constitui-se de um “oligopólio”, onde meia dúzia de uma empresa detém a parafernália da comunicação exclusiva. O que, no meu modo de ver, transforma a mídia em apenas um mero instrumento de poder do status quo político da ocasião.
Soma-se também o medo da nova concorrência, evidenciada nas mídias alternativas, imune a controles, que, provavelmente, são sementes de uma nova ordem da comunicação global, cujo o poder foi evidenciado pelo desfecho eleitoral recente.
O celular derrotou o sistema?
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Por Carlos Silva. Jornalista.
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