Em 2014, profissionais da equipe do ‘CQC’ foram processados pelo falso jornalista Elvis Pereira, após matéria de investigação gravada em Lagoa Santa, cidade do interior de Minas Gerais. No início desta semana, o personagem que protagonizou a edição 264 do quadro ‘Proteste Já’, foi preso, acusado de estelionato.
Além de ser falso profissional da comunicação, de acordo com o jornal O Tempo, o jovem de 27 anos chegou a criar associação que oferecia especialidades médicas, oferecia serviços de advocacia para pessoas de baixa renda, se passava por policial civil e, ainda, fazia serviços de reboque.
No episódio que protagonizou contra o ‘CQC’, Pereira escreveu matéria para um jornal local informando que o programa que era veiculado pela Band havia se retratado, após exibir conteúdo sobre corrupção por parte do então prefeito de Lagoa Santa, Fernando Pereira, que era acusado de acúmulo de salários, e de seu secretário de desenvolvimento urbano, Marco Aurélio, acusado de tráfico de influência e desvio de verbas.
A matéria foi assinada por Pereira no impresso Jornal Diferente em 8 de maio de 2014, acompanha de suposta nota de esclarecimento, que teria sido divulgada pela Band, e da manchete “Equivoco e pedido de desculpas”. Ao saber da “reportagem”, a equipe do programa humorístico voltou a cidade interiorana para tirar satisfações com o falsário sobre o conteúdo.
Surpreso ao ser procurado pelo repórter Oscar Filho e a equipe do programa, Pereira tentou fugir diversas vezes. Em determinado momento, foi alcançado pelos “investigadores” e pediu para ser levado até um hospital, dizendo que estava passando mal. Depois, fugiu de novo e, em busca de ajuda, entrou em uma delegacia, seguido pelos profissionais da Band. No local, todos prestaram depoimento sobre o ocorrido.
O autor da matéria falsa resolveu abrir processos individuais contra os integrantes do ‘CQC’. Nas ações judiciais, Pereira acusou a equipe do programa de constrangimento ilegal, alegando que teria sido obrigado a entrar no carro da reportagem e que passou vergonha ao ser perseguido. Porém, ele não compareceu na audiência do processo, e a juíza responsável teve decisão favorável aos profissionais da Band.
Na terça-feira, 6, Pereira foi preso em Belo Horizonte, no escritório onde aplicava golpes há cerca quatro anos. Segundo o delegado Rodrigo Damiano, o acusado criou o Convênio de Profissionais Liberais do Estado de Minas Gerais (Ceplemg) e “oferecia planos médicos com preços que variavam de R$ 75 a R$ 600 por mês. Em tese, o associado teria direito a 25 especialidades. No entanto, no contrato existia uma cláusula afirmando que toda solicitação deveria passar por análise técnica. Com isso, ele arrumava um jeito de barrar e o serviço nunca era realizado”.
Pereira passou a ser investigado no fim de janeiro deste ano, após uma vítima de estelionato procurar a polícia. O delegado informou que o suspeito também se identificava como repórter investigativo federal e afirmava que conseguia quebrar o sigilo de conversas do aplicativo WhatsApp. “Diante da promessa, um jovem de 23 anos o procurou para descobrir as mensagens da namorada. Claro que o estelionatário não conseguiu, e com isso a vítima foi reclamar”, disse o delegado.
Durante as investigações, a polícia identificou menos 20 vítimas do falsário. “Ele oferecia de tudo, até serviço de reboque tinha. Ele também se passou por advogado, criou mandado de prisão falso contra um dos conveniados e ofereceu seus serviços para que conseguisse resolver os problemas. É uma pessoa que tem boa lábia e sabe enganar”, afirmou o delegado.
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